Professora confessa dar tranquilizante a crianças e alega ‘esquecimento’ em Pernambuco
A professora suspeita de dar suco com tranquilizante aos alunos confessou – em depoimento – que cometeu o ato por “esquecimento”, conforme informou o advogado de defesa Cláudio Maia. Ela foi ouvida nesta terça-feira (13) na Delegacia de Polícia Civil de Belo Jardim, Agreste de Pernambuco. A mulher chegou ao local com o rosto coberto pelo paletó de um dos advogados. O caso ocorreu em uma escola de Sanharó, na mesma região, na terça (6), durante comemorações da semana da criança.
O advogado da professora contou ao G1 que ela passou por um tratamento psiquiátrico durante dois anos, mas interrompeu por conta própria. Ele alega que a professora deu o suco às crianças por engano. “Como ela levava todos os dias um suco para a escola, para uso próprio, ela colocou comprimidos tranquilizantes na bebida. Quando ela estava tomando, os alunos começaram a pedir o suco. Ela esqueceu que tinha colocado a medicação e deu o suco às crianças”, disse.
“Um certo tempo depois, uma auxiliar percebeu que as crianças estavam um pouco sonolentas. Foi quando a professora lembrou que havia remédio no suco. Ela ficou desesperada. Em nenhum momento ela teve a intenção de dar o suco com tranquilizante às crianças, foi tudo acidental. Ela não tinha o hábito de levar medicação para a escola. Segundo ela, essa foi a primeira vez que isso aconteceu”, explicou o advogado.
Cláudio Maia também alega que a professora voltou a ter sintomas depressivos devido à rotina escolar. “O problema é: ela estava numa sala de aula sozinha sem as professoras auxiliares e, diante da euforia da semana da criança, ela ficou um pouco incomodada. Com essa pressão toda, ela voltou a ter esses sintomas [depressivos] e a tomar a medicação”, contou.
Também conversou com o delegado José Rivelino, responsável pelas investigações do caso. Ele afirma que está esperando a divulgação do laudo médico para comprovar o que a professora disse em depoimento. “O laudo é imprescindível para a investigação do caso. Se ela me disse que colocou determinada substância no suco, só o laudo vai poder confirmar. Nós agora temos 30 dias para fechar o inquérito”, disse.
“Ela disse que chegou a tomar um copo do suco e ficou meio desnorteada em sala de aula. Ela não disse a quantidade. Falou que colocou numa garrafa para uso próprio. Ela alega que foi uma garrafa, já ouvi que foi uma jarra. Vamos investigar porque, para uso próprio, uma garrafa é muita coisa”, explicou o delegado.
Entenda o caso
A professora teria dado suco com tranquilizante para os alunos da Escola Municipal Nilza Leite Avelino na terça-feira (6), em Sanharó. O prefeito se reuniu na quarta-feira (7) com a secretária municipal de Educação, a diretora e a coordenadora da escola para saber detalhes da situação. O gestor explicou as providências adotadas para o caso. “Abrimos um inquérito administrativo e determinei que a professora fosse afastada”, afirmou o prefeito Fernando Edier de Araújo Fernandes.
A gestora da instituição, Ana Lúcia da Silva, pediu para que a docente fosse transferida da instituição de ensino. “Pedi isso por questão de segurança. Algumas mães estavam muito nervosas com o que ocorreu, estavam ameaçando a professora”, disse.
Nove crianças entre quatro e sete anos deram entrada “com sonolência” na Unidade Mista João XXIII após ingerir a bebida, de acordo com a diretora da unidade, Thayse Monteiro. Oito alunos receberam alta na quarta (7). A última criança que estava internada saiu da unidade de saúde na quinta-feira (8), de acordo com informações do setor de serviço social.
G1