‘Não como de garfo. Cabe pouca comida’, dizem sertanejos Henrique e Juliano

catsVocê pode até nunca ter ido a um show ou mesmo não conhecer os rostos de Henrique e Juliano, mas com certeza conhece algum de seus muitos sucessos. Eles já somam impressionantes 700 milhões de visualizações de todos seus vídeos na internet. Apenas “Cuida bem dela” já ultrapassou a marca de 110 milhões de views. Todo esse sucesso fez o cachê deles disparar. Agora, eles cobram R$ 350 mil por show. Com tanto dinheiro, a vida deles mudou radicalmente. As mulheres, inclusive, não são mais tão difíceis de conquistar. Afinal, eles já têm algumas fazendas, dois aviões e em breve terão um helicóptero. Numa entrevista absolutamente sincera e aberta, os irmãos Ricelly e Edson (seus nomes verdadeiros) confessam que, apesar de tanta riqueza, ainda preferem comer de colher. Neste domingo, Henrique e Juliano se apresentam na Rio Sampa, em Nova Iguaçu, e na próxima quinta-feira eles cantam pela primeira vez no Rio, no Barra Music.

Vamos começar com o básico para quem não conhece vocês. O nome de vocês é Ricelly e Edson?

Henrique: Ricelly Henrique Tavares Reis.

Juliano: Isso. Edson.

Mas de onde veio Henrique e Juliano?

Juliano: Na verdade, quando a gente começou a cantar a gente usava Henrique e Junior. A galera achava que era uma pessoa só na hora de anunciar nos shows.E aí a gente foi vendo a necessidade de mudar o nome. Meu irmão pegou um caderno e começou a fazer uma lista com várias opções que vieram na cabeça dele. Eu não gostava de nenhum nome que ele escolhia, eu já estava com sono porque era de noite, a gente tinha que acordar cedo para ir para o colégio… Aí ele acordou de madrugada… Henrique: Eu tive um sonho, cara. Eu não vi nada. Foi um sonho. Era tudo escuro e alguém falou no meu ouvido: ‘Juliano’. Na hora, eu acordei e fui no caderno. Era o único nome que não tinha. Acordei o Juliano na hora.

Vocês têm quantos anos?

Juliano: Eu tenho 20 anos (risos). Não, tenho 24.

Henrique: Eu tenho 26 anos.

Todo mundo te chamava de Juninho? A sua família ainda te chama assim?

Juliano: A minha família me chama de Edson Junior.

Vocês tem mais irmãos?

Juliano: Pelo que meu pai fala, não. Se tiver, a gente ainda não descobriu.
Henrique: Não tem, não.

Uma dupla de irmãos é difícil, né. É raro. A gente vê mais casos no passado.

Henrique: Hoje está mais difícil. Mas para a gente é uma felicidade muito grande. A gente foi criado muito unido. Desde pequeno fazíamos tudo juntos. Então, não tem briga, não tem discussão, não tem atrito, não tem nada.

Juliano: Eu não sei o que é cantar com outra pessoa. Meu irmão também não.

Como é a vida em Palmeirópolis? Qual a distância de Palmeirópolis  para Palmas?

Juliano: 430 km, né? São umas quatro horas de viagem. A gente saiu de lá muito novo.

Henrique: A gente saiu de lá com nove anos. Eu tinha nove e o Juliano tinha oito. A gente cresceu e foi criado em Palmas. Nós crescemos com a cidade. A cidade de Palmas é um dia mais velha que eu. Lógico que a gente sempre ia para Palmeirópolis também. Às vezes íamos passar férias. Mas logo todos os nossos parentes também acabaram saindo de lá. Então, a gente começou a voltar muito pouco em Palmeirópolis. Tem mais ou menos um ano que a gente não vai lá.

Ondes vocês moram?

Henrique: Goiânia e Palmas. Nós temos uma fazenda em Palmas e a gente alterna muito. Ficamos em Goiânia, no final de semana vamos para a fazenda.

Vocês moram juntos?

Juliano: Moramos.

E essa convivência não cansa?

Henrique: Não.

Quando vocês se deram conta do sucesso, de que a vida ia mudar?

Henrique: Eu acho que foi… no DVD do ano passado? Ou quando a gente pisou no Rio de Janeiro e tinha fã esperando no aeroporto… Como assim fã no Rio de Janeiro?

Juliano: Ah, não. Eu falaria no DVD de Palmas. A gente gravou a música ‘Não Tô Valendo Nada’, que foi a música que mostrou a gente para o Brasil.

O que é o sucesso?

Henrique: Cara, eu acho que o sucesso é felicidade.

Ok. Mas vamos falar do sucesso prático. Por exemplo, vocês têm tempo para fazer as coisas que faziam no ano passado?

Henrique: Não. É muito complicado.

Vocês já compraram alguma coisa que antes vocês não podiam comprar?

Henrique: Graças a Deus. Hoje nós estamos muito bem. Antes a gente não tinha nem uma bicicleta para andar.

Juliano: Você compra as coisas, mas não pode usar. Você não tem tempo. Você compra um carro bom, mas o carro fica parado lá. Tem um ano que eu comprei um carro, mas só andei com ele cinco vezes.

Não pensam mais em dinheiro? Já tiveram algum problema de dinheiro?

Juliano: A vida inteira. Minha mãe era bancária. Meu pai era piloto de avião, mas não exercia a profissão. Ele era piloto de avião e foi office boy de uma concessionária de carros lá em Palmas. Nossa vida sempre foi muito conturbada.

Era classe média baixa?

Juliano: Isso. Era uma classe média baixa. A gente nunca teve escola cara. Era escola pública.

Henrique: Só eu que estudei em colégio particular. Mas também só estudei nessa escola por dois anos. O Juliano foi o tempo todo na rede pública. Então sucesso é isso, estabilidade financeira. Graças a Deus a gente tem fazenda, tem aviões…

Aviões? Quantos?

Henrique: Já temos dois aviões. O Juliano está comprando um terceiro, um helicóptero agora pra ele.

Juliano: Sou fã de aviação.

Quando vocês viajam, você pilota?

Juliano: Sim. Também.

Mas cada um tem um avião?

Juliano: Não. Tem um avião, que é da dupla, que usamos para fazer shows. O outro avião eu comprei antes de comprar o da dupla. É um avião menor e hoje ele fica na fazenda para levar o meu pai aos lugares que ele quiser ir. Para ele passear com a minha mãe…

Henrique: Esse avião é do Juliano e do meu pai.

Agora vocês vivem em uma outra realidade, mas o que vocês ainda têm daquela realidade antiga?

Juliano: É  a mesma coisa.

Toda a rotina de vocês continua igual?

Henrique: Eu odeio frescura. Nunca aprendi essas coisas de talher. Eu sou um cara que come de colher e faca.

Mas você não come com garfo?

Henrique: Não como de garfo. Cabe pouca comida, fica caindo… Não tenho paciência. Meto a colher logo.

Você também é assim?

Juliano: Não. Mas eu também não tenho muita frescura. Eu gosto de comer com colher, claro, mas eu sei lidar com o garfo também.

E vamos falar sobre vida pessoal. O assédio mudou? Vocês pegam mais mulher?

Juliano: Já pegamos.

Vocês estão solteiros?

Henrique: Estou solteiro.
Juliano: Não.

Você está namorando?

Juliano: Aqui em Salvador, não.

Henrique: Mas a gente sempre teve namorada, desde o início da nossa carreira. Eu namorei por sete anos. Estou solteiro há dois meses.

E por que terminou?

Henrique: Correria, né? Eu estava sentindo uma pressão muito grande por causa do repertório desse DVD que nós gravamos. Todo dia tinha show, na folga tinha que ir para estúdio. Então, deixa eu respirar esse trabalho.

E você?

Juliano: Eu larguei um relacionamento de sete anos também. Tem uns quatro meses. Foi muito rápido. Eu larguei um e  já comecei outro logo em seguida.Ela mora em Porto Alegre. É bom. A gente fala: ‘O show é muito longe, fica por aí mesmo. Não precisa vir’ (risos).

Vocês acham que ficaram mais bonitos?

Henrique: Com certeza. A gente engordou, começou a comer bem, a barba cresceu. É engraçado, mas eu não procuro usar muito isso. Quando a gente não estava fazendo shows, não tinha o trabalho reconhecido, era tão difícil arrumar uma mulher, rapaz. Era complicado.

Juliano: A conta bancária aumentou… Muitas querem ficar com a gente por status.

Mas você sabe disso, né? Você sabe o jogo que está sendo jogado.

Henrique: Sim. Claro. E aproveito também.

O que a música ‘Cuida Bem Dela’ representou na carreira de vocês?

Juliano: Não só ‘Cuida Bem Dela’, mas ‘Até Você Voltar’ também… Eram músicas pra ex-namoradas. Essas músicas mudaram a nossa vida. Elas deram visibilidade à dupla Henrique e Juliano.

Chegar ao topo, alcançar o sucesso é difícil. Mas permanecer é mais difícil, né?

Juliano: É foda.

Henrique: É mais difícil ainda. A gente tem números incríveis e estamos prestes a ser a primeira dupla que conseguiu um bilhão de visualizações no YouTube, juntando os vídeos. A gente está com mais de 700 milhões de visualizações.

A música ‘Cuida Bem Dela’ é sobre um cara que sacaneou a mulher e perdeu o amor da vida dele?

Juliano: É. O cara não conseguiu segurar…

Henrique: Não precisa ser uma zoação…

Vocês  passaram por isso?

Henrique: Não.

Juliano: Não.

Uma coisa que eu reparei no clipe é que vocês interpretam bastante.

Juliano: É intencional.

Henrique: Música é muito mais interpretação que outra coisa. Você pode cantar uma música e não passar verdade. Essa música já tem uma puta história, se você não passar verdade no que você quer dizer, as pessoas não vão acreditar.

O que a dupla Jorge e Mateus representa para vocês? É uma dupla rival?

Henrique: Não

É uma dupla parceira?

Juliano: Lógico.

Henrique: Cara, eles são colegas de trabalho. O Mateus é um cara que frequenta a nossa casa. O Jorge também frequentou nossa casa. Já fui na casa do Jorge tomar uma com ele.

O Jorge é incrível. Poucas pessoas são tão malucas e do bem como ele.

Henrique: Demais. Já ficamos bêbados demais juntos. A primeira vez que bebi com o Jorge a gente ficou horrivelmente bêbados. O Jorge acendeu um cigarro, colocou na orelha e dormiu.

Juliano: Eu tive que ir só para segurar a onda dos dois.

Agora só para finalizar, eu queria que vocês mandassem uma mensagem para quem está lendo a gente e ainda não conhece vocês. O que a pessoa vai conhecer quando ouvir Henrique e Juliano?

Henrique: Quando você escutar a dupla Henrique e Juliano, você vai ver verdade. Eu sempre falo que gosto de trabalhar com verdade. Gosto de levar verdade para as pessoas através de música. Henrique e Juliano é uma dupla que já cantou de tudo, desde gravar com funk — nós gravamos nosso primeiro DVD com os Hawaianos — até ‘Cuida Bem Dela’, que é uma música bem diferente disso. Nesse novo DVD também já tem coisas diferentes do que a gente já fez… A gente gosta de estar em cima do palco. É o nosso habitat.

Juliano: Somos dois moleques novos, que estão amando, estão vivendo. Estamos realizando um sonho de estar em lugares diferentes, conhecendo pessoas novas, cidades diferentes. Não temos nada para reclamar. Só agradecer.

Quanto está o cachê de vocês hoje?

Juliano: Tem que ligar para o escritório para saber. Mas R$ 350, R$ 400 mil. Sexta e sábado.

E há dois anos?

Juliano: Até R$ 20 mil. Começamos com R$ 20 mil.

Henrique: Não começamos com R$ 20 mil. Foi menos. Começamos com nada, tocando por R$ 1. Eu tive outro emprego antes da música, né. Eu cheguei a ser garantista em uma concessionária de motos e ganhava um salário mínimo. Isso foi em 2007. Aí comecei a fazer faculdade de direito, fiz a prova do banco, passei… Mas fiquei seis meses na faculdade só. Não gosto de estudar de jeito nenhum. Nunca gostei.

Juliano: Tinha uma mesa sinuca na faculdade e ele não assistia as aulas.

Henrique: É. Dava o intervalo eu ia jogar sinuca e não voltava mais. Voltava só para buscar a mochila. O que eu gostava da faculdade era isso. Você podia sair e entrar a hora que você quisesse. Eu não conseguia prestar atenção. A professora começava a falar uns negócios lá, eu pegava o caderno e queria escrever música.

 

Fonte: Leo Dias/O Dia

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