CPI vai discutir violência contra jovens negros e pobres em Alagoas
A Assembleia Legislativa de Alagoas recebe, nesta segunda-feira (18), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a violência contra jovens negros e pobres. A CPI vem ao estado ouvir relatos de integrantes da comunidade, movimentos sociais, pessoas envolvidas no tema, além de autoridades da área de segurança pública e direitos humanos, a fim de subsidiar os trabalhos da comissão.
Uma das instituições convidadas a participar das discussões é a Secretaria de Prevenção Social à Violência, que foi criada pelo governador Renan Filho de forma estratégica para atuar em situações antecipatórias que garantam a prevenção à violência no estado. A pasta é responsável pela Rede Acolhe, que no trabalho de assistência aos dependentes químicos recebe, em sua maioria, jovens negros e pobres.
“Quando soubemos da CPI em Alagoas, nos colocamos, imediatamente, à disposição. Os nossos números na Rede Acolhe confirmam ainda mais a necessidade de políticas preventivas focadas no público juvenil, mais diretamente voltadas para negros e pobres em Alagoas. Nossos serviços e equipamentos que estão sendo estruturados levam em consideração um sério diagnóstico a ser feito na comunidade. E não temos dúvidas de que esse diagnóstico nos levará a oferecer melhores condições a esta juventude”, afirmou o secretário de Prevenção Social à Violência, Jardel Aderico.
A audiência pública está marcada para começar às 15h, na sede da Assembleia Legislativa de Alagoas. Da Comissão Parlamentar devem estar presentes o presidente, o deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), a relatora, a deputada Rosângela Gomes (PRB/RJ), e o deputado e delegado Edson Moreira (PTN/MG), que integra a CPI.
A CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres foi constituída no dia 20 de março deste ano, com objetivo de apurar as causas, razões, conseqüências, custos sociais e econômicos da violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no Brasil. Os integrantes da CPI já estiveram nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro. Depois de Alagoas, eles seguem para São Paulo, onde está convocada uma audiência pública para o dia 25 deste mês.
Levantamento
No fim do ano passado, o Núcleo de Pesquisa Permanente do Centro de Educação Profissional e Superior Santa Maria Madalena (Cenfap) analisou os dados da Rede Acolhe entre os anos de 2010 a 2014.
O levantamento de 8.435 fichas mostra que 67% dos acolhidos (5.620) possuem entre 10 e 30 anos de idade. Em relação à etnia, 79% são pardos e negros (6.657). E quando questionados sobre a escolaridade, a grande maioria, 63% (5.290), afirmou ter o Ensino Fundamental Incompleto.
Os pesquisadores também levantaram o histórico forense dos acolhidos e os números mostram que 51% cometiam roubos/furtos, traficavam drogas, vendiam objetos de casa ou objetos pessoais.
Agência Alagoas