Ronaldo Miranda, motorista de Cristiano Araújo, concedeu uma entrevista ao programa “Domingo Show”, da Record, exibida neste domingo (16), quase dois meses após oacidente de carro que tirou a vida não só do cantor como também de sua namorada, Allana Moraes. Segundo Ronaldo, ele e Cristiano se conheceram há 4 anos e, desde então, ele virou não só motorista, como amigo pessoal do artista. “Ele era meu irmão, amigo, companheiro. Tudo o que se passava ele dividia comigo”, afirmou Ronaldo, entre lágrimas.
No dia do acidente, Ronaldo levou Cristiano e a namorada para Itumbiara. “Quando ele estava sozinho no carro comigo ia no banco da frente. Não precisava nem pedir que ele já botava o cinto, mas quando a Allana estava eles iam juntos atrás, ele deitado no colo dela. Aí nem dava pra botar cinto”, explicou Ronaldo. Na volta, já após o show, saíram da cidade por volta de 2h20 da madrugada e ainda pararam em um posto para comprar um lanche. “Todo mundo estava acordado no carro, comendo. O acidente aconteceu uns vinte minutos depois disso”, disse o motorista, negando que tivesse cochilado no momento do acidente.
Segundo Ronaldo, antes do carro capotar, ouviu o barulho de um pneu furado: “Eu estava calmo e na hora pensei: ‘vou ter que sair pra trocar o pneu’”. “Mas logo em seguida perdi o controle do carro. Nessa hora não estava mais nas minhas mãos, não vi mais nada”, ele garantiu, afirmando que só ficou consciente na primeira capotada. E voltou a assumir que estavam a mais de 130 km/h. “Ninguém pedia pra andar rápido, não era isso. A questão é que o carro era seguro, estável, e você nem sente que está andando rápido. A gente sempre rodou assim… Era uma questão de tempo, muitos compromissos e a gente sempre estava atrasado. Quem é do showbizz sabe disso. Então a gente sempre dirigia rápido mesmo”, justificou.
Motorista conta o que viu após o acidente e como soube da morte do cantor
Ronaldo explicou que após o carro capotar acredita ter ficado desacordado por menos de um minuto e que acordou quando o resgate o tirava do veículo. “Sentei no chão e vi o Cristiano. Ele estava deitado e perguntou por mim. Coloquei a mão no braço dele e logo nos levaram pras ambulâncias. Pensei que estivesse tudo bem com ele”, disse. E completou: “Vi a Allana deitada no chão também. Tinha um monte de gente em volta dela, mas a essa altura não sabia que ela tinha morrido. Só fui descobrir quando já estava no hospital e ouvi as enfermeiras comentando. Aí o mundo desabou na minha cabeça. Pensei nos pais dela que já tinham perdido um filho. Aí me aplicaram uma injeção e eu dormi, acordei na ambulância indo pra Goiânia”.
Já no hospital em Goiânia, Ronaldo ficou em uma UTI e soube da morte do amigo através da TV. “Tinha uma TV ligada em frente a outra cama e quando olhei pro lado vi a foto do Cristiano e a notícia da morte. Não acreditei, queria sair dali, tirar o soro”, lamentou, chorando. “A cruz que Deus me deu foi muito pesada. A vontade de Deus é maior, não dá pra contestar, mas só lá na frente, com o tempo, a gente deve entender”, disse. E afirmou: “Parece que ele foi fazer só um show e vai voltar. A ficha não caiu. Meu coração ta machucado demais. Não dá pra acreditar que ele se foi”.
Motorista pede que pai de Cristiano Araújo não sinta rancor dele
Segundo Ronaldo, após o acidente não teve mais contato com o Sr. João Reis, pai de Cristiano Araújo, que afirmou ter sonhado com o filho machucado antes do acidente. Durante a entrevista, os pais de Allana mandaram um recado para o motorista: “Não há rancor, não há ódio e você está completamente perdoado. Não há culpados. Eles querem te ver, te falar isso pessoalmente”, disse o apresentador. E pediu, em seguida, para Ronaldo mandar um recado para o pai do artista. “Eu não tenho que pedir perdão, não sou o culpado. Mas queria que ele não tivesse rancor de mim. Queria pedir a Deus para confortar o coração dele. Ele perdeu a referência. A vida dele era o Cristiano. O próprio Cristiano falava que 99% do sucesso era o pai e 1% era talento”, disse, emocionado.
Ronaldo contou que por causa do afastamento de João Reis, preferiu não ir à missa de sétimo dia do amigo. “Não fui ao enterro porque ainda estava na UTI. Só saí três dias depois. Mas na missa eu queria ter ido. Mas meus amigos acharam melhor não, já que seu João ainda estava muito abalado”.