Médico e mulheres listam motivos para trocar o absorvente comum pelo coletor menstrual
Já ouviu falar do coletor menstrual? O copinho virou centro das atenções após cair nas graças das mulheres e fazer sucesso na Internet. O “instrumento” é uma peça de material hipoalergênico que é inserida na vagina durante o período menstrual e coleta todo o sangue. A descrição faz parecer mais estranho do que é, mas a verdade é que o coletor tem muitas vantagens.
Vale lembrar que nem todas as mulheres são compatíveis com o coletor. O médico Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra, disse que há pessoas que podem ter alergia ao material, apesar de ser hipoalergênico. Além disso, não aconselha o uso para quem tem o fluxo muito intenso, — apesar de algumas mulheres com menstruação muito forte relatarem gostar de usar — pois precisará esvaziar o potinho com mais frequência.
— Não é indicado também para mulheres que apresentem algum problema na anatomia vaginal – como um posicionamento diferenciado do colo do útero ou de alguma glândula, como por exemplo a de Bartholin -, ou qualquer coisa que possa impedir a colocação adequada do coletor pois, caso fique torto, pode acabar vazando.
Por isso, antes de adquirir seu coletor, pesquise bem e converse com o seu médico. Agora, veja as vantagens de trocar o absorvente comum pelo coletor menstrual e apaixone-se também pelo copinho.
Fácil de colocar
Há várias maneiras de colocar o coletor. Como o médico disse, é possível que o seu corpo não se adapte, mas é importante encontrar uma maneira confortável de fazê-lo. Várias meninas relatam que demoraram cerca de dois ciclos para adaptar-se. Outras, se acostumaram na hora. Marcela Villalva Braga, moderadora do grupoColetores Brasil no Facebook, que tem mais de 20 mil membros, disse que para ela foi superfácil.
— A adaptação foi imediata! Assim que chegou, testei a colocação e retirada. Consegui tranquilamente. Tive problemas solucionados rapidamente com a haste e com a formação da vedação, mas logo no primeiro dia já foi resolvido.
— O procedimento de inserção é simples: a mulher ergue uma perna, geralmente em cima do vaso sanitário, e introduz o coletor dentro da vagina, utilizando os dedos indicador e polegar — orienta Domingos.
Na colocação, o copinho forma um vácuo que impede vazamentos.
Economia e meio-ambiente
Comprar absorventes é um gasto bem grande. Todo mês é preciso desembolsar muito dinheiro com eles, que ainda são descartados e formam uma pilha gigante de lixo na natureza. Com os copinhos, isso muda bastante. Eles custam, em média, R$ 70, mas duram muito mais do que um absorvente. Se bem cuidado e guardado em lugar arejado, a média é de cinco a dez anos.
Alice Reis, estudante de psicologia de 21 anos, contou que é muito mais ecológico.
— É mais higiênico, não polui o meio ambiente e me faz entrar mais em contato com o meu próprio corpo.
Marcela falou sobre economia.
— Desde que comprei meu primeiro coletor, nunca mais adquiri nenhum tipo de absorvente descartável. Uma grande economia! Acho as vantagens todas as possíveis. A economia, higiene, alergias que não tenho mais, o cuidado com o meio ambiente.
A assistente social Fernanda Vicari, de 34 anos, falou que se sente bem melhor usando o coletor.
— Antes de usá-lo, já o pensava como algo maravilhoso. Agora que usei, penso que temos que difundir tanto quanto possível. As vantagens vão desde o custo/benefício que é fantástico, mas especialmente por ser sustentável. Quando penso que ao longo dos meus 34 anos, já menstruo há 22, e que todo este tempo produzi resíduos que muito provavelmente nem se decompuseram ainda, fico muito chateada, chocada com isso.
Odor
Muitas mulheres, ao menstruar, reclamam do odor forte que o sangue tem. Porém, na verdade, ele só tem esse cheiro quando é usado o absorvente descartável. Todas as meninas relataram que o cheiro sumiu com o uso do copinho. Michelle Bernardes, estudante de nutrição de 21 anos, falou sobre o assunto.
— As vantagens são diminuir o gasto com absorventes, não ter mais candidíase devido ao uso do absorvente interno, não tem mais mau cheiro nas trocas e meu fluxo é menor do que eu imaginava quando usava absorventes.
Alice comentou o odor.
— É só o sangue ali, já até cheirei para ver se era ruim. Não é. Não é mais desagradável a menstruação.
Conhecer o corpo
— Descobri que meu colo do útero sobe ou desce antes e durante a menstruação, enfim, é um autoconhecimento — conta Michelle.
A própria colocação do copinho já faz com que você entenda o corpo. A vlogueira Julia, conhecida como Jout Jout, em vídeo sobre o assunto falou que é preciso conhecer o próprio corpo, pegar o espelhinho e ver tudo mesmo.
A motorista de caminhão Elaine Bueno, de 38 anos, revelou que a sua vida mudou.
— Eu usava absorventes internos por ter fluxo intenso, principalmente no segundo e terceiro dias. Com quatro ciclos usando o copinho, meu fluxo diminuiu consideravelmente. Não preciso ir ao banheiro toda hora para estar mais segura, já cheguei a passar 18h com meu coletor e até já esqueci que estava menstruada. Fora que as cólicas, que também não existem mais.
— O coletor me ajudou a me conhecer fisicamente, pois é preciso saber onde colocar direitinho e pra isso, explorar a si mesma. E também ajudou a ter uma relação de amizade com o meu corpo, a entender os sinais dele – destacou Marcella
Sem nojo da menstruação
Já passou da hora da menstruação deixar de ser um tabu. As mulheres passam por isso e ter nojo da situação só piora. Por isso, o coletor ajuda. Ele faz com que a menina entre em contato com o próprio sangue.
— Conhecemos melhor o nosso corpo e começamos a lidar de uma forma mais amorosa com a menstruação. Conheço melhor meu ciclo, sei o volume do meu fluxo que não é tão grande assim. Aprendi a gostar da minha menstruação — contou Elaine.
Há vários tipos
Se você não se adaptou com o coletor que comprou de jeito nenhum, paciência. Há vários modelos disponíveis no mercado. Por isso, é importante conhecer o próprio corpo.
— Comprei o primeiro que vi e foi frustrante. O tamanho e rigidez não era adequado à minha anatomia. Descobri alguns canais sobre coletor no YouTube e tive algumas informações no Facebook. O site de compra traz algumas informações, mas não tão específicas quanto o relato de outras usuárias. Nenhum médico me ajudou. A primeira tentativa foi tranquila, tive medo de não conseguir tirar. Tive problemas de vazamento até o quinto ciclo, só depois de achar o coletor ideal que os vazamentos cessaram. Tive problemas com tamanho, rigidez e a haste do coletor, mas isso foi tranquilo depois que cortei e achei o tamanho e rigidez ideal. Só uso o coletor hoje — revelou Michelle.
Higiene
Na Internet, muitas moças aconselham ferver o coletor entre os ciclos. O médico Domingos Mantelli orienta que também se lave com sabão neutro e água durante o ciclo.
— A mulher retira o coletor, joga o sangue fora, lava com água e sabão neutro, deixa secar ao ambiente e, depois, o reintroduz.
Prático
Elaine é motorista de caminhão. Ela é a prova viva de que o coletor é superprático.
— Viajo muito, todos os dias praticamente, então o coletor me trouxe muito mais segurança ao me levantar do banco do caminhão. Sem meleca, sem constrangimentos.
Para quem não usa, é mesmo difícil imaginar como o copinho pode ser prático. Mas é só imaginar: não precisa jogar absorvente fora e não há odor ruim.
A assistente social Fernanda usa o coletor há dois meses. Ela, que é uma pessoa com deficiência física, contou que não teve problemas para se adaptar ao copinho.
— Sendo uma mulher com deficiência, e querendo utilizar o coletor busquei entender se seria possível colocar sentada ou deitada, devido a Distrofia Muscular que tenho não permitir que eu fique em pé. As gurias do grupo do Facebook falaram que era muito tranquilo colocar nas posições citadas, então, esta que era minha maior dúvida foi respondida. Minha deficiência não trouxe nenhuma dificuldade quanto a utilizar o coletor. Acredito que por eu ter uma relação muito tranquila com meu corpo, minha adaptação foi ótima, e agora, já recomendo a todas que utilizem.
Quebra tabus
A jornalista Joyce Copstein, de 29 anos, disse que muitas pessoas falaram que o coletor é nojento.
— Já ouvi algumas pessoas dizendo que era nojento. Penso para mim mesma: nojento é andar por aí usando algodão com sangue oxidado (risos). Mas entendo que, infelizmente, vivemos numa sociedade em que a menstruação e o corpo feminino são tabus, encarados como sujos. Então, muita gente tem medo e repulsa de pensar e mexer nesses assuntos. Mas, na verdade, do ponto de vista biológico são duas coisas perfeitamente naturais.
Médicos aprovam
— É um método totalmente seguro, e que se apresenta como uma boa alternativa às mulheres que não querem utilizar o absorvente. O coletor é inserido na vagina durante o período menstrual, o sangue fica armazenado dentro dele e a mulher o retira para lavar quando percebe que precisa ser esvaziado. É feito de material plástico, flexível, emborrachado e hipoalergênico. Na verdade, eu não aconselho a troca, apenas indico o coletor vaginal como uma opção a mais para as mulheres, em lugar do absorvente. Até porque, é também muito mais barato, já que o coletor pode ser reutilizado por muitas e muitas vezes, enquanto que o absorvente tem que ser comprado todo mês — diz Domingos.
Excelente matéria!!!! Bastante realista e esclarecedora!!!
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