Corpo de Cauby Peixoto é enterrado em São Paulo
O corpo do cantor Cauby Peixoto foi enterrado na tarde desta segunda-feira (16) no Cemitério de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. O artista, de 85 anos, estava internado devido a uma pneumonia desde o dia 9 de maio, no Hospital Sancta Maggiore, no Itaim Bibi. Ele morreu às 23h50 de domingo (15).
Amigos e parentes cantaram ‘Conceição’ durante o sepultamento. Horas antes, o corpo do cantor foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Parque do Ibirapuera. Fãs e artistas foram se despedir na manhã e na tarde desta segunda.
Muito emocionado, o cantor Roberto Leal lembrou do amigo. “Não vamos chorar. Porque a vida é isso: uns chegando e outros partindo”, disse.
“O mundo é para uma evolução e eu tenho certeza que agora nós vamos degustar todas as coisas do Cauby e, de repente, nós vamos conhecê-lo melhor agora do que quando ele estava entre nós, porque agora nós não temos ele na televisão. Nós temos que ter ele no coração.” Segundo ele, a voz do cantor “vai ficar sempre nos nossos corações”.
A cantora Angela Maria, uma das maiores amigas e parceiras de Cauby Peixoto, chegou bastante abatida ao velório do cantor.
“Eu não esperava que ele fosse tão cedo. Perdi não só um amigo, mas um irmão”, afirmou a cantora, lembrando dos 67 anos de amizade e de palco (veja abaixo depoimento de Angela Maria exibido pelo Jornal Hoje).
“Ele era mais alegre no palco do que fora dele”, disse. A cantora lembrou que o amigo era calado: “Ele falava pouco. Era uma pessoa que não abria a boca para falar mal de ninguém. Achava todo mundo maravilhoso.”
Angela Maria falou ainda de seu último encontro com Cauby nos palcos. Eles estavam em turnê pelo Brasil e se apresentaram no dia 3 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o último show deles juntos.
“Antes de entrar no palco tivemos uma conversa. Perguntei como ele estava e ele falou que estava bem, mas ele não estava. No palco, notei que ele estava muito mal, bem fraquinho.” A turnê comemorava 60 anos da carreira de cada um dos artistas.
Dono de uma voz marcante – famosa em sucessos como “Conceição” e “Bastidores” –, e conhecido ainda pelo figurino extravagante, Cauby Peixoto foi um dos cantores mais populares da música brasileira. Ao longo de uma carreira de seis décadas, gravou mais de 40 discos.
Neste ano, o cantor estava em turnê pelo Brasil com a cantora Angela Maria e se apresentou ao lado dela no dia 3 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião, Rafael Cortez, repórter do Vídeo Show, entrevistou o cantor. A turnê comemorava os 60 anos da carreira de cada um dos artistas. No repertório estavam sucessos como “Vida da bailarina”, “Cinderela”, “Gente humilde”, “Bastidores”, “Babalu” e “Conceição”.
Carreira
Nascido em Niterói (RJ) em 1931, Cauby Peixoto Barros iniciou a carreira no início da década de 1950 se apresentando em programas de calouros como a “Hora dos comerciários”, na Rádio Tupi. Gravou o primeiro disco pelo selo Carnaval em 1951, com o samba “Saia branca”, de Geraldo Medeiros e a marcha “Ai, que carestia!”, de Victor Simon e Liz Monteiro.
Em 1952, transferiu-se para São Paulo onde cantou nas boates Oásis e Arpége, além de apresentar-se na Rádio Excelsior.
Sua capacidade de interpretar canções em inglês impressionou o futuro empresário Di Veras, que lhe criou aos poucos uma estratégia de marketing que incluía a maneira de se trajar, o repertório e atitudes nos palcos.
Em 1953, gravou dois discos pelo selo Todamérica, com os sambas-canção “Tudo lembra você”, de Marvel, Strachey, Link e Mário Donato; “O teu beijo”, de Sílvio Donato, e “Ando sozinho”, de R. G. de Melo Pinto e Hélio Ramos, além da toada-baião “Aula de amor”, de Poly e José Caravaggi, com acompanhamento de Poly e seu conjunto.
Ainda naquele ano, assinou contrato com a gravadora Columbia, na qual estreou no ano seguinte com o samba “Palácio de pobre”, de Alfredo Borba e José Saccomani, e a marcha “Criado mudo”, de Alfredo Borba. Em seguida, fez sucesso com o slow-fox “Blue gardênia”, de B. Russel e L. Lee, com versão de Antônio Carlos, música tema do filme de Hollywood de igual título, que lhe abriu as portas para o estrelato.
Não demorou muito para o cantor se transformar em ídolo do rádio. Entrou para o elenco da Rádio Nacional e dois anos depois, já era o cantor mais famoso do rádio, substituindo o fenômeno Orlando Silva de 20 anos antes e passando a ser perseguido pelas fãs em qualquer lugar onde estivesse.
Muitas vezes, chegava a ter suas roupas rasgadas pelas admiradoras mais veementes. Ainda em 1954, gravou também os sambas-canção “Só desejo você”, de Di Veras e Osmar Campos Filho, e “Triste melodia”, de Chocolate e Di Veras, e a marcha “Daqui para a eternidade”, de R. Wells, F. Karger e Lourival Faissal.
Em 1955, lançou “Blue gardênia”, seu primeiro LP no qual interpretou entre outras, a música título; “Triste melodia”, de Di Veras e Chocolate; “Um sorriso e um olhar”, de Di Veras e Carlos Lima; “Sem porém nem porque”, de Renato César e Nazareno de Brito e “Final de amor”, de Cidinho e Haroldo Barbosa.
Ainda em 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso, da coluna “Discos populares” no jornal “O Globo”, como o “melhor cantor do ano” recebendo como prêmio um “disco de ouro”, que foi entregue em cerimônia no Golden Room do Copacabana Palace.
Em meados dos anos 1950, fez excursões aos Estados Unidos, onde gravou várias faixas com o nome Ron Coby, tentando uma carreira internacional que acabou não acontecendo, apesar de ter gravado com um dos grandes maestros da época, Percy Faith.
Fonte: G1
Fonte: G1