Caso ‘Ninjas’: testemunhas e réus são ouvidos na Capital
O 3º Tribunal do Júri de Maceió realiza nesta quarta-feira (21) o julgamento de quatro acusados de uma chacina em 2002, em União dos Palmares. Durante a manhã, foram ouvidas 7 testemunhas e iniciados os interrogatórios dos réus. A previsão é que o júri se estenda pela noite ou só seja finalizado amanhã (22).
O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital, preside a sessão. Estão sendo julgados os policiais militares José Valdir Gomes Ferreira, José Paulo Barros de Araújo, Nilton Nascimento Correia e Marcos Mota dos Santos. Eles são apontados como integrantes de um grupo de extermínio denominado de “ninjas”, conforme denúncia do Ministério Público de Alagoas.
Na versão da acusação, o filho do cabo José Valdir teria sido agredido por um dos jovens assassinados, durante um “showmício” que ocorria na cidade naquela noite, e esse seria o motivo do crime. A chacina ocorreu próximo à ponte sobre o rio Canabrava, no bairro Roberto Correia de Araújo, em um local conhecido como Vagem, por volta de 4h da madrugada do dia 5 de setembro de 2002.
As vítimas são os jovens Tiago Holanda da Silva, Cizenando Francisco da Silva, Sydronio José da Silva e Maurício da Silva.
Testemunhas indicadas pela defesa afirmaram que os policiais são pessoas trabalhadoras e de bom comportamento. Relataram que não têm conhecimento de comentários negativos sobre eles na cidade. A testemunha Denayse Godoy afirmou que viu o momento do crime e que ele foi cometido por apena duas pessoas, que não estavam fardadas como policiais.
“[A sessão do júri] é um processo longo porque são quatro réus e quatro vítimas, teremos uma quesitação extensa, serão 80 quesitos, se a defesa não apresentar uma nova tese. O que eu espero que é que façam o julgamento com a consciência, para se distribuir Justiça”, explicou o juiz Geraldo Amorim.
O promotor Maurício Mannarino Texeira Lopes afirmou que há um “grande acervo probatório”. “O estado de Alagoas já passa por problemas de violência terríveis e a violência policial é imperdoável, a gente não pode admitir que um agente da lei pratique uma chacina ou um homicídio”, disse.
O advogado Welton Roberto defende os quatro acusados. “A acusação, até hoje, não conseguiu demonstrar que os acusados estavam no local do crime, praticando o crime e com as armas que foram recolhidas (e indicadas como as armas do crime)”. A defesa sustenta que os réus estavam dormindo nas dependências da Polícia Militar no momento da chacina, e que a motivação dos assassinatos apontada pelo MP é “fantasiosa”.
Nove horas de debates
Após os interrogatórios, acusação e defesa terão, cada uma, 2h e 30min para as sustentações orais. Em seguida, há a réplica da acusação e a tréplica da defesa, com 2h cada. Os debates podem durar até 9h, portanto.
Isaac Neves- Dicom TJ/AL