Gás de buzina tem efeito entorpecente
Assim como o álcool e as drogas, a overdose de substâncias entorpecentes como o gás de buzina pode levar à morte. No sábado a estudante de direito Maria Luiza Perez Perassolo, de 18 anos, morreu depois de inalar gás de buzina em uma festa com amigos em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Esse é o segundo caso de morte por causa do gás no noroeste paulista neste ano.
De acordo com testemunhas, a estudante comprou a buzina na loja de conveniência de um posto de combustível próximo ao condomínio. Ela começou a passar mal durante a festa e os amigos tentaram reanimá-la com massagem cardíaca, enquanto acionavam o serviço de resgate. Maria Luiza teve uma parada cardíaca e morreu antes de ser levada ao hospital. Segundo o delegado Éder Galavotti, o frasco que armazena o produto estava quase vazio, o que confirmaria a informação de que ela inalou o gás várias vezes.
De acordo com Zila van der Meer Sanchez, pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), muito jovens utilizam diferentes aerossóis – como o gás de buzina ou o anti respingo de solda (produto encontrado em lojas de material de construção) – em busca de um efeito alucinógeno. Esses produtos químicos são alternativas mais acessíveis a drogas entorpecentes inaláveis como o loló ou o lança-perfume (à base de clorofórmio e éter).
“Esses aerossóis causam uma alucinação sonora, e ás vezes visual, de efeito rápido. Como são gases inaláveis, entram pelo pulmão e chegam ao cérebro em apenas alguns segundos. Mas assim como seu efeito vem rápido, ele passa rápido. Em busca de um efeito maior, muitos jovens inalam uma quantidade muito grande da substância em um curto período de tempo o que não dá ao organismo tempo de metabolizar e excretar o composto.
Assim como o álcool, o gás age deprimindo o sistema nervoso central. Quando consumido em grande quantidade pode causar um colapso do sistema respiratório e cardiovascular, levando à morte por parada cardíaca ou respiratória. Segundo Zila, o grande problema é que, como acontece com outras drogas, não é possível prever quem será mais vulnerável.
“A quantidade que causa overdose vai depender do organismo e da predisposição de cada um. Por exemplo, pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios terão uma vulnerabilidade muito maior aos efeitos da substância”, afirma.
Outro agravante é que, em geral, o uso dessas substâncias acontece em conjunto com o álcool, que também é um depressor do sistema nervoso.
“A associação de mais de uma droga que age no organismo da mesma forma, mas por vias diferentes, aumenta exponencialmente o risco de colapso do sistema nervoso e cardiovascular”, diz a especialista.
Veja Online