Reunião emergencial define metas para amenizar efeitos da crise hídrica em Palmeira

Representantes de vários setores estiveram reunidos hoje (12), durante todo o dia, para discutir o colapso hídrico instalado em Palmeira dos Índios. A reunião aconteceu no gabinete do prefeito Júlio Cezar, de onde foram retiradas algumas medidas emergenciais para minimizar o problema. Por causa da estagnação da barragem da Carangueja, que opera em volume morto, de cada 10 residências da zona urbana do município, apenas três são abastecidas com água da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal).  Na zona rural, 100% das casas tiveram o serviço suspenso.

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Uma destas medidas foi anunciada pelo presidente da Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal) Clécio Falcão. Ele disse que dentro de 30 dias entrega o sistema que vai captar água do poço de sucção da Estação de Tratamento de Água (ETA), de Estrela de Alagoas, e aduzir a água até o povoado de Canafístula. “Isso vai desobrigar o sistema ETA de Palmeira a atender Canafístula e aliviar um pouco mais a zona urbana de Palmeira porque essa água deixa de sair daqui. A segunda obra que estamos iniciando é a transposição da barragem do sistema Caçamba para o sistema Carangueja, de onde vai sair a água direto para o poço de sucção da elevatória de água bruta da Carangueja. Com isso, nós vamos aproveitar a adutora da Carangueja, mas com água do Caçamba. É uma obra cara, de cerca de três milhões de reais, mas a nossa ideia é dentro de sessenta dias estarmos com essa obra pronta. O governador já fez esse contato com o prefeito Júlio Cezar e na próxima semana deve estar aqui em Palmeira para anunciar esses investimentos de forma oficial”, garantiu Clécio Falcão.

Ele disse, ainda, que de forma emergencial, a Casal também ampliou a quantidade de carros-pipa que vai atender a zona urbana. “Temos seis carros fazendo esse trabalho, mas vamos chegar a dez, na zona urbana. E na zona rural, a Defesa Civil vai fazer o abastecimento nos povoados. Aumentando esse número de carros-pipa, o fornecimento de água do município e o calendário de chegada de água também vai melhorar. A nossa Unidade Serrana, aqui no Agreste, está atenta aos lugares que têm mais carência de chegada de água e fazer a programação de distribuição. Também temos a possibilidade de aproveitar alguns poços já existentes, de particulares, que eles estão disponibilizando para liberar essa água. Pretendemos aproveitar mas antes fazer uma análise da qualidade dessa água e a vazão. A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) também já autorizou a perfuração de cinco poços em Palmeira e a Casal vai fazer a interligação com a rede”, afirmou o presidente da Casal.

O secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Alexandre Ayres, disse que a responsabilidade da Secretaria, de forma imediata, é disponibilizar a perfuração de 15 poços no município. Destes, 5 serão interligados à rede da Casal e 10 nas comunidades rurais. “Ainda nesse primeiro trimestre de 2017, traremos os programas Água para Todos e Água Doce, que consistem, também, na perfuração de poços e na dessalinização da água. As comunidades rurais aqui de Palmeira dos Índios têm sofrido em razão da redução da vazão do Carangueja, e nós vamos atuar fortemente, em nome do governo do Estado, para que nos próximos três meses a gente encontre soluções emergenciais que tragam benefícios à população. Palmeira dos Índios é um município estratégico na região. Na semana passada estivemos com o prefeito Júlio e o governador Renan e discutimos diversas estratégias para serem traçadas para o município. No próximo dia 26 anunciaremos o programa emergencial de carros-pipas e perfurações de poços para as regiões do Agreste e do Sertão”, explicou o secretário.

Alexandre Ayres fez, ainda, um apelo à população. “Pedimos que as pessoas economizem a água, que já é pouca. Temos o hábito de tomar banho e deixar o chuveiro por muito tempo ligado, ou de escovar os dentes e deixarmos por muito tempo a torneira aberta. A crise é grave e merece que as pessoas economizem água e tenham cuidado com essas ações. As barragens estão secando por falta de chuva e não sabemos até quando isso vai permanecer”, alertou.

E se depender do tempo, as previsões não são nada animadoras. O meteorologista Carlos Molion também esteve presente ao encontro em Palmeira e disse que o ano de 2017 vai ser de redução no volume de chuvas, que varia de 30 a 40%  a menos do que é esperado entre os meses de abril e agosto. Mas as previsões para os anos entre 2020 e 2030 são alarmantes. “Este ainda vai ser um ano ruim, mas não vai ser pior do que 2016. Mesmo assim, esta escassez de chuvas vai causar muitos transtornos. Para 2018, como o oceano pacífico estará resfriando suas águas ao longo deste ano, a estimativa é de que chova mais, uma vez que os dados, a longo prazo, indicam uma relação entre resfriamento de águas com ano chuvoso. Entre os anos de 2020 e 2030, a tendência é uma redução tão drástica de chuvas, de tal forma que precisamos nos preparar com infraestrutura para uma população crescente. A seca dos anos 80 e 90 foram pior do que esta que estamos enfrentando, mas a população era menor. São cinco anos crescentes com chuvas abaixo do normal. E este ano terá essa continuidade, com chuvas abaixo da média”, informou o meteorologista.

O vice-prefeito Márcio Henrique, preocupado com a seca que assola o município, disse que apenas uma pequena parcela da população é privilegiada por ter água em suas torneiras. “A nossa preocupação é com quem tem sede. Pedimos a Deus que nos conceda sabedoria para realizarmos os nossos trabalhos e que possamos levar dignidade para estas pessoas. A população sofre e a nossa preocupação em encontrar medidas emergenciais também é muito grande”, comentou.

O prefeito Júlio Cezar disse que as perfurações de poços artesianos estão sendo feitas de maneira desordenada em Palmeira dos Índios. Segundo ele, a busca por água é desenfreada, mas a preocupação é com um possível surto de diarreia, como ocorreu há três anos, inclusive com mortes.  A demanda de pacientes com sintomas da doença tem sido constante na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Palmeira dos Índios. Em apenas oito dias, 32 pessoas deram entrada na Unidade com sintomas de diarreias (doença muito comum que consiste na evacuação de fezes líquidas de forma frequente e sem controle) e gastroenterites (uma inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema gastrointestinal). Isso significa um aumento de 4, 48% dos casos, com relação a dezembro do ano passado. “O principal motivo dessas doenças, causadas pela ingestão de água ou alimentos contaminados, é a grande falta de água no município. Isso, muitas vezes, vezes obriga à população a consumir água não tratada. Lá, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) suspendeu o abastecimento e a água só chega às residências se for por meio de carros-pipa. De cada dez casas da cidade, três estão sendo abastecidas pela Casal. E na zona rural, de cada dez casas, dez estão sem água da Casal. A população está consumindo água imprópria e  perfurando poços desordenadamente. Isso pode trazer uma grande epidemia de diarreia, que pode até provocar mortes, porque a água pode estar contaminada por coliformes fecais. A nossa preocupação é muita e queremos analisar essa água que está sendo consumida, tanto de carros-pipa quanto a de barreiros, e orientar a população sobre estes riscos”, disse o prefeito Júlio Cezar.

E continuou. “É preciso usar o hipoclorito de sódio e ferver a água para evitar essas doenças. Temos parceria com o laboratório e pedimos que seja feita a analise da qualidade dessas águas que estão sendo perfuradas e das que são entregues pelos carros-pipa. As medidas tomadas a partir desta reunião serão enviadas para o Ministério de Relações Institucionais, em Brasília, que vai avaliar a situação. Esta é a primeira vez que enfrentamos uma crise hídrica no município e quem está com sede não espera. Todas essas medidas que foram anunciadas aqui vão amenizar a situação da população e elas precisam ser imediatas”, finalizou o prefeito.

Estiveram presentes à reunião emergencial, representantes da Defesa Civil, Exército, Denocs, Semarh, Secretaria de Estado da Saúde, Casal, serviço de Meteorologia, secretários municipais e os deputados estaduais Edval Gaia e Francisco Tenório.

 

 

Assessoria

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