‘Não serei entregador desta pizza’, diz presidente de CPI
O presidente da CPI do HSBC, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), não esconde sua frustração ao falar dos rumos que as investigações estão tomando. A comissão foi formada depois que arquivos vazados da filial suíça do HSBC mostraram a movimentação de mais de US$ 100 bilhões – parte desse valor, US$ 7 bilhões distribuídos em 5.549 contas, abertas por clientes brasileiros. Randolfe diz que os integrantes da CPI fazem jogo duro nas votações de quebras de sigilos e diz que a comissão sofre de paralisia.
“Diria que há um movimento de esvaziamento da CPI”, afirma o senador. “Pode levar ao naufrágio. Não vou aceitar que essa CPI, que propus, que acho que é uma das CPIs mais importantes da história brasileira, que é responsável pela provável evasão de divisas de US$ 7 bilhões, maior que o ajuste fiscal proposto pelo [ministro da Fazenda Joaquim] Levy, se transforme em pizza. E se for para se transformar em pizza, não serei o entregador dela”, criticou.
Segundo Randolfe, o principal entrave da CPI é que o grupo não consegue aprovar a quebra de sigilo bancário de nenhum investigado. “Este tem sido o principal problema da CPI”, reclama. “Estamos há três semanas sem nos reunir. Nos reunimos para apreciar quebra de sigilo bancário e sempre tem um problema para apreciar. Quando não é problema de quórum, alguém diz que não é o momento”, declara ele. “CPI não tem de ter medo de investigar e nós, nesse momento, estamos com medo de investigar”, dispara.
Nesta terça-feira (9), deverá ser ouvido Henry Hoyer, que chegou a ser citado na Operação Lava Jato como suposto substituto do doleiro Alberto Youssef na operação do propinoduto da Petrobras. “Espero tirar alguma coisa do depoimento dele. Se não tirarmos assim, talvez depois na apreciação da quebra do sigilo”, diz Randolfe, que admitiu que Hoyer poderá ficar em silêncio se assim preferir.
IG