Lula não está imune à investigação, diz Sergio Moro
Acuado pela avalanche de evidências de que recebeu vantagens indevidas de empreiteiras ligadas ao escândalo do petrolão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva forjou em janeiro a pérola “não tem uma viva alma mais honesta do que eu”. Na manhã desta sexta-feira, porém, na mais recente fase da Operação Lava Jato, o petista foi levado para prestar depoimento à Polícia Federal e esclarecer as suspeitas de que pode ter recebido dinheiro do esquema de corrupção instalado na Petrobras e ter atuado diretamente para que os crimes perpetrados contra a maior estatal do país tivessem continuidade por anos a fio.
Na decisão judicial que determinou a condução coercitiva do ex-presidente, o juiz Sergio Moro, considerado implacável na condução dos processos relacionados à Operação Lava Jato, ressaltou, porém, o que o petista parece não acreditar: “ele não está imune à investigação”. “Embora o ex-presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto”, ressaltou Moro em seu despacho.
O juiz federal ponderou que a tomada de depoimento, ainda que sob condução coercitiva, não envolve qualquer juízo de antecipação de responsabilidade criminal “nem tem por objetivo cercear direitos do ex-presidente ou colocá-lo em situação vexatória”. “Prestar depoimento em investigação policial é algo a que qualquer pessoa, como investigado ou testemunha, está sujeita e serve unicamente para esclarecer fatos ou propiciar oportunidade para esclarecimento de fatos”, afirmou Moro.