Perícia conclui reconstituição sobre morte de agente penitenciário
O laudo da reprodução simulada do crime que vitimou o agente penitenciário Joab Nascimento de Araújo Júnior, 30 anos, em maio deste ano, foi concluído e entregue a delegacia responsável pelo caso. A reconstituição aconteceu no dia 12 de junho, e seu resultado traz novidades para a investigação da morte do integrante da segurança pública.
A reconstituição do crime foi solicitada pela Delegacia de Homicídios, após a confirmação de que a perícia não foi acionada para examinar o local no dia do crime e após contradições nos depoimentos e nas acareações realizadas durante as investigações. A principal dúvida era saber o que cada uma das seis testemunhas e os três integrantes da guarnição do Bope presenciaram no local do fato, ocorrido em um bar localizado na rua Fernando de Barros, no Centro de Maceió.
Em 96 páginas, o perito da Força Nacional Ladislau Brito e os peritos do Instituto de Criminalística de Alagoas: Ana Márcia Nunes, Isabel Muniz, Camila Valença e Victor Portela, que atuaram integrados na realização da simulação, chegaram a varias conclusões.
A primeira delas é que todos os participantes afirmaram que durante a ação do Bope, o policial que abordava Joab verbalizou e repetiu diversas vezes os comandos de identificação da polícia e para ele colocar as mãos na cabeça e se levantar. Mas que o agente penitenciário não respondeu e nem colaborou com a abordagem.
Outra conclusão do laudo é que além dos policiais, somente uma testemunha afirmou durante a simulação ter visualizado o momento em que Joab foi atingido. Uma delas, inclusive, que em seu depoimento na delegacia havia afirmado ter visto, voltou atrás, depois que os peritos comprovaram que ela não teria viabilidade técnica para visualizar a ação, já que a mesma estava com o campo de visão obstruído por barreiras físicas, as quais impossibilitavam a visualização direta do salão.
Os peritos ainda afirmaram que as únicas versões apresentadas na reprodução que não demonstraram contradições com os depoimentos foram às versões da gerente do bar e dos policiais da guarnição. E eles concluem o documento dizendo que diante da ausência de elementos técnicos não foi possível afirmar se no momento da abordagem, Joab estava ou não com os braços levantados e se ele estava realmente com a arma na mão, como afirmam os integrantes do Bope.
Agente foi baleado dentro de bar
Para chegar a essas conclusões, os peritos basearam-se nos depoimentos, nas duas acareações e nas circunstâncias do ambiente durante a reprodução simulada. Para isso, eles utilizaram um recurso tecnológico, um software tridimensional que construiu vários croquis que mostraram no laudo, o posicionamento de todos dentro do bar no momento em que Joab foi atingido com um tiro.
Os peritos explicaram que apesar do inquérito já ter sido enviado ao Ministério Público indiciando o cabo da PM por homicídio doloso, sem o laudo da reprodução simulada, ele deverá ser juntado a peça investigatória. Até porque, a perícia realizada traz novos elementos e pode mudar a elucidação dos fatos, auxiliando de forma substancial o trabalho da Justiça.
Fonte: Aarão José/POAL