Cunha: “Dilma não voltará. Ela foi um mal para o Brasil”
O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (1º) que pagou um preço político muito alto por causa do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Responsável pelo acolhimento do pedido pela Câmara dos Deputados, Cunha disse, em entrevista ao Jornal da Manhã, que não é um “gênio do mal”, como muitos o chamam: “não sou um gênio do mal, com o impeachment estou pagando um preço pesado por isso. Mas agi com minha consciência, agi como achei correto e teria agido de novo da mesma forma”.
Na sua visão, a presidente dificilmente sairá ilesa do julgamento no Senado. “Não há possibilidade da Dilma voltar, ela perdeu as condições jurídicas com o crime de responsabilidade e as condições políticas. (…) A Dilma foi um mal para o Brasil e esse mal deve ser cortado de uma vez por todas”.
Sobre seu processo no Conselho de Ética, Cunha também nega qualquer tentativa de manobra e diz que as pessoas que o acusam disso desconhecem os ritos da Casa: “Querem me atribuir manobras inexistentes de um processo que eu não quero adiar. Quando invoco um regimento pelo meu direito vira manobra. (…) Tem que repudiar”.
Governo interino
Com Temer no executivo, Cunha acredita que o País está melhor do que na época de Collor, após impeachment, mas destaca o caráter excepcional da situação: “A presidência interina é uma situação excepcional, teve um afastamento que ainda vai ser votado. (…) Está até melhor do que em 1992, mas a interinidade, precariedade do governo é porque não está confirmado. Há percalços que têm que ser superados todos os dias”.
Truste
Ao ser questionado sobre ter mentido na CPI da Petrobras, o deputado afirma que não foi questionado sobre o truste e sim sobre contas: “Diante de uma CPI, que eu fui espontaneamente, uma CPI que não fui convocado, ninguém é obrigado a fazer uma prova contra si. Não me neguei a responder nenhuma pergunta. Eu não tenho contas, mantenho essa afirmação. Não perguntaram sobre truste. Esse truste detinha contas que não movimento, que não participo e não me cabe movimentar. (…) Não posso concordar em transformarem em verdade algo que não é”.
Cunha também negou qualquer negociação com Dilma à época da aprovação do processo de impeachment: “Fiz dentro da lógica, não tinha como não aceitar. Não havia negociação, estou pagando um caro preço político”.
Waldir Maranhão
O presidente afastado critica a atuação de Waldir Maranhão no processo de Dilma Rousseff, e nega que tenham um relacionamento de parceria: “Não sou aliado nem adversário do Maranhão. (…) Ele ganhou eleição com candidatura avulsa, ele foi eleito legitimamente pela Casa. (…) Naquele dia eu fiz uma nota muito dura, sobre a irresponsabilidade daquele ato. Não concordo com o conteúdo do que ele fez. A AGU não era parte do processo, isso tem que ser levantado previamente. Foi uma atitude absolutamente errada, e depois ele revogou e provocou mais o desgaste dele. (…) 377 parlamentares proferiram seu voto, aquilo foi consumado. O Senado instalou a Comissão e votou. Aquilo foi interferência e obstrução do ex-ministro da Justiça e da presidente afastada. Só aquilo era um motivo de impeachment na minha opinião”.
UOL