Encontro Nacional de Capoeira vira debate na semana da Consciência Negra

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O município de União dos Palmares, localizado na Zona da Mata alagoana, foi palco do Seminário Preparatório ao Encontro Internacional da Capoeira, nesta quinta-feira, 19. A cidade foi escolhida pela Fundação Cultural Palmares (FCP) por ser símbolo da capoeira na Serra da Barriga e pela resistência dos quilombolas de Palmares, na semana em comemoração a Consciência Negra, celebrada no dia 20 de novembro.

Cida Abreu, presidente da FCP, falou que o seminário é uma demanda desde a chegada dela para assumir a Fundação, através do ministro da Cultura, Juca Ferreira, que em 2003, com o então ministro Gilberto Gil, tornou a capoeira como patrimônio imaterial no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan).

“Nosso objetivo com o seminário é construir um grupo de trabalho que irá pensar na construção do encontro que vai reunir capoeiristas do mundo, em 2016, Bahia, e, além disso, estes mesmos capoeiristas irão pensar em um plano de políticas públicas para a capoeira. Nós pretendemos colocar a capoeira dentro do orçamento público federal, das metas do plano plurianual e dentro das metas do Ministério da Cultura, para que de fato os capoeiristas possam estar inseridos em todas as ações prioritárias das políticas públicas culturais”, esclareceu a presidente da fundação.

A presidente da fundação falou da relação da capoeira com a religião de matriz africana. Segundo ela, o jogo está inserido na religião por conta da tradicionalidade, porque são duas culturas de oralidade e de transferência de geração, por isso tem essa relação muito forte entre eles.

“Uma ação de capoeiristas do Brasil todo aqui em União dos Palmares para pensar todas essas políticas fortalece as religiões de matriz africana, que vêm sofrendo crimes de racismo e de intolerância religiosa no momento atual. Eu entendo que essa atividade ela só fortalece todas as casas de umbanda e candomblé do país”, afirmou Cida Abreu.

O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Cultural (Iphan) também esteve presente no encontro. Representado por Marina Lacerda, coordenadora nacional de registros do instituto, o Iphan tem se aproximado da comunidade detentora do bem, de capoeira, para que possa ser estabelecida uma salvaguarda, um trabalho contínuo de valorização da capoeira.

“Essa é mais uma oportunidade de nós trabalharmos o protagonismo dos capoeiras nesse processo de valorização e alinhar as ações da FCP com as do Iphan, e dessa forma melhorar a relação e valorizar ainda mais o trabalho que é realizado pelos capoeiristas”, explicou Marina Lacerda.

O professor Sergio Gusmão, conhecido como contramestre Espigão, faz parte de um programa incentivado pela prefeitura de Teotônio Vilela que leva cultura, a história de Palmares e da escravidão para as crianças e adolescentes do projeto, educando para não existir a intolerância religiosa.

“Estamos resgatando nossa cultura através da capoeira e ensinando para eles que existe o respeito no jogo, e existe, principalmente, o respeito a Zumbi dos Palmares, que tanto sofreu para ter liberdade. Mostramos a todos que somos livres e que temos uma história para contar”, disse o professor, muito emocionado.

Capoeira

A Capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte-marcial, esporte, cultura popular e música. De origem Afro-brasileira, incorpora movimentos de luta, acrobacias, dança, percussão e músicas num diálogo rítmico de corpo, mente e espírito.

A prática era desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos com alguma influência indígena, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

 

Agência Alagoas

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