Após ‘bichas loucas’, Globo terá gay homofóbico e assassino
Os homossexuais sempre reclamaram de serem retratados de maneira pejorativa na teledramaturgia.
A maioria afirma não se identificar com o estereótipo chamado popularmente de ‘bicha louca’ representado por personagens de sucesso como Crô (Marcelo Serrado) de ‘Fina Estampa’ (2011), Félix (Mateus Solano) de ‘Amor à Vida’ (2013) e Téo Pereira (Paulo Betti) de ‘Império’ (2014).
No momento as atenções estão voltadas para Visky, o booker tresloucado interpretado por Rainer Cadete em ‘Verdades Secretas’.
Ele usa salto alto, cílios postiços, faz caras e bocas, se apresenta como ‘diva’ e tem um vocabulário recheado de gírias gays. É uma atração à parte.
A próxima novela das 21h da Globo, A Regra do Jogo, que sucederá Babilônia no final de agosto, terá um gay que foge do padrão criticado.
Eduardo Moscovis será Orlando, um homem com dupla identidade. Para a sociedade carioca é um bem-sucedido executivo da indústria farmacêutica. No submundo do crime, um bandidão membro da liderança de uma facção criminosa.
O personagem também vive dualidade na vida privada. Ele mantém um casamento de interesse com a artista plástica bipolar Nelita (Bárbara Paz). Orlando suporta o relacionamento caótico em razão do status oferecido pela família dela, os ricos e colunáveis Stewarts.
Na verdade, o machão é gay enrustido. Revela e pratica sua homossexualidade apenas entre quatro paredes, num apartamento decadente de Copacabana, nos braços de seu jovem amante.
Logo no começo de ‘A Regra do Jogo’ Orlando mostrará que é, além de corrupto, também assassino. Mata quem atrapalha seus negócios escusos ou tenta tirá-lo do poder paralelo ao Estado. Ele também irá ameaçar quem porventura ameace revelar seu segredo íntimo.
Escrita por João Emanuel Carneiro, autor de ‘A Favorita’ e ‘Avenida Brasil’, ‘A Regra do Jogo’ pretende discutir alguns extremos, como os conceitos de certo e errado, honesto e desonesto, justificável ou condenável.
Muitos personagens estarão sempre na corda bamba, entre uma imagem de fachada e uma conduta nada ética. Caberá ao telespectador julgar caso a caso para determinar se os fins justificam os meios.
Fonte: Terra