Minotauro anuncia aposentadoria e aceita cargo de embaixador do UFC
Rodrigo Minotauro anunciou, nesta terça-feira, a sua aposentadoria do MMA, em coletiva de imprensa realizada pelo Ultimate na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ex-campeão do Pride e do UFC, o brasileiro agora assume a função de Embaixador de Relacionamento com Atletas do UFC Brasil. Em seu novo cargo, segundo comunicado da organização, Minotauro “vai participar de diversas iniciativas pelas regiões do Brasil. Ele será a ligação da organização entre atletas, patrocinadores, mídias e órgãos governamentais (…) e irá auxiliar o UFC a manter o mais alto padrão dos lutadores e, ao mesmo tempo, atuar como um mentor no desenvolvimento de jovens atletas”.
– Para mim é um grande prazer e uma honra continuar meus laços com o UFC. Sempre tive a paixão de acompanhar o desenvolvimento de novos atletas e é isso que desejo continuar fazendo. Quero ajudar a disseminar o MMA por todo o mundo e dar minha contribuição para o surgimento e desenvolvimento de jovens talentos. Agradeço a confiança que Dana White e que Lorenzo e Frank Fertitta estão depositando em mim, e creio que, com muito trabalho, vamos alcançar grandes resultados juntos. Eu sei que posso, e vou, contribuir muito para o crescimento do nosso esporte. É um momento bem importante da minha carreira. Há pouco mais de três meses, quando o Giovani Decker assumiu o UFC (no Brasil), a gente passou a ter mais contato e recebi ligações constantes e mensagens do atual presidente e percebi uma grande preocupação do UFC, dessa relação do atleta com a empresa. Um time de futebol, fazendo uma analogia, não seria o que é se não fossem os jogadores. Esse reconhecimento do presidente da importância dos atletas foi muito importante para mim. Me fez criar a vontade de continuar o trabalho com ele, ajudando os atletas novos, estruturando a descoberta de novos talentos, mas ajudando os garotos que estão chegando no UFC. Tanto na parte técnica quanto no olho, essa foi uma conversa do Dana White comigo na minha última luta, do Lorenzo também. Agradeço a confiança dessas pessoas que são donas do maior evento da história do nosso esporte. Assisti aquela primeira luta do Royce Gracie. Fiquei abismado ao ver aquilo, o mundo do UFC em 1993. Me tornei um lutador profissional por causa do UFC, então para mim é uma honra estar passando para o outro lado e poder estar apoiando o Dana White, Joe Silva, e outros nomes. Além da parte social, que acho muito importante, fazemos desde 2008. Fico feliz com a presença de vocês, de estarem aqui mostrando para o mundo esse dia super importante na minha carreira. – afirmou Minotauro.
Presidente do Ultimate, Dana White fez elogios ao agora ex-lutador e mostrou-se ansioso para trabalhar junto com o brasileiro.
– Minotauro é uma lenda no MMA. Ele é respeitado por lutadores e fãs por todo o mundo. Tem sido uma honra assisti-lo competir e estou feliz pela sua aposentadoria. Ele será um trunfo enorme para o UFC, atletas e para o esporte como embaixador. Mal posso esperar para trabalhar com ele nesse novo capítulo de sua vida – disse, através da assessoria de imprensa da companhia.
Diretor do UFC no Brasil, Giovani Decker, que esteve ao lado de Minotauro na coletiva, foi o primeiro a falar e também enalteceu o baiano.
– Uma honra estar nesse momento histórico, não só para o UFC, mas para o esporte brasileiro. Hoje essa lenda chamada Antônio Rodrigo Nogueira, sai do octógono e vem trabalhar com a gente Hoje, oficialmente, ele deixa o octógono e vem trabalhar como embaixador. Sua principal função vai ser a relação com atletas, patrocinadores e tudo que envolve o UFC no Brasil. Ele começa a exercer sua função no mês que vem. Ele é respeitado como cidadão, como ser humano, porque sempre tratou todo mundo com respeito. Hoje ele é um exemplo de entendido do esporte, mas um ser humano. Por isso que temos que valorizar um cara como ele, que acaba a carreira, mas vem trabalhar junto com a gente, por tudo que representa pelo MMA, mas também para a vida.
Maior adversário ainda na infância
A lenda de Rodrigo Minotauro conta que sua trajetória em lutas dramáticas começou ainda aos 11 anos de idade, e o adversário foi um caminhão. Literalmente: foi atropelado por um caminhão de 6.000kg. Ele, os irmãos e os amigos brincavam na rua em Vitória da Conquista-BA e subiram na caçamba de um caminhão parado na calçada. Quando o motorista deu a partida, todos saltaram pela lateral; Rodrigo foi o único a saltar pelo fundo, e caiu de costas no chão. Sem perceber o menino, o motorista deu ré, e o caminhão passou por cima de seu corpo. Rodrigo foi levado às pressas para o hospital, onde passou por uma cirurgia inovadora: o músculo das costas foi emendado ao diafragma, para que ele continuasse a respirar sem impedimentos. Ele ainda passaria por mais 11 meses de cirurgias e reabilitação até se recuperar completamente. A larga cicatriz nas suas costas se tornou a forma mais “certeira” de distingui-lo de seu irmão gêmeo, o também lutador Rogério Minotouro.
A trajetória de Antônio Rodrigo Nogueira nas artes marciais começou ainda mais cedo, aos 4 anos de idade, com aulas de judô. Aos 14, passou a treinar boxe, e chegou ao jiu-jítsu com 18 anos. Ele se apaixonou pela “arte suave”, e foi campeão pan-americano antes de chegar à faixa preta. Em 1998, numa viagem aos EUA, onde treinava também luta olímpica, acabou exposto ao UFC, e recebeu o convite para participar de sua primeira luta de Vale Tudo, num evento pequeno na Flórida. A estreia aconteceu em 12 de junho de 1999, contra David Dodd, no World Extreme Fighting 6, e Minotauro finalizou o adversário em 3m12s.
Após duas lutas nos EUA, o baiano seguiu para o Japão, onde logo estava competindo com alguns dos melhores lutadores do mundo no torneio “King of Kings”, da organização Rings. Minotauro foi eliminado na semifinal por Dan Henderson, em 2000, mas voltou na segunda edição do torneio, em 2001, e saiu campeão, derrotando na final o holandês Valentijn Overeem. O título abriu para ele as portas do Pride, que rapidamente se tornou o maior evento de MMA da época. Logo nas duas primeiras lutas, Minotauro finalizou Gary Goodridge e Mark Coleman, ex-campeões do IVC e do UFC, respectivamente. Em seguida, em 3 de novembro de 2001, derrotou Heath Herring por pontos para conquistar o cinturão dos pesos-pesados.
Quando Minotauro virou “Rocky”
Nogueira se tornou uma lenda do MMA, porém, quando enfrentou Bob Sapp num evento de co-promoção entre o Pride e o K-1, em 28 de agosto de 2002, frente a 90 mil pessoas no Estádio Nacional de Tóquio. A lenda conta que Minotauro foi colocado contra o kickboxer gigante de 1,93m de altura e 171kg de peso, ex-jogador de futebol americano, porque havia irritado a organização ao lutar pelo UFO, evento de Antonio Inoki que era um de seus maiores rivais, 20 dias antes. Com mais de 60kg de desvantagem, o baiano foi completamente dominado nos 10 minutos do round inicial. Logo de cara, tentou entrar em queda, mas foi erguido no ar e jogado de cabeça na lona, um “pilão”, golpe que era ilegal no resto do mundo. O estádio sofreu uma rápida queda de energia logo em seguida, o que só aumentou o drama da luta. Minotauro levaria mais um pilão no primeiro round e, apesar de ter aberto um corte no supercílio do adversário e ameaçado um triângulo, sofreu inúmeros golpes no corpo e na cabeça. A luta foi interrompida no meio do assalto para que os médicos fizessem testes para sinais de concussão com o brasileiro. No segundo round, porém, Sapp cansou, e Minotauro se aproveitou. Ele conseguiu raspar o gigante e passar a uma chave de braço, que encaixou e finalizou a luta a menos de um minuto do final do período.
Minotauro venceria mais duas lutas, incluindo sua revanche contra Dan Henderson, antes de encontrar sua primeira grande “pedra no sapato” no MMA: Fedor Emelianenko. Em 16 de março de 2003, em Yokohama, o brasileiro colocou seu cinturão em jogo contra o russo, que na época fazia apenas sua 14ª luta profissional e era considerado “zebra”. Entretanto, Fedor balançou o campeão na trocação, e não teve medo de ir para o solo com o lutador baiano, cuja guarda era muito temida pelos adversários. Emelianenko defendeu as tentativas de finalização do adversário, dominou a luta com seu característico ground and pound e foi apontado vencedor por decisão unânime. O “Último Imperador” não perderia mais o título até o Pride fechar as portas, em 2007, e não seria derrotado em combate até 2010.
Minotauro teria mais duas oportunidades de vingar a derrota. Uma delas, conquistou através de vitórias sobre Ricco Rodriguez, ex-campeão do UFC, e Mirko “Cro Cop” Filipovic, numa das melhores lutas da história do Pride. O duelo em 9 de novembro de 2003 valeu o cinturão interino dos pesados (Fedor estava lesionado). Cro Cop dominou os 10 minutos do primeiro round, defendendo as tentativas de queda do brasileiro e o machucando com seus doídos chutes no corpo e diretos de esquerda. O temido chute alto de esquerda conectou no “pé da orelha” no final do assalto, e Minotauro foi “salvo pelo gongo”. Assim como contra Sapp, tudo mudou no segundo round: o baiano conseguiu uma queda logo na primeira tentativa e rapidamente passou à montada. A torcida virou toda para ele, e, quando Cro Cop tentou explodir para sair de baixo, Minotauro encaixou a chave de braço que finalizaria o combate. A incrível reação levou até Lenne Hardt, famosa announcer do Pride, às lágrimas.
Antes de unificar os cinturões contra Emelianenko, porém, Minotauro precisou passar pelo Grand Prix dos pesos-pesados de 2004. Ele venceu Hirotaka Yokoi (seu primeiro triunfo com o triângulo de mão), Heath Herring e Sergei Kharitonov para garantir lugar na final contra Fedor. A revanche entre os dois, em 15 de agosto de 2004, foi bem diferente da primeira luta. O baiano conseguiu evitar o temido ground and pound do russo e fazia combate equilibrado, até que uma cabeçada acidental entre os dois enquanto estavam no solo abriu um corte no rosto de Emelianenko, que não teve condições de continuar. A luta foi declarada “No Contest” (sem resultado), e o confronto foi remarcado para 31 de dezembro de 2004. O terceiro encontro foi novamente dominado por Emelianenko, que evitou o solo pela maior parte da noite e foi declarado vencedor por decisão unânime novamente.
Feito histórico no UFC
Rodrigo Minotauro venceria mais cinco lutas no Pride, incluindo uma contra Fabricio Werdum e outra numa revanche contra Josh Barnett, antes que a organização fosse comprada pelo UFC. O lutador baiano estreou pelo Ultimate em 7 de julho de 2007, com mais uma vitória sobre Heath Herring. O triunfo lhe deu o direito de disputar o cinturão interino dos pesados contra o ex-campeão da companhia Tim Sylvia, outro gigante de 2,03m, que bateu 118,4kg na pesagem, mais de 11kg que o brasileiro. Seguindo sua tradição, foi mais uma batalha dramática e vencida de virada. Sylvia conseguiu um knockdown logo no primeiro round com uma combinação de cruzado de esquerda e direto de direita. O americano seguiu dominando a luta na trocação no segundo round e balançou o adversário com um cruzado de direita, que voltou a conectar no início do terceiro período. Minotauro, porém, aguentou todas as pancadas e puxou o ex-campeão para a meia-guarda. Ele raspou e, quando Sylvia tentou girar e escapar, encaixou uma guilhotina para finalizar. Com o cinturão interino, se tornou o primeiro – e até hoje único – lutador a ser campeão de categoria tanto no Pride quanto no UFC.
O reinado, porém, não durou muito. Com a situação do campeão linear, Randy Couture, indefinida devido a um conflito contratual, Nogueira foi escalado para ser um dos treinadores do reality show The Ultimate Fighter, contra aquele que seria sua nova “pedra no sapato”: o americano Frank Mir. Ao final da temporada, os dois se enfrentaram no UFC 92, em 27 de dezembro de 2008, e o ex-campeão da categoria recuperou o cinturão ao nocautear o baiano no segundo round, marcando a primeira vez em sua carreira que Minotauro foi nocauteado. O brasileiro revelou mais tarde que sofreu uma séria infecção por estafilococos a 20 dias da luta e precisou passar cinco dias no hospital, e que também lesionou o joelho durante os treinos. Após passar por cirurgia, Minotauro voltaria ao octógono em 29 de agosto de 2009, quando teve uma de suas melhores atuações no UFC e derrotou Randy Couture por decisão unânime. A vitória o colocou em rota de colisão com Cain Velásquez, à época uma promessa invicta no MMA. Em fevereiro de 2010, o americano nocauteou Nogueira em apenas 2m20s, dando início ao burburinho de que o outrora resistente Minotauro estaria em “fim de carreira”.
Lesões, cirurgias e a consagração em casa
O baiano precisou passar por novas cirurgias no joelho e nos quadris, que o tiraram de ação por 18 meses. O período afastado das lutas é considerado pelo próprio um dos períodos mais difíceis de sua carreira, e Minotauro chegou a ponderar a aposentadoria. Através de um trabalho com a fisioterapeuta Ângela Côrtes, Nogueira se recuperou com um objetivo em mente: lutar no primeiro card do UFC no Rio de Janeiro, em 27 de agosto de 2011. Três meses antes do evento, Minotauro ainda andava de muletas, mas persistiu e conseguiu chegar ao torneio “zerado”. Ele enfrentou outra promessa, o jovem Brendan Schaub. Frente uma Arena da Barra lotada por seus compatriotas, o brasileiro novamente assustou ao sofrer jabs e uppers do americano, mas conseguiu achar o tempo dos golpes e, com uma sequência de cruzados, nocauteou Schaub aos 3m09s do primeiro round, conquistando seu primeiro nocaute na carreira. O ginásio “veio abaixo”, com copos de cerveja lançados para cima e gritos de “O campeão voltou!”
– Eu vim de três cirurgias, onde operei meu quadril e meu joelho, onde passei um ano parado, quatro meses e meio andando de muleta, e tive três meses e meio para treinar para essa luta, e aceitei por vocês, para lutar no Brasil! – discursou Minotauro no octógono.
Com o catártico triunfo na bagagem, o peso-pesado recebeu uma revanche contra Frank Mir, que estava “entalado” na garganta. Os dois se reencontraram no UFC 140, em 10 de dezembro de 2011, em Toronto, no Canadá. Minotauro desta vez esteve melhor que o americano na luta em pé e parecia ter a vitória encaminhada ao acertar um direto que balançou o adversário. Todavia, o baiano viu espaço para encaixar sua guilhotina e tentou finalizar. Muito técnico, Mir escapou e atacou na kimura. Minotauro tentou escapar, mas o americano forçou a posição. Quando o brasileiro bateu em desistência, era tarde demais: seu braço havia quebrado, numa das finalizações mais impactantes da história do MMA. Frank Mir se tornou também o primeiro homem a finalizar Minotauro.
A fratura transversa no úmero resultou em mais uma cirurgia e mais um longo período afastado do octógono. O brasileiro só retornaria ao UFC em 13 de outubro de 2012, novamente no Rio de Janeiro, chamado às pressas para ajudar a “salvar” um evento que havia perdido José Aldo e Vitor Belfort por causa de lesões. O empurrão da torcida foi novamente importante para que Minotauro derrubasse mais um gigante: o americano Dave Herman, de 1,96m. Aos gritos de “jiu-jítsu” da plateia, motivados pelo desdém de Herman pela “arte suave”, o ex-campeão finalizou o adversário com uma chave de braço no segundo round. Foi a última vitória da carreira de Minotauro.
Após o UFC Rio 3, Rodrigo Nogueira foi chamado novamente para ser treinador do The Ultimate Fighter, desta vez na edição brasileira, como antagonista de Fabricio Werdum, que desta vez batia na porta por uma disputa de cinturão. O baiano novamente formou os finalistas do reality show, mas, na revanche contra o gaúcho, em 8 de junho de 2013, foi finalizado com uma chave de braço no segundo round – desta vez, sem fratura. Minotauro voltaria a lutar em 11 de abril de 2014, em Abu Dhabi, e foi nocauteado por Roy Nelson no primeiro round. Após o combate, revelou que lesionou os ligamentos do joelho direito às vésperas do confronto e, na volta ao Brasil, operou novamente. Mais de um ano se passaria, e Nogueira voltaria à Arena da Barra em 1º de agosto de 2015 para o que viria a ser sua última luta, contra mais um “Golias”: o holandês Stefan Struve, de 2,13m. Desta vez, porém, o apoio da torcida não foi o bastante para empurrá-lo à vitória, e Minotauro foi derrotado por decisão unânime dos juízes. Ao final da luta, Struve se ajoelhou frente ao lutador brasileiro, em sinal de reverência a um dos maiores pesos-pesados da história do MMA.
“Padrinho” do MMA brasileiro
A importância de Minotauro para o MMA nacional vai além de seus feitos dentro dos ringues e cages. Conhecido pela simpatia e generosidade, Antônio Rodrigo Nogueira ajudou centenas de lutadores em busca de oportunidades no esporte. O peso-pesado tem um “dedo” na carreira de quatro dos maiores nomes brasileiros no MMA internacional: Anderson Silva, José Aldo, Junior Cigano e Rafael Feijão.
A história mais famosa é de como salvou a carreira de Anderson Silva, que viria a se tornar recordista de vitórias e defesas de cinturão consecutivas no UFC, mas que, em 2004, ainda não tinha embalado. Brigado com a equipe que o levou ao Pride, a Chute Boxe, e com problemas financeiros, “Spider” cogitava largar de vez as lutas e abrir um lava-jato. Minotauro, que mantinha boas relações com o paulista apesar da rivalidade com sua equipe da época, a Brazilian Top Team, foi até Curitiba encontrar Anderson e o convenceu a mudar de ideia. O baiano o levou para treinar no Rio de Janeiro e arrumou lutas para ele, inclusive no Pride. Foi o ponto da virada para Spider, que, a partir daí, fez sempre questão de destacar o papel dos irmãos Nogueira em sua vida. Deles, ele receberia a faixa preta de jiu-jítsu.
José Aldo, lutador brasileiro com o segundo reinado mais longo no UFC, contou com a ajuda de Minotauro pouco antes de ir lutar no exterior. Já famoso no circuito nacional, o peso-pena vinha encontrando dificuldades para encontrar oponentes: todos desistiam de enfrentá-lo pouco depois de o confronto ser fechado. Rodrigo Nogueira tentou marcar luta para ele em seu próprio evento, o Minotauro Fights, mas o adversário também cancelou às vésperas do duelo. Precisando de dinheiro para se sustentar, Aldo se ofereceu para fazer luta de muay thai e até de boxe, mas ninguém aceitou. Minotauro decidiu então pagar sua bolsa integral, e colocou aquilo como um “investimento” para que ele seguisse treinando. Poucos meses depois, o manauara estava lutando no WEC, evento posteriormente absorvido pelo Ultimate e que era o maior entre as categorias mais leves de peso.
Feijão, ex-campeão dos pesos-meio-pesados do Strikeforce e atualmente em atividade no UFC, foi descoberto por Minotauro durante uma passagem por Cuiabá. Na época, o lutador paulista cursava veterinária na universidade, mas fez um treino de jiu-jítsu com o ex-campeão do Pride e o impressionou. Nogueira foi à casa dos pais de Feijão e os convenceu a deixá-lo levar o paulista com ele para o Rio de Janeiro, onde se aperfeiçoou e iniciou sua carreira no MMA. Junior Cigano também foi “adotado” por Minotauro após começar a treinar com o mestre Luiz Dórea em Salvador, e levado ao Rio. Foi como membro da Team Nogueira que o catarinense conquistou o cinturão dos pesados, seguindo os passos de Rodrigo, em 2011.
Fundada em 2009 por Rodrigo e Rogério, a Team Nogueira exportou dezenas de lutadores para as principais organizações de MMA do mundo, como Feijão, Fábio Maldonado, Erick Silva, Rony Jason e Vinícius Spartan, entre outros. Atualmente, a expansão da academia é um de seus focos, com mais de 30 franquias espalhadas pelo país e algumas no exterior, como uma em San Diego (EUA) e outra em Dubai (Emirados Árabes). O “olhar clínico” de Minotauro para talentos também ficou evidenciado em suas três participações como treinador do reality show The Ultimate Fighter. Nos EUA, os dois campeões da oitava temporada saíram de seu time: Ryan Bader, no peso-meio-pesado, e Efrain Escudero, no peso-leve. No TUF Brasil 2, os dois finalistas, William Patolino e Léo Santos, também eram de sua equipe. No TUF Brasil 4 deste ano, Minotauro assumiu o comando do time selecionado por Anderson Silva pouco antes da primeira luta dentro da casa, e ainda conseguiu produzir um dos dois campeões, o peso-galo Reginaldo Vieira.
Minotauro foi pioneiro ainda em trabalhar sua imagem junto à mídia. O baiano foi um dos primeiros lutadores a contar com uma assessoria de imprensa, e seus esforços foram cruciais para que Glória Maria produzisse reportagem para o “Fantástico” sobre o sucesso dos brasileiros no Pride em 2003, primeira aparição do MMA moderno na Rede Globo, numa época em que o esporte era mal visto no país. Nogueira também foi um dos primeiros a assinar contrato de patrocínio com um clube grande de futebol e foi patrocinado pelo Internacional de Porto Alegre no UFC Rio 1.
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