Jovem de 22 anos desiste de cirurgia bariátrica e perde 30 kg
A estudante de direito Alana Capuzzo, de 22 anos, tem uma rotina apertada com dois empregos e as aulas do curso à noite em Ribeirão Preto (SP). Há um ano, no entanto, ela afirma que não seria possível dar conta de tudo por causa do peso. Alana chegou a pesar 120 quilos e viu sua disposição acabar. Para mudar de vida, resolveu encarar uma cirurgia de redução de estômago, mas desistiu do procedimento às vésperas da internação. O motivo? “Não, gente! Eu vou emagrecer sozinha”, diz a jovem, hoje, 30 quilos mais leve.
Alana sempre se viu entre mulheres mais cheinhas. Por muitos anos, atuou como modelo plus size, mas não encarava o peso em excesso como problema. As dificuldades, segundo ela, começaram quando começou a notar a falta de ânimo e o cansaço para qualquer atividade.
“Eu percebi que não aguentava andar um quarteirão que já passava mal. Foi quando eu comecei a mudar meus hábitos para melhorar meu condicionamento, não foi uma obsessão por emagrecer”, conta.
Bariátrica dispensada
Em 2014, com 1,65 de altura e 120 quilos, ela deu início ao acompanhamento para realizar a cirurgia bariátrica. O preparatório, no entanto, exigiu a perda de peso. “De setembro a dezembro, eu tinha emagrecido e aí eu cancelei a cirurgia um dia antes”, afirma.
O procedimento estava marcado para o dia 15 de janeiro de 2016. “Falei para mim mesma: ‘desmarquei a cirurgia, agora eu tenho que criar vergonha na cara e conseguir o que eu quero sozinha’. Eu senti a responsabilidade em cima de mim.”
A partir da decisão, Alana procurou ajuda de um preparador físico, que indicou a ela a prática do crossfit, um programa de exercícios de força e condicionamento. A rotina é supervisionada por dois treinadores que dividem as atividades em tempos de 45 minutos. Com os exercícios, Alana gasta uma média de duas mil calorias por treino. “Eu me apaixonei por essa modalidade.”
Dieta para ter mais disposição
Somado a atividade física, Alana investiu na mudança nos hábitos alimentares que, a princípio, não contou com nenhum acompanhamento nutricional. A estudante afirma que cortou alimentos que prejudicavam sua saúde e dificultavam o processo de emagrecimento.
“Eu fiz a minha dieta. Cortei refrigerante, bebida alcoólica e frituras. O doce, pra mim, continua sendo o mais difícil, porque eu amo doce. Chocolate eu como muito. Hoje não tanto porque tenho medo de engordar de novo, mas eu ainda como”, afirma.
Mas, uma pessoa teve papel determinante no processo de emagrecimento. A avó, dona Abadia, auxiliou na preparação dos alimentos consumidos pela jovem e contribuiu para que a neta não caísse em tentação. “Como eu sempre trabalhei e estudei, a minha avó me ajudou a fazer a dieta. Fazia comida tudo sem sal, sem óleo, fazia marmitinhas, deixava prontos os legumes.”
Com mais disposição, Alana adotou outras práticas que antes seriam difíceis de executar. “Tudo que eu gosto de fazer hoje eu faço a pé. São 15 minutos caminhando do estacionamento até o meu serviço. Estou sempre com uma garrafa de água. Agora, eu trabalho em dois empregos, faço faculdade à noite e no intervalo de uma aula pra outra eu vou ao crossfit, malho 45 minutos, e volto para faculdade para ter a segunda aula. Não é fácil, mas se eu estivesse com 120 kg, eu não conseguiria”, diz.
Novos planos, vida nova
Hoje, Alana pesa 90 quilos, faz acompanhamento com uma nutricionista e tem como meta atingir 80 quilos, peso que ela considera ideal. “Eu não quero emagrecer para ficar magrela. Sempre achei mais bonito a mulher no estilo gordinha. Devagarzinho, com o tempo, eu estou em processo de mudança comigo mesma”, afirma.
As mudanças também apareceram no guarda-roupa. O manequim 58 deu espaço ao 46, e a tarefa de comprar roupas passou de difícil a divertida.
“Eu só tive uma calça jeans dos meus 17 até os 21 anos, porque minha numeração era 58, e era muito difícil achar. Quando encontrava eram R$ 200 uma calça simples, então eu usei a mesma calça a vida inteira. Agora, com manequim 46, meu prazer é poder comprar uma calça jeans. Isso é muito satisfatório pra mim”, conta.
Perder peso fez com que Alana mudasse a forma como ela vê os alimentos. “Hoje eu percebo que a gente é o que a gente come sim, e se a gente come muita coisa que vai engordar, nós vamos ser gordos. Se nós comemos coisas saudáveis, vamos ter uma vida mais saudável. A comida é um vício, a diferença entre ela e um entorpecente é que ela é mais acessível”, afirma.
A jovem tem planos de fazer uma cirurgia plástica no ano que vem para remover o excesso de pele no abdômen, algo que a incomoda. Ela também pensa em iniciar um canal na internet para incentivar mais pessoas a ter hábitos mais saudáveis de vida. Sentindo-se renovada, a jovem se orgulha pelo que já conseguiu.
“Eu sou uma pessoa nova, ainda não cheguei ao meu objetivo que são os 80 kg, mas já sou outra pessoa e estou muito feliz com isso. Não importa o que eu emagreci, o importante é que eu fiz a mudança de hábito”, afirma.
Acompanhamento é importante
Apesar de o processo ter apresentado um resultado positivo para Alana, a nutricionista Cristina Trovó afirma que o acompanhamento de um especialista durante todo o processo é essencial.
“É ele quem vai fazer uma avaliação do consumo alimentar e do valor nutritivo diário que deve ser consumido pelo paciente para que não haja o risco de um emagrecimento comprometido. É o especialista quem vai acompanhar o processo, medir, pesar, fazer os cálculos de forma personalizada e traçar estratégias para que ele consiga cumprir o plano alimentar proposto”, diz.
Cristina explica que a prática do ‘dia do lixo’, deixar um dia na semana para comer tudo o que tiver vontade, não é nada saudável e pode ocasionar o temido ‘efeito sanfona’. “Eu costumo perguntar se o corpo deles é uma lata de lixo para eles colocarem alimentos que não são saudáveis. É preciso desenvolver um novo estilo de vida que evite o ganho de peso, porque esse costume só gera o oposto no organismo”, afirma.
Para quem deseja perder peso, a nutricionista lista algumas dicas essenciais. “Primeiro tem que traçar um objetivo, determinar quanto se quer emagrecer e como se quer emagrecer. Traçar uma meta vai garantir o resultado. Depois, é preciso retirar da dispensa os alimentos muito calóricos e industrializados. Outro ponto é providenciar frutas e verduras que serão importantes para o plano alimentar, e preparar lanches para não pular refeições.”
*Sob a supervisão de Thaisa Figueiredo, do G1 Ribeirão e Franca