1º dia de julgamento foi ‘tenso e conturbado’, diz Renan
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quinta-feira (25) que ainda não decidiu se votará no julgamento final da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), no processo de impeachment. Ele classificou o processo como “longo, enfadonho e cansativo” e o primeiro dia de plenário como “conturbado”.
“O regimento resolve essa questão. O presidente só vota quando há empate. No caso de julgamento, ele faculta ao presidente votar. Eu ainda não decidi, estou em processo de decisão. Sou presidente do Senado, é prudente me conduzir com isenção, equilíbrio e responsabilidade. Mesmo se eu já tivesse me decidido, e ainda não o fiz, não seria prudente eu me antecipar”, afirmou Renan.
Na avaliação do senador, o início do julgamento e o depoimento das duas testemunhas de acusação foram marcados pela disputa política entre senadores favoráveis e contrários ao impeachment. A sessão não é conduzida por ele, mas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski. Renan apenas acompanha o processo na Mesa Diretora.
“Meramente transformar a sessão de julgamento em confronto político pouco acrescentará ao processo. Era fundamental mais objetividade, tanto de quem vai perguntar quanto de quem vai responder. Os senadores terão um dia todo para debater, cada um falará por até dez minutos”, afirmou o peemedebista. “O primeiro dia sempre é mais tenso, conturbado, as partes conflitam mais nos pontos de vista”.
O presidente do Senado evitou fazer estimativas sobre a extensão do julgamento – se vai avançar pelo fim de semana ou ultrapassar a terça-feira (30). Segundo Renan, os procedimentos podem ser abreviados pelo cansaço dos parlamentares e pelo desgaste gerado por toda a tramitação do impeachment.
“A tendência é que aconteça o que está havendo nesse segundo depoimento, que as pessoas desistam [de interrogar] durante a sessão. Esse processo é longo, enfadonho, desgastante, agravou a crise econômica. Estamos há nove meses, desde que começou na Câmara, estamos cansados”, afirmou.
No fim do primeiro dia, 14 senadores que estavam inscritos para questionar a segunda testemunha de acusação, o auditor de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Carlos Costa D’Ávila, retiraram os nomes da lista. De 24 inscritos, apenas dez usaram a palavra.
‘Hospício’
Pela manhã, houve bate-boca após declaração da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) de que o Senado não teria “moral” para julgar Dilma. Ao comentar o episódio, Renan usou a palavra “hospício” para caracterizar a impressão passada à sociedade.
“Eu brinquei com o ministro Lewandowski, eu acho que temos nos esforçar no sentido de facilitar a missão constitucional dele. Em meio a essa confusão toda, a ideia que pode passar para a sociedade é que ele estaria presidindo um hospício, onde as pessoas se xingam, se agridem. Nós temos que facilitar a missão do presidente do Supremo”, afirmou o presidente do Senado.
G1