Em Penedo: Codevasf faz uma aposta no cultivo do camarão irrigado
Cultivo de camarão é nova aposta da Codevasf para projetos irrigados de Alagoas Capacitação dos produtores familiares é o primeiro passo para o fomento à carcinicultura na região, que tem grande potencial para a atividade.
A criação de camarões, ou carcinicultura, é a nova aposta da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para a produção familiar nos seus projetos públicos de irrigação em Alagoas – e o primeiro passo já foi sendo dado.
Uma capacitação que aconteceu nesta quarta feira quarta-feira (19) no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba – unidade tecnológica e científica da Codevasf localizada no município ribeirinho de Porto Real do Colégio –, é a primeira etapa do processo de inserção dos produtores familiares na atividade.
O objetivo é fortalecer a produção agropecuária dos projetos irrigados mantidos pela Codevasf no estado e diversificar as culturas como estratégia de desenvolvimento regional. A cadeia produtiva do camarão no Brasil movimentou cerca de R$ 2 bilhões somente em 2015, segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). “Em muitas regiões do país o preço do peixe ou do camarão é caro e a oferta pequena, o que causa um estranhamento nas pessoas pelo fato de termos um litoral enorme.
Mas não basta ter o potencial, é preciso investir e criar as condições para a produção. Investir em capacitação para o cultivo do camarão em projetos irrigados é inteligente e atende às necessidades do mercado. Nossos técnicos detém o conhecimento e com essa iniciativa demonstram que estão conectados com as demandas da sociedade”, reforça Inaldo Guerra, diretor da área de revitalização das bacias hidrográficas da Codevasf.
Um dos organizadores da capacitação, o engenheiro de pesca da Codevasf Paulo Pantoja, chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), aposta no potencial aquícola da região e no trabalho da Codevasf para propagação da tecnologia de cultivo de camarão. “Há estudos que indicam que essa região é uma das melhores do mundo para produção de pescado”, assegura Pantoja.
“A Codevasf sempre teve foco no desenvolvimento da piscicultura – mas a carcinicultura se mostra mais viável econômica e tecnicamente em termos de mercado, pois ela tem um ciclo de cultivo menor em relação ao peixe, com o mesmo ciclo de cultivo do arroz, e altamente rentável. É trinta vezes mais rentável que o arroz. A Codevasf tem a possibilidade de aproveitar toda essa área dos perímetros de irrigação, com algumas adequações dos lotes, para fazer viveiros de camarão”, acrescenta o engenheiro de pesca.
De acordo com ele, os próximos passos serão a implantação de uma unidade de demonstração no Centro Integrado de Itiúba, a criação de uma estação de aclimatação de pós-larva para água doce do rio São Francisco, o estabelecimento de pequenos produtores como unidades demonstrativas e o incentivo da produção de camarão em modelos similares ao que se pretende implantar em Alagoas.
Carcinicultura no Baixo São Francisco
Segundo o engenheiro de pesca e especialista em carcinicultura sustentável Marcelo Borba, um dos instrutores da capacitação, o treinamento pretende capacitar os participantes em boas práticas de manejo e em medidas de biossegurança para fazendas de cultivo de camarão.
“A intenção é fazer uma maior produção numa menor área possível de maneira sustentável. Essa é uma atividade que está no Brasil desde a década de 1980 e que se profissionalizou no final dos anos de 1990 e início dos anos 2000. Nesse sentido, a ABCC desenhou esse curso, que é o maior plano de capacitação já posto em prática na aquicultura nacional. Nunca houve na aquicultura brasileira um programa para capacitar 2 mil pessoas diretamente envolvidas no processo produtivo”, revela.