A vingança de Eduardo Cunha; ele quer atingir Renan
Integrantes da CPI dos Fundos de Pensão ligados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), identificaram um personagem que é visto como atalho para acossar o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL): trata-se do empresário Milton Lyra, conhecido como Miltinho, um coadjuvante das altas rodas de brasileiros com imóveis em Miami. Lyra foi apontado por delatores da Lava Jato e em inquérito da Polícia Federal como um operador de Renan no Postalis, o fundo de pensão dos Correios.
As primeiras informações de inteligência obtidas por policiais e procuradores detectaram uma compra suspeita de um apartamento de R$ 25 milhões, por meio de uma offshore em nome de Lyra, que não teria lastro para a operação financeira. A informação atiçou aliados de Cunha – e Cunha ordenou a convocação de Lyra para a CPI dos Fundos de Pensão. Pressionado, Lyra, nos últimos dias, passou a mandar recados caso seja convocado pela CPI ou alvo da Lava Jato. “Vou para a delação”, ameaçou, mais em busca de blindagem do que com vocação para homem-bomba.
Integrantes da CPI dos Fundos de Pensão ligados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), identificaram um personagem que é visto como atalho para acossar o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL): trata-se do empresário Milton Lyra, conhecido como Miltinho, um coadjuvante das altas rodas de brasileiros com imóveis em Miami. Lyra foi apontado por delatores da Lava Jato e em inquérito da Polícia Federal como um operador de Renan no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. As primeiras informações de inteligência obtidas por policiais e procuradores detectaram uma compra suspeita de um apartamento de R$ 25 milhões, por meio de uma offshore em nome de Lyra, que não teria lastro para a operação financeira. A informação atiçou aliados de Cunha – e Cunha ordenou a convocação de Lyra para a CPI dos Fundos de Pensão. Pressionado, Lyra, nos últimos dias, passou a mandar recados caso seja convocado pela CPI ou alvo da Lava Jato. “Vou para a delação”, ameaçou, mais em busca de blindagem do que com vocação para homem-bomba.
As extravagâncias de Lyra armaram as forças que operam para colocar de vez Renan na mira da Lava Jato. No front da investigação, além de mapear os sinais exteriores de riqueza de Miltinho, procuradores avançam nas negociações com delatores – Fernando Baiano e Alberto Youssef, principalmente – sobre mais detalhes das relações de Lyra com Renan. No termo de colaboração 19 da Operação Lava Jato, Youssef afirmou que Renan era responsável por indicar o diretor financeiro do fundo e tinha ingerência no Postalis. Youssef disse ainda que Renan atuou para o fundo comprar títulos de dívida, conhecidos como debêntures, de uma empresa de educação ligada a Lyra. Trata-se do Grupo Galileo, mantenedor da Universidade Gama Filho, que recebeu R$ 75 milhões do Postalis.
Para blindar seu patrimônio de investigações no Brasil, Lyra montou uma intrincada operação imobiliária e financeira que chamou a atenção dos procuradores para suas contas bancárias. Endereço do desejo do jet set emergente em Miami, o Condomínio Regalia, em Sunny Isles, foi entregue no início do ano a um seleto grupo de compradores – apenas cinco brasileiros, em meio a canadenses, americanos e venezuelanos. Na divisa com as mansões de Golden Beach, o projeto, assinado pelo arquiteto peruano Bernardo Fort Bescia tem 39 unidades emolduradas por janelas “infinitas” de vidro, que garantem uma vista de 360 graus e lhe renderam o apelido de prédio flutuante. O Regalia tem mais de 500 metros quadrados, quatro quartos, cinco banheiros, armários italianos, jacuzzi com vista para o mar e praia privativa com mordomos. Documentos obtidos por ÉPOCA mostram que o oitavo andar do Regalia pertence a Lyra. “Ninguém imaginava que o Miltinho teria condições de comprar um apartamento ali”, diz um brasileiro que vive em Miami e frequenta as mesmas rodas do lobista.
ÉPOCA rastreou a operação realizada por uma offshore do lobista para comprar o imóvel por R$ 25 milhões. Lyra usou a PRL Investment Corporations, de sua propriedade, para adquirir a unidade de “ultraluxo” na Flórida. Os documentos mostram que a empresa foi criada em 2013 com o único propósito de realizar transações comerciais. Em agosto do ano passado, segundo documentos arquivados na Flórida, Lyra contratou a assessoria de um escritório de advocacia para intermediar a abertura da empresa e a compra do imóvel em Miami. O Piquet Law Firm pertence ao advogado brasileiro Alexandre Piquet, especializado em investimentos brasileiros no exterior.
No início deste ano, em 2015, a PRL teve sua sede alterada para o exclusivíssimo endereço do Regalia. Os registros revelam que o lobista pagou U$ 6,9 milhões pelo apartamento. “Não é um apartamento para qualquer milionário. O Regalia está entre os top 10 de Miami e desde que foi lançado gerou alvoroço sobre quem compraria”, conta um empresário que circula nas rodas dos políticos brasileiros em Miami. Hoje o imóvel não sai por menos de US$ 12 milhões, ou R$ 42 milhões. O condomínio custa em média US$ 8 mil e inclui adega climatizada para cada morador, spa com aromaterapia, academia, concierge e valet 24 horas.
Procurado, Lyra informou, por meio de seus advogados, que o apartamento está devidamente declarado à Receita Federal e que não tem por que entrar em delação, pois não é réu em nenhum processo. As viagens a Miami de Lyra e de sua mulher, Daniela, são frequentes e noticiadas por colunas sociais locais dirigidas aos brasileiros. Até há pouco hospedavam-se em um apartamento alugado em Sunny Isles. Agora, o casal prepara a mudança para o 8o andar do Regalia. Encomendaram uma longa reforma, que inclui novos pisos e, pelo menos, duas adegas no apartamento, além de móveis de grife. Vinhos são uma nova obsessão de Lyra. Em Brasília, com a turma do Postalis, o empresário já organizou o que os especialistas chamam de “degustação vertical”, a prova de diferentes safras de um mesmo vinho. Numa das ocasiões, optou pelo francês Château Petrus, cujo preço varia de R$ 15 mil a garrafa ano 2004 a R$ 30 mil o exemplar de 2010. Lyra, boa-praça, integrou-se ao grupo dos brasileiros caixas-altas de Miami. Mas sempre foi visto como alguém com mais gogó que dinheiro na carteira. O dinheiro apareceu. Agora, os investigadores querem que ele diga de onde veio.
Fonte: Época