Aposentado vive corrida contra o tempo enquanto aguarda transplante
Tudo corria bem na vida de Cosmo Francisco, 47 anos, quando uma notícia, no ano passado, mudou completamente a sua vida. Portador da Doença de Chagas e em tratamento há sete anos, foi comunicado pelo médico que apenas um transplante poderá devolvê-lo a saúde. A partir de então, enfrenta uma corrida contra o tempo. A espera está sendo angustiante, mas a fé é maior e acredita que em breve encontrará um doador.
Casado e pai de um filho, Cosmo, que trabalhava numa empresa de renovação de pneus, disse que no início tomou um susto, mas à medida que o tempo vai passando tem focado o pensamento, juntamente com a família, na possibilidade de aparecer um doador. Aposentado por conta da doença, revelou que sempre foi favorável à doação de órgãos e nem imaginava a possibilidade de um dia estar na fila a espera de um transplante. “Sempre fui a favor da doação, mas nunca imaginei que um dia estaria nessa situação”, frisou.
Os dias vão passando e a expectativa de Cosmo Francisco só aumenta. Mas, mesmo quando o desânimo chega devido à demora do aparecimento de um coração, tem procurado viver cada dia, mesmo com as limitações que a doença impôs. A confiança em Deus e o apoio que recebe dos parentes têm sido fundamentais para que prossiga e creia que muito em breve será convocado a se submeter a cirurgia.
O transplante de coração que Cosmo irá se submeter está entre os que ocorrem em menor escala, se comparado com o de córnea e rins. Em Alagoas, três ocorreram em 2014 e em 2015 foram registrados até agora dois. A doação de órgãos ainda é vista com restrições pelas famílias no Brasil com o índice de negação de 46% e, em Alagoas chega a 57%. Atualmente, mais 300 pessoas aguardam transplante no Estado.
Mesmo com o trabalho que a Central de Transplantes em Alagoas faz orientando sobre a importância da doação de órgãos, que salva vidas, a família em sua maioria não aceita. Os motivos para explicar a negação são os mais variados possíveis, como o desejo de enterrar o corpo do ente querido íntegro. Outro motivo é o de a pessoa falecida não ser a favor da doação e o da família por não compreender o diagnóstico de morte encefálica.
Dia do Doador
Uma política de transplante tendo como base ações socioeducativas é a alternativa para estimular o aumento das doações no Brasil. O trabalho já vem sendo feito, mas necessita de um maior envolvimento da sociedade, como dos profissionais de saúde que atuam na área de emergência e urgência.
O Dia Nacional do Doador de Órgãos foi instituído pela Lei nº 11.584/2007, com a finalidade de conscientizar e alertar a população sobre a importância da doação de órgãos. Em Maceió, neste domingo (27), a Central de Transplantes realiza uma ação na Rua Silvio Viana, conhecida como Rua Fechada, na Ponta Verde. O evento acontecerá das 9 às 16 horas, com distribuição de informativos sobre como ser um doador, os procedimentos necessários, entre outros. Durante todo este mês, chamado de “Setembro Verde”, a central realizou palestras no Hospital Geral do Estado e fez uma homenagem aos doadores do Estado.
Agência Alagoas