Embaixada de Cuba é reaberta em Washington, nos Estados Unidos
A embaixada de Cuba foi reaberta oficialmente nesta segunda-feira (20) em cerimônia em Washington, nos Estados Unidos, após 54 anos do rompimento das relações entre os dois países. O prédio, que desde o início do século XX representa os interesses cubanos, está localizado na avenida que dá acesso à Casa Branca.
Na cerimônia, realizada às 11h30 (horário de Brasília), a bandeira cubana foi hasteada em frente ao prédio da embaixada por militares da guarda de honra de Cuba, sob os acordes do hino cubano.
O ato foi acompanhado por aplausos de espectadores na rua em frente à sede diplomática, que também gritavam “Viva Cuba” e “Fidel, Fidel”, em meio a um frenesi de cinegrafistas, fotógrafos e jornalistas de vários países. Gritos pelo fim do embargo econômico à ilha (‘Cuba sim, embargo não’) foram ouvidos durante a cerimônia.
Barack Obama e Raúl Castro anunciaram o descongelamento das relações diplomáticas entre os dois países em dezembro. O embargo econômico, no entanto, continua em vigor. As relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba foram retomadas formalmente mais cedo nesta segunda, com o hasteamento da bandeira cubana no departamento de Estado americano.
Depois do hasteamento da bandeira, um membro da guarda de honra de Cuba mostrou uma placa com o novo estatuto da representação.
Então, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, discursou para cerca de 500 pessoas no antigo edifício.
“Chegamos aqui graças a Fidel Castro”, afirmou o ministro, que disse que a histórica restauração de relações só fará sentido se os EUA acabarem com o embargo contra Cuba e devolverem a área da prisão de Guantánamo.
Ele também afirmou que Cuba está disposta a avançar na normalização das relações, mas sem abrir mão se sua independência e soberania.
Rodríguez viajou a Washington acompanhado por uma comitiva de pelo menos 30 pessoas e que incluiu a vice-presidente da Assembleia Nacional, Ana María Mari. Uma delegação de autoridades norte-americanas, que não se pronunciaram, liderada pela subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson.
Em seguida, Rodriguez, o primeiro chanceler cubano em Washington desde 1959, se reuniu com o seu colega americano, John Kerry, na sede do Departamento de Estado.
A seção de interesses dos Estados Unidos em Havana também assumiu oficialmente a condição de embaixada nesta segunda, apesar da cerimônia formal estar programada para as próximas semanas, quando o secretário de Estado americano John Kerry visitar o lugar e hastear a bandeira.
“Chegamos nesta manhã bem emocionados de ser uma embaixada de novo. Teremos um bom dia de trabalho aqui em Havana!”, postou o perfil da embaixada no Twitter. O prédio, construído em 1953 na famosa orla Malecon, foi fechado entre 1961 e 1977, quando reabriu como Seção de interesses.
Segundo a subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, a embaixada dos EUA em Havana funcionará em um ambiente restritivo, mas a situação é um progresso em relação ao status quo.
A monitorização rigorosa da polícia na frente do enorme edifício, será reduzida, enquanto a revista dos visitantes passará para as mãos dos americanos. Além disso, passará a valer a inviolabilidade da mala diplomática, segundo Jacobson.
Algo impensável há 10 meses, diplomatas americanos, assim como os seus homólogos cubanos em Washington, terão liberdade para circular em toda a ilha e se reunir com diversos setores da sociedade, sem a necessidade de autorização do governo.
‘Normalização’
O presidente cubano, Raúl Castro, definiu esta semana como a conclusão da “primeira fase” do processo de “normalização”, cujo principal objetivo é acabar com o embargo econômico contra Cuba, em vigor desde 1962.
Em 20 de julho “começará uma nova etapa, longa e complexa, no caminho para a normalização das relações, e que necessitará de vontade para encontrar soluções para os problemas que se acumularam ao longo de cinco décadas e que afetaram os laços entre nossos países e povos”, acrescentou.
A agenda bilateral é ampla: aviação civil, meio ambiente, luta contra o tráfico de droga, bem como o interesse dos educadores e empresários para aumentar o intercâmbio.
A aproximação representa o abandono da política de sanções praticada há décadas por Washington, e o reconhecimento de Havana das realidades econômicas do século XXI.
Repercussão
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, celebrou nesta segunda a retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba depois e disse que espera que este passo sirva “para superar o intervencionismo” dos Estados Unidos na América Latina.
“Felicitações, Raúl, felicidades aos Povos de Cuba e Estados Unidos (…) Viva Cuba!”, escreveu no Twitter Maduro, um aliado próximo do governo de Raúl Castro.
“Agora lutar para levantar o bloqueio criminoso contra Cuba e a superação do intervencionismo em nossa região, que ama sua Independência”, acrescentou o presidente, que em outra mensagem disse que “o mundo espera que este passo permita avançar em novas relações de respeito em termos de igualdade com Cuba e Nossa América”.
As relações entre Estados Unidos e Venezuela, que carecem de embaixadores desde 2010, estão tensas desde março, quando o presidente Barack Obama assinou sanções contra sete funcionários do governo venezuelano em um decreto que classificava a situação do país caribenho de ameaça aos Estados Unidos.
Fonte: G1