México aprova uso da vacina contra dengue da francesa Sanofi Pasteur
O México se transformou no primeiro país do mundo a autorizar a vacina contra a dengue desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.
A Sanofi Pasteur pediu autorizações em 20 países da Ásia e América Latina e também fará o mesmo na União Europeia (2016) e Estados Unidos (2017).
Esta vacina, a primeira contra a dengue, uma doença com 400 milhões de novas infecções por ano, incluindo os países desenvolvidos, poderá gerar mais de US$ 1 bilhão por ano, segundo o laboratório.
O México autorizou a aplicação apenas em pessoas de 9 a 45 anos em regiões onde a doença é endêmica.
Segundo Lucia Bricks, diretora médica da farmacêutica Sanofi Pasteur no Brasil, agora haverá um processo para definição de preço da vacina, aprovação da bula e da embalagem e o produto deve chegar ao mercado no México no começo de 2016. “Estamos torcendo para que chegue rapidamente a quem precisa. Somos pioneiros em fazer uma fábrica antes de ter a vacina registrada. Nossas fábricas na França já estão validadas e têm doses prontas”, diz.
Situação no Brasil
No Brasil, a mesma vacina obteve em outubro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) a liberação comercial. Mas esta é apenas uma das autorizações necessárias para que o produto seja lançado no Brasil. A empresa ainda aguarda a concessão do registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que está analisando os documentos que foram apresentados pela farmacêutica em março.
A vacina teve de ser submetida à avaliação da CTNBio porque contém organismos geneticamente modificados (OGMs): ela combina o vírus da febre amarela com a parte dos vírus da dengue que provocam a resposta imune em quem recebe a vacina.
Eficácia contra dengue
Estudos clínicos demonstraram que a vacina foi capaz de reduzir em 60,8% o número de casos de dengue em um estudo que envolveu quase 21 mil crianças e adolescentes da América Latina e Caribe. Em outro estudo, feito com mais de 10 mil voluntários da Ásia, a vacina conseguiu reduzir em 56% o número de casos da doença.
Outro estudo, feito a partir de uma análise combinada dos testes clínicos na Ásia e na América Latina, concluiu que a vacina é mais eficaz a partir dos 9 anos de idade. A partir dessa faixa etária, a vacina é capaz de proteger 66% dos indivíduos contra a dengue.
Existem outras iniciativas de desenvolvimento da imunização contra a dengue, inclusive por instituições brasileiras. O Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), desenvolvem um desses projetos. A CTNBio já aprovou, em agosto, a realização de testes clínicos de fase 3 com esta vacina.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está envolvida em dois projetos. A farmacêutica japonesa Takeda também está na corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra dengue.