‘Vamos governar para todos’, diz novo presidente da Argentina
O empresário Mauricio Macri, eleito presidente da Argentina neste domingo (22), adiantou nesta segunda-feira (23) as primeiras diretrizes de seu governo, que começa no dia 10 de dezembro, e assegurou que irá “governar para todos”.
A eleição de Macri, líder de uma frente de centro-direita opositora do atual governo de Cristina Kirchner, interrompe 12 anos de kirchnerismo no poder. Esta é a primeira vez um líder da direita liberal chega ao poder pelas urnas em eleições livres, sem o apoio de uma ditadura, fraudes ou candidatos proscritos.
“Temos limitações pelo curto período que temos de transição”, disse Macri em entrevista coletiva junto a seu futuro chefe de gabinete, Marcos Peña, e de seu sucessor na prefeitura de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, segundo o jornal argentino “La Nación”. Em seguida, ele garantiu: “vamos governar para todos”.
Macri contou ter conversado com Cristina Kirchner durante a noite de domingo, e confirmou que eles irão se reunir nesta terça-feira (24). “Cristina me desejou a melhor das sortes, mandou saudações para minha esposa e me felicitou pela eleição”, afirmou.
Ele também confirmou que pedirá na próxima cúpula do Mercosul, em Assunção, em dezembro, que se aplique a Cláusula Democrática do bloco sobre a Venezuela “pela perseguição de opositores”.
“Vamos fazer como dissemos em campanha Vamos invocar a cláusula democrática contra a Venezuela, que corresponde pelos abusos e a perseguição de opositores”, afirmou.
Apuração
A vitória de Macri foi confirmada às 21h43 (horário de Brasília), quando com 63,26% dos votos apurados, ele alcançou 53,50% (8.524.551 votos), e Scioli, 46,50% (7.410.389 votos). Neste momento, o chefe do órgão eleitoral argentino afirmou que a tendência a favor de Macri era irreversível.
Até as 10h50 desta segunda (horário de Brasília), 99,17% dos votos tinham sido apurados. Macri tinha 51,40%(12.903.301 votos), e Scioli, 48,60% (12.198.441 votos), segundo a comissão eleitoral.
Consultado sobre suas primeiras medidas econômicas, o novo presidente não adiantou quem será o ministro da pasta, mas afirmou que “nesta semana vamos trabalhar ativamente para definir o quanto antes possível o gabinete econômico. Vai haver um ministro da Fazenda e Finanças e seis integrantes do gabinete econômico.”
Conservador, Macri defende a abertura de investimentos estrangeiros, a diminuição da inflação para um dígito em dois anos e o levantamento dos limites das exportações do setor agropecuário, além da eliminação da banda cambial – ele considera que o preço do dólar deve ser fixado “pelo mercado”. Também diz que vai criar uma agência nacional contra o crime organizado e desenvolver um sistema de estatísticas criminais.
O atual governo deixa uma economia com sinais de crescimento frágil, de 2,2% no primeiro semestre, uma inflação superior a 20% e reservas reduzidas no Banco Central.
O consumo é sustentado com programas de incentivos e ajustes de salários em negociações livres sindicatos-empresas.
Os Kirchner decidiram estatizar novamente empresas de serviços e nacionalizar o setor de petróleo. Também definiram 93% da dívida em ‘default’ desde 2001.
Fonte: G1