Índios entregam à polícia corpos de amigos que tinham sido sequestrados
Os corpos dos dois amigos que haviam sido sequestrados por índios da etnia Enawenê-nawê na última quarta-feira (9) em Mato Grosso foram entregues à Polícia Federal na tarde deste sábado (12). Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram levados pelos índios após passarem por um bloqueio para cobrança de pedágio feito, na BR-174 entre Juína, a 737 km de Cuiabá e Rondônia.
As famílias acreditam que eles foram sequestrados pelos índios depois de um desentendimento no local do pedágio. A Polícia Federal, que investiga o caso, informou que os policiais estavam conversando com as lideranças da aldeia desde esta sexta-feira (11) e haviam dado um prazo para que os corpos fossem apresentados até às 12h deste sábado. Caso contrário, teriam início as prisões de indígenas.
Os índios entraram em contato com a delegacia de Polícia Civil de Juína às 11h desse sábado e marcaram um encontro próximo ao bloqueio realizado por eles no dia do desaparecimento dos jovens, a 120 km de Juína, para a entrega dos corpos. Segundo a polícia, os índios estavam vestidos com roupas de guerra e entregaram os corpos, que já estavam em estado de decomposição.
Os corpos foram enviados ao Instituto Médico Legal (IML) de Juína. A polícia colheu depoimentos e foi aberto um inquérito que terá continuidade em Cuiabá. Os índios informaram à polícia que vários deles foram responsáveis pelas mortes. A polícia deve pedir nesta semana a prisão dos responsáveis pelo crime.
Neste sábado, familiares e amigos dos dois jovens fizeram um protesto e bloquearam duas rodovias de Mato Grosso. Segundo Alzira Reis de Oliveira, 25 anos, havia 200 pessoas em um bloqueio e outras 300 no outro ponto de protesto. Os números não foram confirmados pelas autoridades da região.
Alzira Reis de Oliveira, 25 anos, é amiga próxima da família e conta que Genes, que era vendedor, e Marciano, motorista desempregado, estavam em uma caminhonete quando passaram pelo pedágio dos índios. Eles moravam no Bairro São José Operário, em Juína. Segundo ela, Genes viajava toda semana para Vilhena (RO) para comprar roupas para revender em Juína e desta vez o amigo Marciano havia decidido acompanhá-lo para conhecer a cidade.
Ela disse que quando os corpos chegaram ao IML a família não foi informada e soube da notícia por uma rádio. Disse ainda que as mães dos jovens estavam sob o efeito de remédios enquanto aguardavam notícias dos filhos. “A mãe do Genes está sofrendo em dobro porque não tem nem dois meses que o outro filho dela faleceu”, afirma.
Alzira conta que o pedágio feito pelos índios na região é frequente. “Hoje eles estavam cobrando pedágio no mesmo lugar durante o dia todo e tivemos informações de pessoas que vinham de Rondônia para Juína que eles não deixavam passar e até aumentaram o valor de carros de passeio de R$ 20 para R$ 50. Os ônibus e carretas estavam pagando R$ 100”, comenta.
Segundo ela, a população abraçou a causa e pede por Justiça. “Eu me sinto revoltada porque os índios podem fazer tudo, e nós não temos direito a nada, não deixam ninguém passar e estão todos lá”, declarou.
G1