198 anos de Emancipação de Alagoas, comemorando-se o quê?

Carlos Augusto Filho

 

16 de setembro de 2015. Completam-se 198 anos de Emancipação Política de Alagoas, fato que há muito não era, ou não foi muito bem compreendido ou interpretado por alguns analistas e jornalistas pelo menos das últimas três gerações, a exemplo de um dos maiores deles, o escritor e jornalista Barbosa Lima Sobrinho (in memorian), um dos seus mais atuantes presidentes, em que se registre, por três vezes, e que defendeu seus princípios até morrer aos 103 anos, ainda escrevendo e atuando.

cats
Geraldo Sampaio, Barbosa Lima Sobrinho, João Marcos Carvalho e Carlos Augusto Filho.

Segundo Barbosa Lima Sobrinho, em entrevista concedida a este seu “aluno”, Carlos Augusto Filho, no ano de 2001 em palavras já não muito audíveis, porém ainda com mãos proporcionalmente ágeis à aposentada máquina de datilografia, Alagoas jamais deveria ter se emancipado do vizinho Pernambuco, pois, de acordo com o mesmo, foi a partir dali que a então futura “Terra dos Marechais” passou a “correr no caminho inverso do crescimento”, essa era a defesa que fazia o estudioso Barbosa Lima Sobrinho enquanto viveu. Convém lembrar que, Barbosa Lima e os advogados, atuantes e muito conceituados, Evandro Lins e Silva (em memória), e Marcello Lavenére – presidente da OAB à época – foram considerados os mentores do Impeachment do então presidente da República, e hoje senador, Fernando Collor de Mello, que após a sua derrocada tornou-se inimigo declarado dos três. Vale salientar que apenas o povo alagoano, em grande parte, trata com respeito esse que, hoje, mais uma vez é alvo de graves denúncias de má conduta contra o poder público.

Péssimo exemplo para Alagoas e para a sua pseudo emancipação.

Barbosa declarava ainda à época que “a Terra dos Marechais nunca foi emancipada, muito menos independente ou autossuficiente”.

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Considerada Terra de consideráveis contrastes, Alagoas acabou perdendo o “bonde do desenvolvimento” econômico, social e intelectual ao longo de sua história. Mesmo assim, o seu povo continua, valentemente a lutar contra os desmandos e irresponsabilidade político-administrativa. E assim vai sobrevivendo.

Talvez haja o que comemorar. Por outro lado, o que não há para celebrar é a pobreza, que continua como um traço muito forte, muito presente, da economia de Alagoas, fato comprovado a cada ano que passa. Se for observada a vocação folclórica e festiva desse povo, poderá existir o que comemorar. Mas se houver um olhar mais cuidadoso em direção ao contraponto, a outras situações, como o caos na saúde, educação, economia ou os índices de violência, certamente Alagoas terá dificuldades para encontrar razões para festejar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *