Morre no Chile Manuel Contreras, temido chefe da polícia de Pinochet
O militar, considerado um dos maiores criminosos da história do Chile, sofria de câncer e diabetes e teve seu estado de saúde agravado nos últimos dias, como informa a agência AFP.
“Era um dos homens mais desprezíveis do Chile (…), matou muita gente”, disse na Televisão Nacional o advogado dos direitos humanos Roberto Garretón.
Considerado a “mão direita” de Pinochet – seu professor na Academia de Guerra e com quem tomava café da manhã nos primeiros anos do regime -, Contreras dirigiu a temida Direção Nacional de Inteligência (Dina), a polícia política que vitimou mais de 3.200 opositores, entre mortos e desaparecidos, durante a ditadura (1973-1990). Ele começou a organizar a Dina antes do golpe militar com o qual Pinochet derrubou Salvador Allende.
Contreras morreu sem cumprir os mais de 500 anos de prisão a que estava condenado em dezenas de julgamentos por violações de direitos humanos, mas com seu grau de general e sem ter se arrependido de seus crimes.
Ele nunca reconheceu nada e, quando as evidências apontavam sua responsabilidade, culpava outras pessoas, até mesmo o próprio Pinochet, a quem em seus últimos anos acusou de ter enriquecido com o narcotráfico.
Como reporta a agência EFE, também acusou Pinochet de ser o verdadeiro chefe da Dina, alegando que ele só cumpria suas ordens. Contreras ainda atribuiu crimes da Dina à CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), entre eles alguns emblemáticos, como o homicídio do ex-chanceler Orlando Letelier, cometido em Washington, em 1976, e o do general Carlos Prats, antecessor de Pinochet no comando do exército, morto em 1974 em Buenos Aires.
Contreras foi sentenciado no Chile a sete anos de prisão pelo crime de Letelier e a dupla prisão perpétua pelo homicídio de Prats, que morreu junto a sua esposa, Sofía Cuthbert.
Segundo Contreras, o autor material de ambos assassinatos, o americano Michael Townley, era na realidade um agente da CIA.