Cadeirante espera até quatro horas por ônibus
A cidade de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, possui frota de 115 ônibus que atendem 27 linhas em intervalos mínimos de 30 minutos entre um carro e outro. Mesmo assim, um cadeirante chega a esperar até quatro horas para conseguir embarcar, isso porque parte dos coletivos estão com problemas nos elevadores.
“Já cheguei a esperar quatro ônibus passarem para conseguir embarcar com a minha filha”, conta Selma Santana Tomaz, de 34 anos, mãe da estudante Juliana dos Santos Tomaz, 15, que tem paralisia.
Até então, quando se deparavam com o elevador quebrado, mãe e motorista, às vezes com a ajuda de passageiros, suspendiam a cadeira de rodas para colocar Juliana dentro do ônibus, mas Selma conta que ela está com quase 50 quilos, o que dificulta o procedimento.
Somente uma linha de ônibus passa perto da casa da vendedora Silvana dos Santos, 40, que aos quatro anos sofreu paralisia infantil. Ela já chegou a esperar quatro horas para embarcar. “O motorista só abre a porta para dizer que o elevador está quebrado e vai embora.”
Por conta disso, Silvana sai de casa o menos possível. “Uso os ônibus uma ou duas vezes por semana e geralmente fico o dia inteiro fora, que é pra resolver tudo o que preciso”.
Emerson Fernandes, 10, tem microcefalia e junto a sua mãe, a dona de casa Elivânia dos Santos, 36, passam pelas mesmas dificuldades quando usam os coletivos. “Preciso sair bem mais cedo de casa quando tenho compromisso com hora marcada”, ela conta.
Assistente social da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Itaquaquecetuba e membro do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Maria do Carmo Batista conta que a CS Brasil, concessionária do transporte público da cidade, participa das reuniões do Conselho.
“Eles relatam que a frota está com todos os elevadores funcionando, mas das 430 famílias assistidas pela Apae, já ouvi diversos relatos de problemas. São pessoas que precisam tanto de independência e nós falamos em ‘incluir’, mas onde está essa inclusão?”.
Em nota, a CS Brasil diz que a fiscalização é feita pela empresa e pela Secretaria Municipal de Transportes da cidade e que “os coletivos passam por manutenção a cada cinco mil quilômetros rodados, incluindo a verificação dos elevadores”.
A empresa diz ainda que antes dos profissionais começarem a trabalhar, fazem checagem do ônibus e se for constatado algum problema, o coletivo não sai da garagem.
Se o problema surgir quando o carro já estiver rodando, o motorista deve seguir o trajeto até o seu próximo destino e o ônibus será recolhido. “Durante esse percurso, motorista e cobrador são orientados a solicitar ao cadeirante que aguarde o próximo carro”, finaliza a nota.