Indecisos definem impeachment da Dilma
Faltando praticamente apenas dez dias para a votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, pesquisa do Datafolha aponta que 60% dos deputados se dizem favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O Datafolha ouviu uma amostra de 359 parlamentares entre 21 de março e 7 de abril: 291 deputados e 68 senadores. O índice de 60% representa 308 deputados, considerando o total de votantes (513).
Para que o impeachment seja aprovado na Câmara, são necessários 342 votos. A pesquisa também apurou que 21% dos deputados declararam voto contrário à saída da presidente, o que, pela projeção, representa 108 votos a favor de Dilma. Para se livrar do processo, a presidente precisa de 172 votos.
Neste cenário do Datafolha, nem a oposição tem hoje os votos suficientes para aprovar nem tampouco o Governo o que precisa para estancar o processo logo no plenário da Câmara. Traduzindo em miúdos, a bola está com os indecisos, mas teoricamente, a esta altura, não tem ninguém indeciso. Tem parlamentar, na verdade, querendo vender seu voto num leilão, para quem der mais no balcão de Dilma ou Temer. Os deputados indecisos, de acordo com o Datafolha, são 18% da Câmara. Esses votos decidirão o destino de Dilma. Os parlamentares entrevistados deram resposta por telefone e na condição de anonimato. Os resultados, segundo o Datafolha, foram ponderados segundo as bancadas dos partidos, “com o pressuposto de que a filiação é uma variável importante na definição do voto”. O instituto ressaltou que fatos novos podem mudar a tendência de votação.
O processo de impeachment tramita na comissão especial da Câmara formada para analisar o caso. O relator, Jovair Arantes (PTB-GO), apresentou parecer pela cassação do mandato da presidente. A comissão deve realizar sessão inclusive no fim de semana para poder votar o parecer na próxima segunda-feira. Depois, se aprovada a abertura do processo na comissão, o impeachment será votado no plenário da Casa. A pesquisa investigou também como votam os deputados de cada bancada. No PP, partido da base cortejado pelo governo para reforçar o apoio a Dilma, 57% dizem que votarão pelo impeachment e 30% estão indecisos. No PMDB, que era o maior partido da base ao lado do PT, mas deixou o governo recentemente, 59% dos deputados devem votar pelo afastamento e 38% não se posicionaram.
A pesquisa ouviu ainda os senadores. 55% disseram que votariam pelo afastamento definitivo de Dilma e 24% se posicionaram contra. Caso seja aprovado na Câmara, o impeachment tem que passar pelo Senado. O instituto quis saber o posicionamento dos deputados sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal acusado de irregularidades no esquema de corrupção na Petrobras. Entre os deputados, 61% disseram que defendem sua renúncia e 23% entendem que ele deveria permanecer no cargo. Também 61% disseram que votariam pela cassação dele caso o processo que tramita no Conselho de Ética chegue ao plenário da Casa. Cunha responde por quebra de decoro e é acusado de manter contas bancárias secretas na Suíça.