PF flagra assessora da prefeita de Cajueiro com lista de eleitores
Uma assessora da prefeito de Cajueiro, Lucila Toledo (PSDB) foi levada para a sede da Polícia Federal em Alagoas (PF) para prestar esclarecimentos acerca de documentos apreendidos na Operação Vassalagem, desencadeada na madrugada desta sexta-feira (2) para combater compra de votos.
De acordo com o superintendente da PF André Costa, uma lista com cadastro de eleitores e suspostos benefícios em troca do voto foi apreendida na casa da assessora após uma denúncia anônima. Ela não teve o nome divulgado e foi liberada após falar aos delegados.
A reportagem do G1 tentou falar com a assessora, mas ela não quis dar entrevista. A equipe de comunicação da prefeita informou que ela deve se pronunciar sobre o assunto por meio de nota.
“Foram oito mandados de busca no município. Conseguimos documentos como cadastro de eleitores, onde constam nomes, xerox de títulos eleitorais e seção, além de uma lista com o material que cada pessoa iria ganhar com a suposta venda do voto, como por exemplo, materiais de construção de tijolos, telha, cimento, além de exames e valores de dinheiro”, detalhou o delegado da PF.
O delegado disse ainda que, após a denúncia, comunicou ao juiz eleitoral, que autorizou a instauração do inquérito.
“Agora vamos analisar os documentos e chamar todos para prestar esclarecimentos, inclusive os eleitores que constam na lista”, afirma o delegado.
O delegado Marcos Antonio, que está presidindo o inquérito, disse que os documentos serão analisados e passarão por cruzamento de dados para ver a comprovação do crime eleitoral.
“O inquérito foi instaurado, houve a condução coercitiva para esclarecimentos e nesse momento cabe o indiciamento. O material será periciado e pode ser caracterizado documento público”, reforça o delegado.
Investigações
A operação Vassalagem teve início na maruagada desta sexta. Foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva e oito de busca e apreensão.
Segundo a PF, alguns vereadores da cidade e uma funcionária pública estavam doando terrenos e materiais de construção em troca de votos. As buscas tiveram como propósito localizar e apreender documentos que comprovem o crime. Para formalizar a doação, estariam sendo entregues documentos como termos de cessão de uso aos eleitores arregimentados.
Se condenados, os autores dos crimes poderão pegar até sete anos de prisão e terem cassados seus registros de candidatura.
A PF explicou que a operação foi batizada de Vassalagem porque remete a instituto em voga na Idade Média europeia, quando reis e nobres distribuíam terras para comprar lealdade e apoio político dos correspondentes beneficiários (que passavam a ser seus vassalos). O termo significa, também, obediência, submissão e sujeição.