Inflação mostra a volta à normalidade, afirma Meirelles
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, afirmou nesta sexta-feira (7) em Washington, que a baixa inflação de setembro é uma prova de que a economia brasileira dá um sinal positivo. Em entrevista na capital americana, onde participa das reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o ministro disse que tem visto uma série de interesses de investidores no Brasil e que o país deverá receber “bilhões de dólares” com o pacote de investimento.
— Parece que a economia brasileira está voltando à normalidade. Aos poucos o país está encontrando seu ritmo — afirmou o ministro. — O que não era normal era ver o país com inflação elevada, com o país em recessão, e o desemprego aumentando — disse.
A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou pelo segundo mês seguido, ficando em 0,08% em setembro, informou nesta sexta-feira o IBGE. A taxa é a menor para o mês desde 1998, quando registrou deflação de 0,22%. Considerando todos os meses, o IPCA de setembro é o menor desde julho de 2014, quando o índice ficou em 0,01%. Analistas esperavam 0,19% – bem abaixo do 0,44% de agosto e do 0,54% de setembro de 2015.
Já o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira também em Washington que a inflação de setembro foi uma “surpresa positiva”. Entretanto, ele defendeu cautela para analisar os números.
Meirelles disse, ainda, que vê um aumento da confiança no Brasil, que a aprovação da PEC do teto dos gastos pela comissão da Câmara por um amplo placar é um sinal de que há comprometimento do Congresso com as reformas econômicas e que o mesmo deve ser obtido com a reforma da Previdência. Ele afirmou que a proposta está sendo finalizada e que pode ser enviada ao Congresso ainda em outubro e que ela deve ser aprovada ainda no primeiro semestre de 2017 ou, na pior das hipóteses, no começo do segundo semestre.
PEC do teto
Sobre a aprovação da PEC do teto dos gastos, Meirelles comemorou o placar da votação da comissão especial da Câmara:
— Foi aprovado um relatório forte, que preserva a PEC que a reforça e, principalmente, as discussões que foram livres e democráticas. O placar da votação foi bastante favorável (na comissão). Houve três vezes os que votaram a favor do que votaram contra — disse o ministro, que vê um caráter estutural na medida, que evitará crises recorrerntes da situação fiscal — De 2008 até o final de 2015, cresceu 56% acima da inflação a despesa pública, com crescimento do PIB de 18%.
A respeito da reforma da Previdência, o ministro espera que ela seja aprovada o quanto antes, mas disse que isso poderá ficar para o segundo semestre do ano que vem:
— Espero que, durante o ano que vem, a proposta seja aprovada, idealmente no primeiro semestre, mas pode se estender um pouco no segundo semestre, mas que seja concluído quando for possível — projeta o ministro.
Ele afirmou ainda que não há nenhuma decisão sobre usar novamente cadeia de rádio e TV dele para explicar as reformar, como ele fez na noite de quinta-feira, mas disse que o governo sempre vai apresentar as propostas com clareza.
Com relação a investimentos no país, Meirelles mostrou otimismo com relação ao Programa de Parceira de Investimentos (PPI) e fez questão de diferenciar o momento atual da situação vivida no governo anterior:
— Não há dúvidas que dezenas de bilhões de dólares serão investidos neste programa, pois agora este é um programa realista. Agora as regras são estáveis e que duram os prazos das concessões — disse ele. — Vamos deixar a livre e justa competição, com transparência para todos.
Fonte: O Globo.