Vila Olímpica Lauthenay Perdigão sofre com a falta de investimento
São cinco anos desde a inauguração. Nesse meio tempo, muitos altos e baixos. Problemas pela falta de investimentos e estrutura são evidentes na Vila Olímpica Lauthenay Perdigão, no conjunto Village Campestre, Maceió. O complexo esportivo se localiza em um bairro onde a criminalidade e a desigualdade chamam a atenção.
Inaugurada em 2010, a vila está sob a direção da Secretaria de Esporte e Lazer (Semel). Foram investidos R$ 8 milhões na construção do complexo, que tem um campo de futebol, duas quadras para as práticas do futsal, basquete, vôlei e handebol, uma pista de atletismo, e espaço de sobra para atividades esportivas e de lazer.
Lauthenay Perdigão, jornalista e historiador, acompanhou de perto a vida na vila, criou diversos campeonatos de futebol, mas se afastou, principalmente em razão dos problemas e limitações encontrados. Segundo ele, ficou orgulhoso por ter seu nome gravado no projeto, mas se entristeceu depois por saber que ainda falta muito para que o espaço se torne exemplo no esporte e crie ídolos para Alagoas.
– Para mim é bom, é legal, fico satisfeito pela homenagem. Quando começou o projeto não iria levar meu nome, ia ser o de outra pessoa, só no fim da construção que o ex-prefeito Cícero Almeida decidiu pôr meu nome. Eu não me preocupo muito com isso. Queria mesmo era estrutura qualificada na vila, pois eu penso nas oportunidades que nossos atletas teriam se as coisas lá fossem melhoradas, que tivesse uma quadra de tênis apta para o esporte, um ginásio, piscinas, uma pista de atletismo mais qualificada, coisa que não é, e isso me entristece. Falta muita coisa, é torcer para que no decorrer dos anos melhore – declarou.
Apesar dos problemas comuns, como falta de verbas, além de manutenção nas quadras e no campo, a vila se mantém aberta diariamente com atividades proporcionadas pelos professores e parceiros, que caminham de mãos dadas para ofertar à população da região oportunidades de estar em contato com o esporte. A coordenadora da Vila Olímpica, Brígida Cirilo, falou ao GloboEsporte.com sobre as modalidades praticadas e o objetivo delas.
– Esse projeto vai fazer cinco anos. A gente aqui anda praticamente sozinhos, precisa-se de um auxílio maior, como distribuição de lanches, outras coisas para segurar o aluno, e aqui não temos, vai mais pela criatividade do professor. Hoje atendemos várias modalidades esportivas, tudo como iniciação ao esporte, nada em questão de rendimento. Tudo aqui é mais voltado para a área de tirar as pessoas da ociosidade, das drogas, pois a área da vila é bem vulnerável a isso. Para isso, temos professores formados, alguns estagiários de educação física, e dividimos eles pelas modalidades que se identificam – explicou.
Atendendo crianças, jovens e adultos, Brígida ressalta que alguns esportes fazem mais sucesso que outros pela questão da popularidade, e ela encontra dificuldades na formação de turmas de algumas modalidades específicas.
– Os esportes que mais fazem sucesso é o futebol e o futsal, pois o pessoal tem mais vivência e quer fazer por se tratar de esportes populares. No feminino o que montamos com sucesso foi a ginástica rítmica; essa é novidade, está aqui há dois meses e está bombando. Além das ginásticas localizada e aeróbica, e o treinamento funcional, onde atendemos de 60 a 70 mulheres por aula, que além de trabalhar o corpo elas podem trabalhar a mente. Encontramos dificuldade de montar turmas nas modalidades femininas do futebol, basquete, e no masculino o handebol – ressaltou.
A vila conta com o apoio de secretarias e projetos para auxiliar no desenvolvimento e educação. Destaque para o Telecentro, integrante do Programa Alagoano de Inclusão Digital, que oferece cursos para a população da região de capacitação em informática e acesso à internet de forma gratuita.
– Temos parcerias com outras secretarias, para atender crianças de outros bairros, trazendo os alunos com vans, e ajudando na atividade esportiva e educacional, como o Telecentro, onde temos a parte de informática. E com essas parcerias a gente vai levando, mas claro, se tivesse mais, teríamos dado outros passos – declarou.
Professor formado em educação física, Wagner da Silva ajuda no desenvolvimento das crianças, ensinando através do futsal a importância de ter o esporte na vida.
– É de grande ajuda, pois podemos tirar muitas crianças das ruas. Hoje tenho na minha turma, apenas à tarde, de 25 a 30 alunos, e o espaço ajuda eles a praticar o esporte e a ter um futuro – comentou.
Brígida reforçou a importância da Vila Olímpica na comunidade, e lembra que que as atividades ajudam a ocupar um espaço vazio no dia de pessoas de várias faixas etárias, principalmente para crianças.
– A nossa importância nessa comunidade é muito grande, pois muitos não têm condições de pagar academia, ou ter um professor para acompanhá-los, aqui damos esses espaço, com profissionais formados, e qualificados, onde as pessoas têm um lugar para ir, e não ficar só dentro de casa, ou na rua. E estamos aberto para todos – finalizou.
Fonte: Globo Esporte