Após 54 dias perdido no mar, náufrago de Cabo Verde chega em Santos
Supreendido por uma tempestade quando pescava no litoral de Cabo Verde, país de língua portuguesa na costa da África, o pescador Juvenal Ferreira Mendes, de 52 anos, ficou 54 dias à deriva no mar. As correntes e marés o empurraram por quase três mil quilômetros até próximo da foz do Rio Amazonas, na costa brasileira, onde foi resgatado por um navio de bandeira libanesa. Na quarta-feira, 2, Mendes desembarcou em Santos, desnutrido, com 18 quilos a menos, mas vivo.
Durante as quase 1.300 horas passadas a bordo de um barco a vela com 7 metros de comprimento por 3 de largura, ele tomou água da chuva e se alimentou exclusivamente de peixes. O cabo-verdiano enfrentou sol ardente, noites geladas e várias tempestades sem poder se abrigar. Ele contou que saiu de casa para pescar na Boa Vista, uma das ilhas do arquipélago e, no dia 2 de outubro, navegava havia cinco horas de volta para casa, quando a tempestade rasgou a vela do barco e o tirou da rota. A embarcação tinha um motor, mas logo o combustível acabou e ele ficou à deriva.
Conforme seu relato, vários navios de grande porte passaram por perto, mas não o resgataram, apesar dos gritos por socorro. No dia 25 de novembro, quase sem esperança, Mendes viu um navio se aproximar e acenou com um pedaço da vela. Era o Ouro do Brasil, de bandeira libanesa, que seguia da Flórida (EUA) para carregar com suco de laranja no Porto de Santos. O capitão Uwe Hansen, de nacionalidade alemã, mandou descer um barco para resgatar o africano.
Mendes foi hidratado e alimentado. Em Santos, ele prestou depoimento na Capitania dos Portos e foi ouvido também pela Polícia Federal, num inquérito que apura acidentes e fatos da navegação. O pescador trazia consigo a cédula de identidade e objetos pessoais. Mendes, agora, aguarda autorização para retornar ao seu país. As autoridades brasileiras informaram o caso à embaixada de Cabo Verde no Brasil e aguardam providências para a repatriação do náufrago. Ele disse que só quer voltar para casa para rever os filhos e a esposa.
Fonte: Estadão