Escalada na TV: Do beijo gay ao sexo gay em dois anos e meio
A tão propagada cena de sexo entre André (Caio Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira), em ‘Liberdade, Liberdade’, foi ao ar na terça-feira (12).
Cuidadosamente editada, a sequência revelou-se discreta, delicada e dramaturgicamente poética. Teve mais romance do que furor. Sexo com ternura.
Anunciada como ‘a primeira cena de sexo gay’ em novela brasileira, aconteceu dois anos e meio depois do primeiro beijo de dois homens num folhetim da Globo, entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), em ‘Amor à Vida’. O feito foi festejado até pela cantora Beyoncé, que postou uma foto da cena em seu Instagram.
Em pouco mais de uma década, a Globo livrou-se de boa parte de seu conservadorismo em relação à diversidade sexual.
Vale lembrar que, em 2005, a cúpula do canal censurou o beijo de Júnior e Zeca, frustrando os atores Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro, a autora Gloria Perez e o diretor Marcos Schechtman. A equipe havia gravado várias versões do beijo. Nem a mais discreta delas (um selinho prolongado) foi aprovada.
Aliás, essa nova postura liberal da emissora vai avançar mais um pouco na próxima trama de Gloria, ‘À Flor da Pele’, prevista para estrear em abril de 2017: um dos temas será a transexualidade. Personagens serão mostrados fazendo a transição de um sexo a outro – redesignação sexual é o termo médico.
Será que a abordagem de questões sociais tão polêmicas pela emissora líder do país significa que o público está mais tolerante? Depois do beijo e do sexo gay, qual a próxima barreira a ser suplantada? As poucas manifestações negativas em relação a tais cenas representam uma mudança de paradigma? A ‘tradicional família brasileira’ liberou geral?
Com a palavra, o telespectador.
Terra