Tenente-coronel Fátima Basílio, pioneira no comando de Batalhão Operacional no interior do estado
Acompanhar a rotina da tenente-coronel Maria de Fátima Basílio de Lima do Valle não é fácil. Nas primeiras horas da manhã, a missão é programar a rotina da família, formada por quatro homens. Esposa de militar, o tenente-coronel Walter Do Valle, mãe de três filhos, de 17, 18 e 20 anos, e dona de uma personalidade forte, ela evidencia que o apoio familiar é fundamental para o exercício de seu trabalho.
“A pancada é seca em casa também, porque não é simples lidar com a forte cobrança para cuidar dos filhos e do emprego ao mesmo tempo e com igual dedicação”, diz sorridente a quarta personagem na sequência de matérias do Especial Semana da Mulher na PM.
“Minha tropa de casa é abençoada. Somos uma equipe em sintonia e isso ajuda na convivência diária e na superação dos obstáculos. Às vezes é complicado, porque tenho hora para sair, mas não tenho hora certa de chegar, mas nossos filhos entendem bem a rotina militar, pois cresceram neste contexto”, declara.
No auge de seus 20 anos, ela surpreendeu os pais, um médico veterinário e uma professora, quando revelou o desejo de ingressar na Polícia Militar. “Nem de longe eles sonhavam em ver a filha nas fileiras da corporação”, lembra, emocionada.
Pioneirismo na carreira miliciana
Sua trajetória de 24 anos de efetivo serviço na PM é marcada pelo pioneirismo e quebra de tabus. Fátima foi a primeira oficial feminina a integrar o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Regimento de Policiamento Montado (RPMon), conhecida popularmente como Cavalaria. Atualmente, traça mais um avanço para o corpo feminino da instituição, sendo a primeira mulher a atuar como comandante de um Batalhão Operacional no interior alagoano.
Reconhecida pelo perfil operacional, a oficiala já trabalhou em todos os batalhões de área da capital, além da Radiopatrulha, e considera positiva tal experiência.
“Esta caminhada permitiu aprendizado e amadurecimento para a função que desempenho. Sei o que minha tropa vive, pois a maior parte de minha vida na PM foi nas ruas”, avalia.
No posto de major da corporação, comandou o 2º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em União dos Palmares e a 4ª Companhia Independente sediada em Atalaia.
Como tenente-coronel, o desafio é conduzir a segunda maior unidade militar do Agreste alagoano, o 10º BPM, cuja área de atuação engloba 11 municípios, dentre eles, Palmeira dos Índios, Minador do Negrão, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas e Igaci. Além das cidades de Quebrangulo, Paulo Jacinto, Tanque D’arca, Belém, Mar Vermelho e Maribondo.
Com 238 militares sob seu comando, ela comemora seu primeiro mês a frente do BPM contabilizando o dobro das apreensões de arma de fogo realizadas nos últimos dois meses.
Profissionalismo acima de gênero
“Mulheres e homens são diferentes em sua essência e isto reflete na vida militar, mas é necessário unir esforços, compreender diferenças e dividir responsabilidades. O profissionalismo deve prevalecer, fato que observamos em diversas atividades, antes rotuladas como masculina”, afirma.
Questionada como fez para driblar o preconceito, Fátima revelou ser a capacitação técnica sua principal arma contra o machismo.
Graduada no curso de Direito com especialização em ensino superior e direito penal pelo Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac), Fátima possui diversos cursos na área operacional, tais quais: operações policiais de alto risco, treinamento tático em dupla e treinamento no combate armado com táticas de fuga e perseguição.
“Ser um bom policial exige dedicação, amor à farda e muita responsabilidade e isto independe de ser mulher ou homem. Amo o que faço e compartilho este sentimento com minha equipe de serviço. O trabalho produtivo é reflexo da motivação e do profissionalismo de cada integrante”, conclui.
PM/AL