Após esperas, IML do Rio só libera corpos com chegada do ator Thiago Lacerda

0O drama que seis famílias enfrentavam no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, teve um novo desfecho com a entrada de Thiago Lacerda em cena. Por causa de uma paralisação no serviço de necrópsia, o instituto informou que não liberaria mais nenhum corpo na tarde desta terça-feira, e estava prestes a anunciar aos familiares para quais unidades do IML os cadáveres seriam encaminhados. Às 15h40m, o ator chegou ao instituto para liberar o corpo de um tio, e aí tudo mudou. O diretor do IML, Reginaldo Franklin Pereira, reuniu todos os presentes para informar que ele mesmo tiraria o paletó para ajudar nos procedimentos e agilizar a liberação dos corpos até o fim do dia.

Ao receber a notícia de que o corpo não seria liberado, o ator ficou surpreso e chegou a fazer ligações para tentar agilizar o processo.

— É uma constatação da completa ausência do estado. É muito triste a situação do IML e as condições de trabalho dessas pessoas. É lamentável a forma como o povo é tratado, como nós, brasileiros, somos judiados pela ausência do estado. Esse um sinal da falência do estado do Rio e eu sinto vergonha como cidadão, como pessoa pública e como pai de família. Faço um apelo aos órgãos responsáveis para reconhecer o estado de emergência absoluta a que chegou o IML. Apesar do estado de calamidade, percebi que há um esforço das pessoas aqui de atenderem ao povo — disse o ator, que explicou que o falecido é seu tio de consideração.

Em poucos minutos, Thiago e os parentes foram chamados para subir à sala de direção. Segundo Thiago, o diretor do instituto fez uma explanação sobre os problemas da instituição e, a pedido do ator, garantiu que os demais corpos também seriam liberados. As outras famílias que estavam no local reconheceram que foi uma sorte a chegada de Thiago Lacerda, mas reclamaram do tratamento diferenciado.

— Eles tinham dito que não havia condições de fazer a necrópsia e que os corpos seriam encaminhados para outros IMLs. Foi preciso o Thiago Lacerda chegar para o diretor decidir liberar os corpos hoje. Ele disse que entendia nossa dor e que ia inclusive tirar a gravata e o paletó para, ele mesmo, fazer a necrópsia. Mas ele só entendeu nossa dor quando o ator chegou — desabafou a jornalista Denise Martins, que aguardava a liberação do corpo do padrasto.

O serviço de necrópsia foi paralisado porque os 35 funcionários terceirizados do serviço de limpeza foram demitidos. Eles estavam sem receber há três meses e receberam o aviso prévio no último dia 18. Sem profissionais para limpar a sala de necrópsia, os peritos chegaram a fazer vaquinha para contratar prestadores de serviço, de acordo com funcionários do IML. Com o agravamento da situação, no entanto, os peritos decidiram cruzar os braços, alegando condições insalubres.

— Quando você abre um cadáver, sai muito sangue, linfa, material que estava nos intestinos. Não tem condições de trabalhar sem que haja uma equipe de limpeza. Ontem (segunda-feira) houve uma reunião entre os peritos e o diretor, na qual ficou decidido que eles iriam paralisar as necrópsias. Os corpos serão encaminhados para outros IMLs, mas que também não estão numa situação boa — explica Denise Rivera, presidente da Associação dos Peritos dos Rio.

Em nota, a Polícia Civil informou que tem se esforçado para garantir o pagamento das empresas responsáveis pela limpeza. Até que seja regularizado o serviço, a necrópsia será feita no IML de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade.

Nota da Polícia Civil (enviada às 14h40):

A Polícia Civil esclarece que tem enviado esforços junto à Secretaria de Estado de Segurança e ao Governo do Estado para pagamento das empresas responsáveis pela realização da limpeza no Instituto Médico Legal. O Departamento Geral de Polícia Técnico Científica informou que os peritos legistas alegam condições insalubres para a realização das necropsias no Instituto Médico Legal (IML) no Centro da Capital, e, por isso, até que seja regularizado o serviço de limpeza neste órgão, as necropsias serão realizadas nas unidades de Campo Grande, Duque de Caxias e Nova Iguaçu”.

Nota atualizada da Polícia Civil (enviada às 21h):

A Direção do Instituto Médico Legal da Polícia Civil esclarece que, nesta data, em razão das condições insalubres para a realização das necropsias diante da ausência do serviço de limpeza no órgão, o Departamento Geral de Polícia Técnico Científica determinou que o procedimento pericial fosse realizado em outra unidade – Campo Grande – até que o serviço de limpeza seja regularizado. Com relação aos corpos que já haviam dado entrada na unidade, anterior à determinação, foram realizadas as perícias“.

 

 

Fonte: Extra Online

 

 

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