Albinos são “caçados” e têm membros arrancados por feiticeiros em país africano

catsHá sete anos, quando a noite caiu em Dar es Salaam, capital da Tanzânia, Miriamu Staford, agricultora de 25 anos, ansiava por horas de descanso, enquanto lia histórias para as irmãs mais novas dormirem. De repente, homens mascarados invadiram a cabana de barro, jogando luzes fortes nos olhos da moça e impedindo sua visão.

Foram momentos de horror e de dor quando eles iniciaram uma cena de selvageria. Um puxou o braço de Miriamu para cima, quando ela sentiu uma forte pontada abaixo do ombro. Era o movimento de um facão. Seu braço teve parte decepada e, posteriormente foi totalmente amputado já sem outra alternativa, no hospital. O outro conseguiu ser salvo.

Tal brutalidade é algo real no país africano, no qual feiticeiros mganga consideram encantadas partes de corpos de albinos, acreditando que elas trazem sorte e riqueza. As informações são do Daily Mail.

Há até um mórbido comércio elaborado pelo grupo tribal, que também assassina albinos em busca de negócios rentáveis. A pele do corpo é vendida a R$ 29.600,00; órgãos internos valem para eles R$ 320.500,00 e o corpo inteiro é negociado por R$ 641.000,00. O valor estipulado para um braço é de R$ 4.929,00 e para uma cabeça, R$ 9.859,00.

Os mgangas contratam caçadores para realizarem a tarefa. Uma mulher contou que teve o bebê arrancado de suas mãos por um desses contratados. Esses que deceparam o braço de Miriamu deixaram claro como a tarefa é horrenda, conforme ela contou, até sem fôlego, aliviada apenas porque suas irmãs correram para fora da casa e a porta do quarto dos pais ficou fechada.

— A lâmina era lancinante. Ele cortou e cortou. Sangue jorrou por toda a parte, meu braço foi arrancado por um idiota. Foi quando eu senti uma queimação e gritei de dor.

Mgangas, ou pajés, comandam esse negócio doentio, matando e decepando pessoas albinas para transformá-las em poção para clientes ricos.

A capital do país é um palco para a oferta de instrumentos utilizados nos rituais malignos: pele e ossos de serpente, dentes de porco-selvagem, crânio de cachorros e raízes são oferecidos em um mercado de feiticeiros em Dar Es Salaam.

Na África Oriental pessoas como Miriamu temem por suas vidas. Desde que ocorreu o primeiro assassinato documentado de um albino na Tanzânia, em 2006, as velhas crenças no oculto sofreram uma terrível transformação.

Até então, cabelos, unhas e urina de albinos bastavam, mas o incremento de crueldade levou os curandeiros sem escrúpulos a produzirem talismãs e poções mágicas com os braços, pernas, ossos, órgãos internos e genitais de albinos, quando não o corpo inteiro;

Esses comerciantes e curandeiros do mal já estão arrancando até crianças das mãos de mães desesperadas, que nada podem fazer para conter o ímpeto vil dos agressores.

Sophia Juma, 27 anos, viveu essa experiência horripilante ao perder uma filha de quatro anos, Pendo Emanuelle, que foi arrancada de seus braços pelos bandidos.

Ela teve outra filha, Tatu, que, assim como Pendo, tem albinismo. Sophia vive aterrorizada com medo de perder Tatu, de dois meses, a quem ela ainda amamenta. Ela desconfia de tudo e de todos, inclusive de vizinhos.

Sophia nunca mais viu Pendo. Ela só tem uma tranca simples em sua porta. Não há proteção policial. Só o medo prevalece. E uma inquietação:

— O que acontecerá se os homens voltarem?

Josephat Torner, na foto, é uma das pessoas que fazem campanha para colocar um fim a esse comércio nojento. Quando ele nasceu, a parteira aconselhou sua mãe a envenená-lo. Vizinhos acusaram a mãe de ter relações sexuais com um  espírito maligno, denominado ‘Tokolosh’.

Estudioso desse fenômeno, Torner, de 32 anos, explica que muitos pensam que os albinos mesmo são espíritos.

— Eles acreditam que nós não vamos morrer, que acabamos nos tornando cada vez mais pálidos até finalmente desaparecermos.

O drama no país é constante. Em 31 de janeiro de 2013, homens armados com lanças e facões cortaram fora o braço esquerdo de um menino albino e mataram seu avô de 95 anos que tentou protegê-lo. Poucos dias depois, na mesma área, invadiram uma casa para pegar um bebê albino de sete meses, mas foram contidos por vizinhos.

Nos últimos segundos, eles foram capazes de afastar os assassinos. Nessa época uma mulher albina foi dominada por cinco homens que cortaram seu braço esquerdo. Em um incidente similar, um menino albino de 10 anos de idade foi atacado no caminho para a escola e perdeu um braço.

Segundo a ONU, a Tanzânia é o país mais perigoso para os albinos em todo o mundo. Oficialmente, 156 foram atacados, mutilados ou mortos no país desde 2006. Há a convicção, porém, de que o número real é maior, já que muitos ataques não são relatados.

A grande maioria dos casos não foi resolvida, mas, nos últimos dois anos, relatórios de policiais em Mwanza, na margem sul do Lago Vitória, podem ser descritos como o roteiro de um filme de terror. Em todo o mundo, uma em cada 20 mil crianças nasce com albinismo. Na Tanzânia, o país com a maior taxa de albinismo no mundo, o número estimado é de uma em 1.400 crianças.

 

Fonte: R7

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