Dupla intimida estudantes na Ufal e gera polêmica nas redes sociais
Uma postagem feita na tarde da terça-feira (04) no Facebook gerou polêmica em Alagoas. Nela, dois rapazes, um deles vestido com uma farda que se assemelha a do Exército Brasileiro, aparecem dentro do prédio do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, fazendo continência militar e defendendo a “repressão constante e massiva” de estudantes que defendem o socialismo.
O ato, assim como a postagem nas redes sociais, foi feito por Antonio David, que em sua página pessoal se apresenta como Delegado Nacional do Partido da Reedificação da Ordem (Prona).
Ele exalta o nacionalismo e ameaça levar “uma tropa para limpar esse pandemônio”, fazendo alusão ao prédio dos cursos de ciências sociais.
Em outra postagem, Antonio David relata todo o ocorrido, fala das provocações e diz que a “repressão ficou entalada na garganta dos estudantes”. Ele ainda afirma que o rapaz vestido de militar estava armado, e que os dois andaram pelo bloco por 40 minutos, rasgando cartazes e panfletos. Procurado pela reportagem do G1, David disse que vai se pronunciar depois sobre o assunto.
A assessoria de comunicação do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro informou que o fato da prática de violência e intimidação por um suposto militar do Exército será apurado pela instituição, que não compactua com atos desta natureza. E que caso seja constatada a responsabilidade do militar, o mesmo responderá a uma sindicância que pode resultar em afastamento e até mesmo expulsão do Exército Brasileiro.
Em nota, a assessoria da Ufal disse que a dupla também agrediu uma professora verbalmente e ameaçou colocar uma bomba no prédio da instituição (veja abaixo a nota na íntegra).
A universidade “reitera o princípio da pluralidade e o espírito democrático, não admitindo qualquer forma de repressão, perseguição ou coação”, e encaminhou à Procuradoria Federal informações para que seja realizada uma apuração interna e tomada das providências legais cabíveis.
Nota Ufal
NOTA DE REPÚDIO À AGRESSÃO SOFRIDA POR
ESTUDANTES E PROFESSORES DO ICHCA
A reitora da Universidade Federal de Alagoas, professora Maria Valéria Correia, e o vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), professor Alberto Vivar Flores, repudiam veementemente os acontecimentos envolvendo a comunidade acadêmica do Instituto, que relatou atos de violência, intimidação, perseguição e extremismo na localidade, conforme pode ser visualizado em postagens e vídeos que circulam nas redes sociais.
Segundo informação dos estudantes e professores, integrantes do movimento intitulado “Nacionalistas” chegaram ao local acompanhados de uma pessoa vestida com a indumentária alusiva ao Exército Brasileiro, portando arma, arrancando e rasgando cartazes. Uma professora, inclusive, relatou que sofreu agressão verbal e que houve ameaça de lançamento de um explosivo no Instituto.
No perfil do Facebook de um defensor do movimento, consta o seguinte: “Não somos doces, somos amargos!!!! Repressão constante e massiva. Aos esquerdinhas, levei apenas um militar, se chorarem muito, na próxima levarei à (sic) tropa toda para limpar esse pandemônio”.
Diante desses acontecimentos, a gestão da Universidade reitera o princípio da pluralidade e o espírito democrático, não admitindo qualquer forma de repressão, perseguição ou coação. Por isso, o caso já foi encaminhado à Procuradoria Federal para que seja realizada uma apuração interna e tomada das providências legais cabíveis.
Maceió/AL, 05 de outubro de 2016.
Maria Valéria Correia
Reitora
Alberto Vivar Flores
Vice-diretor do ICHCA