Manoel Fiel Filho: brasileiro, metalúrgico, assassinado

Captura de Tela 2016-01-16 às 23.24.39-cropO assassinato de Manoel Fiel Filho naquele 17 de janeiro de 1976, na carceragem do DOI-Codi do 2º Exército, em São Paulo, não teve a mesma repercussão da morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida menos de três meses antes no mesmo local e em circunstância semelhante.

Assim como Vladimir, Fiel foi morto sob tortura dos agentes da ditadura. A imprensa só soube do acontecido três dias depois, após a divulgação de uma nota lacônica pelo 2º Exército informando que o metalúrgico havia cometido suicídio.

Apesar da pouca repercussão, o assassinato do metalúrgico irritou o presidente Ernesto Geisel, que mandou demitir o comandante do 2º Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, praticamente desmontando a máquina de tortura e morte que funcionava no DOI-Codi de São Paulo. A saída de Ednardo não acabou com as violações aos direitos humanos nos porões da ditadura, mas os torturadores passaram a ser mais “cuidadosos” e a linha dura militar perdeu força política dentro das Forças Armadas, o que levou, em 1977, à derrota do general Sylvio Frota, em suas pretensões de suceder Geisel na Presidência da República. O presidente escolhido por Geisel foi o general  João Baptista Figueiredo.

No próximo domingo, 17 de janeiro de 2016, o assassinato do metalúrgico Manoel Fiel completa 40 anos. E a Agência Brasil apresenta hoje (15) uma reportagem especial sobre esse triste episódio da história do Brasil.

A repórter Camila Maciel e a fotógrafa Rovena Rosa foram até a cidade de Bragança Paulista, a 90 quilômetros de São Paulo, onde conversaram com a mulher e as filhas de Manoel Fiel Filho. “Meu marido morreu e salvou a turma que estava presa lá [no DOI-Codi]”, disse Thereza Fiel àAgência Brasil, ressaltando que o assassinato do marido provocou mudanças no tratamento dado aos presos políticos da época.

A reportagem entrevistou também Clarice Herzog, mulher de Vladimir, e o jurista Hélio Bicudo, que atuou no processo aberto contra o Estado brasileiro, responsabilizando-o pela morte do metalúrgico.

Leia a série de reportagens:

1 – DOI-Codi sequestra e mata Manoel Fiel e diz que metalúrgico cometeu suicídio

2 – Agentes da ditadura vão ao velório e ao enterro de Manoel Fiel Filho

3 – “Chefe, o omelete está feito”

4 – Geisel decide exonerar comandante do 2º Exército após morte de Fiel

5 – Impunidade para os agentes da ditadura era total, diz Clarice Herzog

6 – Justiça rejeita ação criminal sobre caso de Manoel Fiel Filho

Imagens e vídeo:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-01/manoel-fiel-filho-brasileiro-metalurgico-assassinado#this

 

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