Marin não entra com recurso e fica preso na Suíça até julho
José Maria Marin desistiu de tentar aguardar em liberdade a decisão sobre se será ou não extraditado para os Estados Unidos e vai ficar preso na Suíça pelo menos até julho. Pessoas próximas ao vice-presidente da CBF, detido no dia 27 de maio em Zurique, informaram ao Estado que ele está bem de saúde e que tomou a decisão de aguardar uma iniciativa da Justiça americana antes de apresentar algum recurso.
Marin foi preso a pedido do governo dos Estados Unidos. Acusado de corrupção, poderá ser extraditado para que responda ao processo em Nova York. No indiciamento do Departamento de Justiça ele é citado como tendo recebido propinas para diversos torneios, entre os quais a Copa do Brasil e as edições de 2015, 2016, 2019 e 2023 da Copa América.
Inicialmente foi levantada a possibilidade de um pedido para que ele aguardasse o processo de extradição em um hospital, e também foi considerada a possibilidade de apresentar uma garantia financeira milionária para que ele pudesse sair da prisão.
Mas a estratégia legal acabou mudando diante de indicações dos suíços de que essas propostas não prosperariam e que acabariam fechando as portas para uma tentativa de real de barrar sua extradição. Esse seria seu principal objetivo, e não simplesmente aguardar em liberdade condicional a decisão sobre a extradição.
MENOS CONFORTO
Os norte-americanos têm até o dia 3 de julho para enviar oficialmente o pedido de extradição para a Justiça suíça. A partir daí é que Marin e seus advogados decidirão sobre como vão agir para evitar seu envio a uma prisão americana. Sua condição de saúde foi considerada como estável e sem a necessidade de transferência para um hospital.
Segundo fontes consultadas pelo Estado, existiria até mesmo a possibilidade de que o conforto no hospital fosse menor do que na cela em ele que se encontra na prisão na região de Zurique. Em muitos casos, presos que vão para hospitais precisam dividir quarto com outros doentes, não podem receber visitas e têm, 24 horas por dia, policiais na porta do quarto e ao lado da cama para fazer a vigilância e impedir que tentem fugir. Pessoas próximas a Marin também negam que ele tenha advogados enviados do Brasil e pagos por seu partido, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
No sistema legal suíço os advogados estrangeiros não podem atuar, e mesmo o governo brasileiro é obrigado a contratar um advogado local para que defenda o Estado em casos de crimes financeiros.
Estadão