Facções têm suporte no tráfico para prática de crimes em AL
Sem sombra de dúvidas, o tráfico de entorpecentes está no topo da lista de crimes organizados no Brasil e, em Alagoas, não poderia ser diferente. Quase que diariamente as polícias Militar e Civil fazem operações que culminam na apreensão de muitos quilos de drogas – da maconha ao crack. Apesar da renovação na política de segurança pública, ainda assim não é possível monitorar todas as pessoas e produtos que entram no estado, inclusive integrantes de facções criminosas de outras localidades.
Há mais de cinco anos que membros destes grupos começaram a se instalar em Alagoas e deliberaram algumas ações que envolvem o tráfico de drogas e crimes contra o patrimônio, a fim conseguirem financiamento para as práticas delituosas desenvolvidas no estado.
Neste período, o Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc),do Ministério Público Estadual (MPE), tem utilizado recursos de inteligência para identificar e monitorar possíveis líderes e suas ramificações no estado.
Segundo um promotor que integra o Gecoc – que por motivos de segurança não quis se identificar – em cinco anos foi possível identificar o ingresso de membros de facções em presídios de Alagoas, doutrinando e “batizando” líderes do crime organizado, determinando a morte de criminosos rivais e comandando, principalmente, o tráfico de drogas por entre os muros dos presídios alagoanos.
Para ele, a vinda desses criminosos para o estado não só está atrelada às ações de combate à criminalidade em seu estado de origem, mas, também, de um crescimento visto em todo país.
“Possivelmente, grande parte dos membros destas facções ingressaram em nosso Estado em virtude da pacificação de suas cidades de origem, mas não podemos esquecer que a ampliação de sua atuação é um fenômeno geral, e sentido já de alguns anos, não só em Alagoas, como também em muitos outros Estados, antes mesmo do recrudescimento do combate em outros locais”, disse o promotor.
Grupos criminosos estão sendo monitorados
Uma investigação realizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE/SP), em 2013, apontou que existem 226 pessoas envolvidas na facção criminosa em Alagoas. À época, o então coordenador do Gecoc e atual secretário de Estado de Defesa Social e Ressocialização, Alfredo Gaspar de Mendonça, disse que o número seria muito maior, ultrapassando 300 integrantes.
Hoje, comandando a segurança pública em Alagoas, Alfredo Gaspar, modernizou o sistema de inteligência das polícias Civil e Militar para que, em ação conjunta, pudesse identificar os membros da facção. “A política de segurança pública implantada pelo governador Renan Filho, é a política de inteligência. Só se faz combate ao crime organizado unindo essas forças de segurança. Polícia Civil, Polícia Militar, Sistema Prisional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal estão todos trabalhando em conjunto para a atuação nas mais diversas vertentes do crime organizado. A premissa principal é trabalhar com inteligência”, disse Alfredo Gaspar.
Ainda segundo ele, com a inteligência, foi possível desbaratar, dia após dia, várias quadrilhas que estão nessa estrutura de crime organizado. “Essas facções de outros estados, como também as existentes de Alagoas têm recebido a resposta à altura”, finalizou.
Em abril deste ano, em uma ação conjunta do Gecoc e Polícia Militar, foi possível identificar e prender seis integrantes destas organizações que estavam a caminho de uma residência em Guaxuma, em Maceió, para uma reunião entre membros para traçar um plano para executar policiais militares em Alagoas.
Nesta ação, um sétimo membro foi baleado após trocas de tiros com os policiais, mas acabou morrendo ao chegar no Hospital Geral do Estado. Ele era apontado como o líder do grupo criminoso em Alagoas.
“Nesse encontro, eles pretendiam traçar uma série de situações relacionadas ao crime organizado. Eles também queriam matar um policial como vingança pela morte de um criminoso, que morreu num confronto contra a polícia. Felizmente, abortamos a reunião e, neste momento, estamos em diligência para apreender drogas”, explicou um promotor do Gecoc, dias após a operação que resultou na prisão dos membros da facção criminosa.
Facções têm o tráfico como braço forte
A atuação da facção em Alagoas está diretamente ligada ao tráfico de drogas, onde nos últimos meses operações foram desencadeadas que resultaram na prisão de traficantes e apreensão de quilos de drogas.
O delegado Ronilson Medeiros, diretor da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), destacou que não só o tráfico de drogas é uma prática comum em Alagoas, mas também existem outras práticas que são atribuídas à facção como também outros grupos de crime organizado.
“À facção, também podemos atribuir às recentes queimas de ônibus em Maceió que assustaram à população, mas que a Polícia Civil e Militar conseguiram realizar as prisões de grande parte dos envolvidos”, afirmou.
Ainda segundo Ronilson, outros tipos de crimes organizados têm crescido em Alagoas, como por exemplo o assalto a bancos e roubos a residência, mas que o serviço de inteligência tem conseguido identificar os principais autores e a Polícia Civil efetuado as prisões.
“No início do ano era uma incidência de praticamente três explosões aos caixas eletrônicos por semana, e hoje esse índice está praticamente em zero. Pode acontecer a qualquer momento? Pode! Até porque não possuímos bola de cristal, mas que estamos trabalhando para coibir qualquer ação criminosa deste tipo”, complementou.
Ação rápida da Polícia Militar
A integração entre as polícias Civil e Militar tem resultado em grandes operações e, consequentemente, em prisões e apreensões de grandes quantidades de drogas por todo o estado.
O delegado Ronilson Medeiros e o comandante da Polícia Militar, coronel Lima Júnior, destacaram que as ações em conjunto entre as duas instituições são essenciais para o combate ao crime organizado.
Segundo o coronel Lima Júnior, a inteligência da Polícia Militar está fortalecida e a parceria com a Polícia Civil tem mostrado resultados e, um exemplo recente citado por ele, foi a prisão de uma quadrilha que havia executado um sargento da PM em Santa Luzia do Norte.
“A prisão desta quadrilha é um dos melhores resultados que posso citar, pois em oito dias identificamos, planejamos a operação e prendemos os suspeitos. Esta quadrilha, no decorrer das investigações, fazia roubo de veículos para cometer crimes contra o patrimônio e, em seguida, abandona o carro”, disse Lima Júnior.
O coronel ainda afirmou que a Polícia Militar está presente nos 102 municípios e que isso tem contribuído para monitorar qualquer facção que se infiltre em Alagoas, bem como acabar com o raio de atuação dela.
Por: GazetaWeb