Público do Cine PE vaia homenagem a Eduardo Campos e constrange ex-primeira dama
A homenagem ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos no Cine PE ocorreu sob vaias na noite do domingo, no Cinema São Luiz. Parte expressiva da plateia se manifestou de forma contundente e constrangeu a viúva e ex-primeira dama Renata Campos, o govenardor Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio. A apresentadora Graça Araújo precisou intervir. “Muito inapropriada essa atitude. Quem não quiser aplaudir, deve permanecer em silêncio, por favor”, disse a apresentadora, respondida com mais vaias.
Renata Campos subiu ao palco para receber o tributo, acompanhada de quatro dos cinco filhos (Maria Eduarda, com o caçula Miguel nos braços, João Henrique e Pedro Henrique). Os dois rapazes se pronunciaram em nome da família, agradecendo a Sandra e Alfredo Bertini, organizadores do festival, pela homenagem. Pedro mencionou as vaias em discurso: “A pedido de um professor da faculdade, vi uma vez a um filme que tecia profundas críticas ao posicionamento polítco do meu pai. E isso faz parte. Me ensinou duas coisas. A primeira é que a cultura pernambucana deve estar acima de qualquer indisposição ou intriga. E a segunda é que, para ser um grande líder, como foi meu pai, é preciso estar disposto a conviver com aplausos e vaias, elogios e críticas.” Ele não foi vaiado. Um grito de “resiste, Estelita” ecoou pela sala e gerou novos aplausos.
No lugar do intervalo habitual entre os curtas e longas-metragens, mais homenagens. A memória do escritor Ariano Suassuna e do ex-governador Eduardo Campos foram celebradas com vídeos produzidos em parceria com o Canal Brasil e com a entrega do troféu Calunga de Ouro às famílias dos prestigiados.
Ao contrário do primeiro dia da programação do Cine PE 2015, não houve reclamação de atrasos. Na fila mediana, que fluía tranquilamente, o público comprava ingressos – ainda disponíveis – na bilheteria e, em seguida, se dirigia às poltronas do Cinema São Luiz, no Centro do Recife. Não houve queixas ou atropelos na entrada do festival.
Às 19h15, a mediadora, a jornalista Graça Araújo, já anunciava no palco o roteiro que se desenrolaria a seguir. Abriu a ocasião com homenagem a cinco mestres locais do barro e da cerâmica, com exibição de vídeo reunindo depoimentos de cada um – entre eles, Horácio e Antônio Rodrigues, além de Severino Vitalino, filho do Mestre Vitalino, de Caruaru.
Entre os momentos mais festejados da noite, destacaram-se a exibição do curta de animação Salu e o cavalo marinho, estreia da diretora e roteirista Cecília da Fonte – este foi, de longe, o título mais aplaudido da noite – e, ainda, a entrada do ator Lázaro Ramos, ao lado do diretor Lula Buarque de Holanda, para introduzir o longa carioca O Vendedor de passados. “Eu não costumo falar em festivais onde são exibidos filmes dos quais participo. Mas no Recife eu preciso soltar minha voz. Essa é uma terra que me acolheu quando saí da Bahia e morei por algum tempo aqui, numa época de grande efervecência cultural. Tenho um carinho tão grande por Pernambuco que vocês nem sabem”, falou o ator, que protagoniza o filme ao lado de Aline Moraes.
Diário de Pernamnbuco