Morre oficial que anunciou sem querer a queda do Muro de Berlim
O oficial da Alemanha Oriental Günter Schabowski, que anunciou sem querer a queda do Muro de Berlim em 1989, morreu neste domingo, aos 86 anos. Schabowski entrou para a história por meio de algumas palavras improvisadas.
— Não diria que eu fui o herói que abriu a fronteira: na verdade, tentei agir para tentar salvar o sistema da RDA — confidenciou Schabowski em 2009, recordando os minutos que mudaram a Alemanha.
Em 9 de novembro de 1989, o secretário-geral do Partido, Egon Krenz, informou aos dirigentes do regime que havia sido adotada uma nova legislação sobre as viagens dos alemães do Leste, depois de meses de protestos em massa e um êxodo crescente para o Oeste, via a Hungria.
Às 18h do horário local, Schabowski apresentava ante a imprensa internacional as últimas decisões do regime, mas sem mencionar a abertura das fronteiras, e esperando “evitar questões”.
Em resposta a uma pergunta, o porta-voz lê um documento que anuncia que os vistos para viajar ou imigrar para o exterior seriam entregues “sem condições prévias ou razões familiares”.
— A partir de quando? — perguntou um jornalista.
Schabowski hesita e depois improvisa:
— Pelo que sei… em seguida, imediatamente.
Os jornalistas saem correndo da sala para divulgar a informação: “Os alemãs orientais podem viajar para o exterior a partir de agora”.Uma multidão começa a se reunir ante o posto de fronteira de Bornholmer Strasse, que conectava Berlim Oriental com Berlim Ocidental. Mas os guadas, confusos, não sabem se devem deixá-los passar ou não.
Às 22h42min, a televisão pública do ocidente anuncia: “Este 9 de novembro é um dia histórico. As portas do Muro estão abertas de par em par”. Às 22h30min, no Bornholmer Strasse, um oficial acaba por dar a ordem: “Abram a fronteira!”
A multidão se lança para Berlim Ocidental. Alemães dos dois lados, eufóricos, comemoraram com abraços. O muro cai em poucos dias, precipitando a queda do regime do leste-alemão.
Günter Schabowski não poderia ter previsto nada igual. “Em 9 de novembro eu ainda era um comunista”, confiou vinte anos mais tarde a jornalistas estrangeiros.
AFP