Presidente Dilma Rousseff concede primeira entrevista após afastamento; Veja vídeo

Uma semana após o afastamento da presidente eleita Dilma Rousseff pelo Senado, foi publicada hoje a primeira entrevista dela fora da presidência. Em 22 minutos de conversa com o jornalista inglês Glenn Greenwald – conhecido pelas reportagens com documentos vazados por Edward Snowden – a presidente comenta sobre o processo de impeachment, as decisões do STF e a Lava Jato. Confira abaixo alguns trechos da entrevista, que está disponível aqui na íntegra.

Gilmar Mendes
“Esses doze integrantes (do STF), nem todos têm a mesma posição um tanto quanto efetivamente militante, visivelmente militante, eu diria, do ministro Gilmar Mendes. Ele está tomando atitudes que vão ser avaliadas ao longo do tempo por todos os brasileiros.

Lava-Jato sob risco
“(..) Eu acredito também que nesse processo da Lava Jato tem muitos atores. Então, eu não acho que seja algo trivial enterrar a Lava Jato. Eu olho com muita preocupação quando se fala em voltar à situação anterior, na qual o Ministério Público não era indicado baseado na lista tríplice e, sim, indicado por razões políticas, o que levou a muitos engavetamentos, né? Tanto que no Brasil se chamava o Procurador Geral da República de engavetador geral da república.”

Resistência ao governo interino
“Eu acho que o que tem que se fazer aqui no Brasil é lutar contra, protestar e, inclusive, eu acho, exercer uma pressão sobre os congressistas, uma pressão sobre todas as áreas sociais.”

Vida pessoal X impeachment
“Eu acho que afeta no seguinte sentido: porque é uma injustiça. Talvez a coisa mais difícil pra uma pessoa suportar além da dor, da doença e da tortura, seja a injustiça. Por quê? Porque você fica como se estivesse preso numa armadilha. É claro que eles passaram, durante um tempo – eles falaram que eu era uma pessoa, uma mulher, eu acho que eles supuseram que eu podia renunciar.”

Governo Temer
“O que está me parecendo é que este governo interino e ilegítimo, ele será um governo bastante conservador em todos os seus aspectos. Um deles é o fato de que ele é um governo de homens brancos, sem negros, num país que o último senso, o senso de 2010, teve uma declaração que eu acho muito importante, que foi que mais de 50% se declarou de origem afrodescendente. Bom, não ter uma mulher e não ter negros no governo, eu acho que mostra um certo descuidado com que país que você está governando.”

Pedaladas fiscais
“Não são um crime de responsabilidade como não são um crime contra o orçamento, nem nada. Não são crime.”

Restrições ao Bolsa Família
“Eu acredito, viu Greenwald, que a população vai reagir mal. Por quê? Se focar nos cinco por cento, você calcula, num país de 200 milhões de pessoas, 204 milhões, você teria os cinco por cento, seriam 10 milhões. Hoje o Bolsa Família abrange em torno de 47 milhões de pessoas. Porque o Bolsa Família, a gente tem que entender pra que ele é feito. Ele não é feito para o adulto. Ele é feito fundamentalmente para a criança.”

 

 

Fonte: Diario de Pernambuco

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