Nasa vê fortes indícios de água corrente em Marte

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“Marte não é o planeta seco que pensávamos. Em certas circunstâncias, existe água líquida no planeta”, anunciaram pesquisadores da Nasa nesta segunda-feira.

Em uma entrevista coletiva, cientistas da agência espacial americana afirmam que manchas escuras observadas na superfície de Marte podem estar ligadas à existência de água corrente durante o verão no planeta.

“Essas manchas se formam no fim da primavera, aumentam no verão e somem no outono. Por 40 anos, não pudemos explicar por que elas existiam”, disse Jim Green, o diretor de ciência planetária da Nasa, durante a apresentação.

“Marte sofreu uma enorme mudança climática e perdeu sua água. Mas há muito mais umidade no ar do que jamais havíamos imaginado.”

Dados do satélite Mars Reconnaissance Orbiter mostram que as linhas escuras, que aparecem em declives marcianos, estão associadas a depósitos de sal, que podem alterar os pontos de congelamento e evaporação da água, fazendo com que ela fique líquida por tempo suficiente para se mover. Sem isso, a água congelaria nas baixas temperaturas do planeta.

A aparente existência de água líquida e corrente aumenta a possibilidade de que micróbios também possam existir hoje – ou ter existido – no planeta vermelho, segundo os cientistas.

A descoberta também tem implicações para os planos de enviar astronautas a Marte, já que a identificação de córregos perto da superfície poderia facilitar o estabelecimento de colônias.

Minutos antes do anúncio, o estudo da pesquisadora da Nasa Lujendra Ojha foi divulgado na publicação científica Nature Geoscience.

“Nossas descobertas apoiam fortemente a hipótese de que as linhas recorrentes em declives se formam como resultado de atividade contemporânea de água em Marte”, afirma o estudo, esclarecendo que “a origem da água que forma as atuais linhas em declives ainda não foi compreendida”.

“A água é essencial para a vida como a conhecemos. A presença de água líquida em Marte hoje tem implicações astrobiológicas, geológicas e hidrológicas que podem afetar a futura exploração humana.”

‘Como a Terra’

De acordo com John Grunsfeld, chefe da equipe científica da Nasa, Marte já foi um planeta “muito parecido com a Terra, com mares salgados e mornos e lagos de água fresca”.

“Mas algo aconteceu com Marte, que perdeu sua água. Será que já houve vida no planeta e podemos descobrir isso?”

Pesquisadores já haviam encontrado provas de que o planeta tinha água congelada em seus polos, em sua fina atmosfera e, mais recentemente, em pequenas poças que pareciam se formar à noite na superfície.

Em março, a Nasa revelou ter descoberto que um vasto oceano pode ter ocupado quase metade do hemisfério norte do planeta.

De acordo com os pesquisadores, o oceano teria existido por cerca de 1,5 bilhão de anos, mas, com o tempo, a atmosfera do país ficou mais fina, e a queda na pressão do ar fez com que mais água fosse perdida para o oceano.

O planeta também teria perdido a maior parte de seu isolamento térmico e, sem calor suficiente para manter a água líquida, o oceano diminuiu e acabou congelando. Hoje, apenas cerca de 13% da água permaneceria, congelada nos polos marcianos.

Em abril, a agência espacial divulgou que o veículo Curiosity encontrou informações que mostravam a existência de água bem salgada – uma espécie de salmoura – no solo marciano.

 

MSN

 

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