Mansão foi usada antes de mega-assalto, diz polícia; dez foram presos

Polícia Federal (PF) disse na manhã desta terça-feira (25) que parte dos suspeitos envolvidos no mega-assalto a uma transportadora de valores no Paraguai, na fronteira com o Brasil, vinha usando uma mansão em Ciudad del Este, mesmo município da ação. A casa funcionava como base estratégica da quadrilha no país vizinho. Até o início da tarde, dez suspeitos haviam sido presos, o último em Cascavel, no oeste do Paraná, por volta das 12h.

Segundo o delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, Fabiano Bordignon, a Polícia Nacional localizou a residência que vinha sendo usada pela quadrilha ainda na tarde de segunda (24).

“Já estamos colhendo material genético dos suspeitos presos para comparar com o material encontrado neste local”, adiantou ao afirmar que outros imóveis e locais clandestinos supostamente usados pelo grupo, entre eles um no Brasil, estão sendo investigados.

Inicialmente a Polícia Nacional declarou que o grupo havia roubado cerca de US$ 40 milhões e mais tarde disse não ser possível saber o montante exato levado. Mas acredita que este tenha sido o maior assalto já praticado no país.

“Acreditamos que nem mesmo os ladrões sabem quanto roubaram”, comentou o delegado.

Em nota, a Prosegur disse lamentar a morte do policial paraguaio e reconhecer os esforços da polícia. A multinacional declarou ainda que não pode comentar mais sobre o caso porque disso depende o sucesso da operação para a captura e prisão dos envolvidos no assalto. Leia a nota na íntegra abaixo.

Durante a coletiva de imprensa realizada na delegacia da PF em Foz do Iguaçu, o balanço divulgado mais cedo foi atualizado. Segundo a polícia, alguns dos presos usavam documentos falsos. Dois ficaram feridos em um confronto na tarde de segunda em Itaipulândia. Outros três suspeitos foram mortos no mesmo tiroteio.

A polícia assegura que estes homens estão entre os cerca de 50 que participaram do assalto a uma transportadora de valores durante a madrugada de segunda em Ciudad del Este.

A PF informou também ter apreendido sete veículos (entre eles, um carro de polícia roubado pelo grupo), dois barcos, cinco fuzis, uma metralhadora, explosivos, malotes vazios e um com cédulas de guarani, dólar e real, além de munição de grosso calibre.

Bordignon disse que o dinheiro está sendo contado e que o valor será divulgado até o fim da tarde. “O malote foi lacrado na presença de testemunhas”, destacou.

Balanço da PF envolvendo suspeitos do roubo até as 13h30

– Presos: 10

Apreensões: sete veículos (entre eles, um carro de polícia), dois barcos, cinco fuzis, uma metralhadora, explosivos, malotes vazios e um com dinheiro, além de munição de grosso calibre.

– Mortes: 3 suspeitos e 1 policial paraguaio

Reforço

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, comentou que mais de 400 policiais militares e civis, além de quatro helicópteros, estão integrados à ação conjunta organizada por tempo indeterminado para a prisão dos assaltantes.

“A maioria dos presos é de outros estados e participa de organizações criminosas que agem no país e agora também no exterior”, observou Mesquita. “Vamos permanecer com a operação e esgotar todas as possibilidades na região. Assim como no assalto ao Banco Central, cada grupo determina a sua rota de fuga. Acreditamos que prendemos parte de um desses grupos e estamos em busca dos demais. Por isso, estes dados do balanço divulgado podem ser alterados a cada momento.”

Por causa do assalto, as polícias reforçaram a segurança na região da fronteira. E, as investigações estão sendo coordenadas diretamente de um comitê de gestão de crise montado na delegacia da PF, em Foz do Iguaçu.

Em nota, o presidente Michel Temer determinou ao ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que coloque a Polícia Federal à disposição das autoridades paraguaias para colaborar com as investigações dos fatos ocorridos na cidade paraguaia.

“O governo federal acompanha os desdobramentos das ações policiais já em curso em território nacional e apoiará, com todos os recursos necessários, as investigações conduzidas atualmente pelas autoridades paraguaias. O governo brasileiro se solidariza com as vítimas dessa ação criminosa e, em especial, com os familiares do policial paraguaio morto”, diz a nota.

Organização criminosa

O ministro do Interior do Paraguai, Lorenzo Lezcano, acredita que as primeiras evidências e a metodologia do mega-assalto à empresa Prosegur, em Ciudad del Este, podem ser atribuídas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A declaração foi dada ao jornal ABC Color, na segunda-feira (24).

“Tudo aponta que são integrantes do PCC”, disse ele em entrevista. De acordo com o veículo, é a primeira autoridade que atribui o feito à facção criminosa do Brasil.

Lezcano assegurou também que os brasileiros tiveram apoio dos paraguaios, com um arsenal que superou a capacidade de resposta da Polícia Nacional. Ele ainda afirmou ao jornal que é a primeira vez que ocorre uma situação do tipo na região e citou pelo menos dois casos parecidos no Brasil em que a polícia também foi encurralada.

O assalto

Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, os ladrões fortemente armados invadiram a sede da transportadora de valores Prosegur. Eles explodiram a entrada da empresa e trocaram tiros com vigilantes. A ação durou aproximadamente três horas e eles fugiram com dinheiro.

Um policial paraguaio que estava em um carro foi morto pelos bandidos.

A sede da empresa fica a 4 quilômetros da Ponte Internacional da Amizade, no oeste do Paraná.

Confronto

Policiais federais trocaram tiros no começo da tarde de segunda-feira (24) com suspeitos do assalto por volta do meio-dia, na área rural de Itaipulândia, às margens do Lago de Itaipu, no oeste do Paraná.

De acordo com a Polícia Federal, uma equipe que estava de patrulha pela região se deparou com um grupo de cerca de 12 suspeitos que atirou e fugiu. Policiais militares e civis da região foram acionados para reforçar a segurança no local. Helicópteros também estão sendo usados na ação.

Por volta das 14h, houve outra troca de tiros, desta vez em São Miguel do Iguaçu. De acordo com o delegado Francisco Sampaio, os suspeitos abandonaram um veículo roubado havia pouco na região, munição de fuzil e explosivos.

Leia a nota da Prosegur na íntegra:

Sobre o ataque sofrido na base de Ciudad del Este, Paraguay,

A companhia manifiesta que:

Na madrugada de segunda houve um assalto à base logística da Prosegur em Ciudad del Este, Paraguay.

Imediatamente depois de ter conhecimento do ocorrido, a companhia colocou em prática seus Protocolos de Atuação e informado as autoridades competentes.

Prosegur quer, en primeiro lugar, expresar seu mais profundo pesar pelo falecimiento de um agente de polícia e dar seu mais sincero pêsame à familia. A companhia também quer reconhecer o trabalho das autoridades policiais que de imediato prestaram serviço naa base de Ciudad del Este e mostra sua preocupação pela organização, capacidade e material bélico empregado pelo crime organizado nesta ação.

Neste momento, a companhia não pode aportar mais informações sobre o ocorrido já que o sucesso depende da investigação policial. Prosegur ativou seus protocolos internos de atuação e colocará toda a informação a serviço das autoridades policiais e judiciais.

Prosegur cumpre com rigor os estritos controles que se aplicam à gestão de efetivo e custódia de valores em bases de logísitica com as máximas normas de segurança.

G1

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