Líderes europeus anunciam planos para abrigar refugiados
Após a imagem do menino Aylan Kurdi, encontrado morto em uma praia da Turquia, ter feito com que os olhos do mundo se voltassem para a crise gerada na Europa pela chegada de milhares de refugiados, que arriscam a vida para fugir de zonas de conflito como a Síria, líderes do continente declararam planos de ajuda para acolher essas pessoas.
Está previsto que a Comissão Europeia proponha aos países-membros, na próxima quarta-feira (9), a distribuição de outros 120 mil refugiados dos milhares que chegaram à Hungria, Grécia e Itália, que se somam às 32.256 pessoas que já se comprometeram a receber em julho, com a incógnita ainda de se os parceiros aceitarão um sistema de cotas obrigatórias.
Nesse sentido, a chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu solidariedade dos países europeus para combater a crise dos refugiados. Angela Merkel disse que a Alemanha é um país aberto ao acolhimento de pessoas que precisam de ajuda, mas que “outros países europeus também devem acolhê-los”.
Merkel fez o pedido ao apresentar um pacote de medidas que incluiu no orçamento alemão de 2016 cerca de R$ 11,5 bilhões (3 bilhões de euros) para ajudar os refugiados. Durante o fim de semana, foram registrados mais de 15 mil pedidos de asilo só na Alemanha.
O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que o país irá acolher este ano cerca de 800 mil refugiados e está disposto a superar esse número a longo prazo, mas é necessário o apoio de outros países europeus. Gabriel acrescentou ainda que a situação atual vai ser enfrentada com um misto de confiança e realismo.
Já o Reino Unido anunciou que receberá 20 mil refugiados sírios “nesta legislatura”, que acaba em 2020, disse o primeiro-ministro, David Cameron. No retorno do recesso de verão, Cameron informou aos deputados que os refugiados virão de campos em países na fronteira com a Síria. Por isso, não incluirão as pessoas que tenham chegado à Europa por seus próprios meios.
O primeiro-ministro explicou que, ao não fazer parte do Acordo de Schengen — que permite a livre circulação de pessoas dentro da União Europeia —, o Reino Unido pode decidir “seu próprio enfoque” para resolver a crise de imigrantes que chega ao continente.
Por sua vez, a França está preparada para receber cerca de 24 mil refugiados nos próximos dois anos, dos 120 mil que prevê a Comissão Europeia para o conjunto da União Europeia, dentro do chamado “mecanismo permanente e obrigatório” proposto por Paris e Berlim.
O presidente francês, François Hollande, fez o anúncio em sua entrevista coletiva semestral no Palácio do Eliseu, na qual garantiu que a atual situação “será controlada”. Hollande estimou em cerca de 60 mil o número de pedidos de asilo político que a França receberá ao longo deste ano.
Além disso, propôs a realização de uma conferência internacional sobre os refugiados em Paris e destacou a necessidade da criação de centros nos países de origem para poder evitar “essa crise humana”.
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, garantiu que o país fará o esforço que for necessário para assumir “a cota máxima” de refugiados que lhe corresponda e disse que espera que a Comissão Europeia faça na quarta-feira (9) uma proposta “integral e compreensiva”.
García-Margallo fez estas declarações junto com seu colega iraniano, Mohamad Javad Zarif, no Ministério das Relações Exteriores em Teerã.
R7