Dia da mulher na PM: sargento Lourdes, destaque operacional do 4º Batalhão
Com a aproximação do Dia Internacional da Mulher, celebrado na próxima terça-feira, 8 de março, a Polícia Militar selecionou quatro integrantes da corporação que alcançaram destaque pelo trabalho que desempenham na atividade operacional. A partir de hoje e nos próximos dias, serão publicadas matérias especiais contendo o exemplo destas mulheres, que são uma pequena representação das 892 policiais militares alagoanas que, equilibrando garra e força com sensibilidade e doçura, compõem atualmente o efetivo feminino da instituição. Neste sábado, 5 de março, começamos esta homenagem, contando a história da sargento Lourdes, do 4º BPM.
Há 18 anos, a segundo-sargento Lourdes Rocha, do 4º Batalhão, tinha o sonho de ser aeromoça. Na época, foi aberto concurso para a Polícia Militar e após algumas influências familiares e diante da improbabilidade de seguir a profissão que desejava, ela decidiu prestar o exame para a PM e foi aprovada.
No dia da apresentação no quartel, ela conta que se deparou com um mundo totalmente novo, do qual ela não se sentia integrante, dada a predominância masculina existente. Para a sargento Lourdes, a adaptação e identificação com a PM foi um processo lento e gradativo.
“No início, eu não me sentia inserida, tudo era muito novo. Após a formação, realizei alguns cursos de técnica policial no Batalhão de Operações Especiais (Bope), fui designada para o 4º Batalhão e foi lá que aprendi a ser polícia. Aos poucos, fui admirando aquela atividade, criando encantamento pela profissão. Até que me percebi apaixonada pela Polícia Militar”, recorda.
Após a experiência no 4º BPM, a sargento atuou alguns meses como radioperadora no atual Centro Integrado de Operações da Segurança Pública (Ciosp), recebendo as ocorrências da comunidade. A sua próxima missão foi novamente nas ruas, quando foi transferida para o 8º Batalhão, onde permaneceu por oito anos.
Foi lá, no 8º BPM, que a militar teve a sua experiência mais marcante como policial, ao atender uma ocorrência de acidente de trânsito que vitimou fatalmente duas crianças, na BR-104, próximo a entrada do bairro da Forene.
“As crianças estavam em um transporte escolar que foi atingido por um condutor embriagado. Eram nove crianças, duas delas morreram e outras quatro ficaram feridas. Confesso que, principalmente por ser mãe, fiquei muito abalada com a cena, e ter que conduzir aquela situação e acalmar aquelas pessoas marcou muito minha trajetória como policial. Mesmo consternada, eu tinha que manter o controle, porque ali eu representava a instituição”, relata.
Referência de operacionalidade
Pelo trabalho que desempenha nos 18 anos de corporação, a sargento Lourdes se tornou referência de operacionalidade, destacando-se como policial feminina no trabalho das ruas.
Hoje, de volta a sua primeira unidade, ela comanda uma guarnição do policiamento motorizado do 4º BPM, responsável pelo policiamento em bairros críticos como Chã da Jaqueira, Bebedouro, Bom Parto e Clima Bom. Há cinco anos, ela mantém a mesma equipe de trabalho, atendendo as mais diversas ocorrências com os soldados André e Lopes, respectivamente motorista e patrulheiro de sua guarnição, pelos quais declara nutrir grande amizade.
Apesar da fama de “boa de serviço”, a militar não se vê em posição de destaque.
“Não me vejo como referência, mas me sinto lisonjeada por me enxergarem assim. Apenas gosto do que faço e me sinto disposta para o meu trabalho. Sei que ainda tenho muito a contribuir para a segurança do meu povo e meu desejo é de continuar representando a mulher na corporação da melhor forma que eu conseguir”, assegurou.
A mulher na PM
Para a sargento Lourdes, dentro da corporação, da mesma forma como ocorreu na sociedade em geral, a mulher conquistou seu espaço e hoje, embora algum preconceito ainda exista, ela é respeitada na função que exerce.
“Hoje vejo a mulher ser tratada com respeito, em patamares de igualdade com os homens, e isso foi uma conquista nossa, obtida com muito esforço e luta. Nós provamos, ao longo dos anos, que há espaço para nós nesta profissão”, avalia Lourdes, acrescentando que a mulher trouxe mais sensibilidade para a ação da PM.
Sobre o acúmulo de tarefas, ela analisa: “Estar no mercado de trabalho, ser mãe, dona de casa, não é fácil. São muitas responsabilidades que temos que cumprir satisfatoriamente. Criei sozinha duas filhas, que hoje têm 22 e 24 anos e sinto que cumpri a missão mãe, embora os filhos nunca cresçam para nós. Naturalmente, elas se preocupam com o meu trabalho, mas aceitaram a escolha que fiz e se dizem orgulhosas da minha profissão”, comenta.
A sargento Lourdes se prepara para integrar, em breve, a próxima turma do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), presente na grade obrigatória da carreira militar. O curso tem duração média de seis meses e visa aperfeiçoar a formação dos militares, habilitando-os a ascender à graduação de primeiro-sargento da PM.
Fonte: PM/AL