“A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso.”
Sempre profiro que a ingratidão é a mais apavorante das crueldades, impróprios atos empreendidos por muitos de nós, velhos amigos de ocasião.
Só compreende e descreve com perfeição a ingratidão, aquele que sente a verdadeira dor da alma quando da fuga dos aproveitadores, verdadeiros improlíficos caracterizados pela esperteza de saber mamar, e não agradecer.
Uma pessoa ingrata é sempre marcada como um exemplo de nojo, despojada de qualquer bravura moral. É mais uma sanguessuga ambulante sempre pronta para a próxima ofensiva, no sentido de chegar-se a uma amizade, tão logo algo que lhe interesse, possa chegar daquela parte. Em particular, esta é uma típica conduta de muitos politicos. Atendidas todas as suas necessidades, sem nenhum “grato”, “valeu”, “te devo essa”, ou um abraço sincero, desaparece no clarão do dia, ou nas madrugadas pecadoras pelas alamedas da vida.
A ingratidão suscita por muitas ocasiões a solidão, isto por parte de quem recebeu o golpe. E, quanto maior a solidão, menor é a distância para uma depressão. Um trio extremamente doloroso, e por vezes insuportáveis para muitas almas.
Qual a dor que sentimos, quando um filho não nos respeita e foge dos princípios morais a ele ensinado?
Quanto nos dói o afastamento dos amigos ou amigas, que enquanto estávamos bem, não saiam das nossas cozinhas?
Quanto dói estar num leito hospitalar e não receber uma visita, muitas vezes daqueles que nos devem tanto?
Quanto dói estarmos num presidio, por qualquer razão, e nunca sermos visitados por aqueles que também cometeram o mesmo crime, e estão em liberdade?
“Quantas vezes acobertamos um amigo, mesmo sabendo que ele está tortuoso? Quantas vezes trocamos de concretizar nossos anseios pra acudi-lo? Passamos tardes de sol inteiras trancados num quarto escuro emprestando o ombro pra que a pessoa estoure. Vamos pra festanças quando o que mais queremos é permanecer em casa debaixo das proteções. Desmarcamos compromissos pra cuidá-lo quando fica adoentado. Nada mais justo e normal.
Saber que animamos alguém especial, que seu dia foi mais contente, apenas por nosso apoio e nossa companhia, nos faz um bem enorme. Experimente exercitar essa atitude, independente de cor, religião, raça, ou partido politico.
No entanto, investir numa amizade, ser sincero e fiel desde primeiro momento até o último, pra ser enganado assim que surge uma oportunidade, inevitavelmente, abre um rombo no peito de quem um dia acreditou numa relação verdadeira. Chega uma hora em que ser amigo pelos dois cansa, perde a graça.”
Um belo dia o dinheiro acaba, o poder esvaece, as rugas chegam, a barriga cresce, os peitos murcham, os cabelos caem, e acredite; só o amigo verdadeiro permanence.
Alguém vai vestir esta carapuça?
por/lutonho