Cerca de 20 países reconhecem o ‘genocídio armênio’; Turquia nega
O chamado genocídio armênio, ocorrido entre 1915 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, é reconhecido por cerca de 20 países, incluindo Argentina, Uruguai, França, Suíça, Rússia e o Parlamento Europeu.
Os armênios afirmam que até 1,5 milhão de pessoas foram mortas entre 1915 e 1917 nos massacres realizados pelo Império Otomano, precursor do atual Estado turco, durante a Primeira Guerra Mundial.
Ancara insiste que não houve um plano de extermínio da população armênia e que se tratou de um conflito civil, no qual morreram entre 300 mil e 500 mil armênios, mas que houve a mesma quantidade de vítimas turcas.
Papa
No último dia 12, o Papa Francisco utilizou o termo “genocídio” para descrever os massacres de armênios iniciado há um século, provocando a reação imediata da Turquia, que afirmou que a opinião do pontífice é “infundada”.
João Paulo II já havia utilizado o termo na declaração conjunta e o próprio Francisco fez o mesmo antes de ser nomeado papa em 2013. Mas esta é a primeira vez que um chefe da Igreja Católica usa a palavra em público.
O primeiro país do mundo a reconhecer o genocídio armênio foi o Uruguai, em 1965. Seguiram o exemplo, entre outros, os parlamentos da Rússia (1994), Holanda (1994), Grécia (1996), França (2001), Itália (2001), Suíça (2003), Canadá (2004), Argentina (2005), Suécia (2010) e Bolívia (2014).
A Áustria deu um primeiro passo simbólico em termos de reconhecimento quando o Parlamento fez, nesta quarta-feira (22), um minuto de silêncio em memória do genocídio armênio, pela primeira vez em um país que em outros tempos foi aliado do Império Otomano, e onde esse termo jamais havia sido usado oficialmente.
Já a Alemanha, outro aliado do Império Otomano, reconheceu o genocídio pela primeira vez nesta quinta-feira (23). O presidente Joachim Gauck usou o termo durante cerimônia em homenagem às vítimas realizada em Berlim e ainda destacou a “corresponsabilidade” alemã no crime.
“Nós também devemos, nós alemães, fazer o nosso trabalho de memória”, declarou, referindo-se à “corresponsabilidade e, potencialmente, até mesmo cumplicidade (da Alemanha) no Genocídio Armênio”, disse na véspera do centenário.
Países que negam
Por outro lado, vários países sancionam a negação do fato, como Suíça e Eslováquia.
Em dezembro de 2013, em uma decisão revisada atualmente, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) considerou que processar e condenar alguém por negar o genocídio armênio constituía um atentado contra a liberdade de expressão.
Os Estados Unidos, por sua vez, evitam falar em genocídio. Em 2008, o candidato Barack Obama prometeu reconhecer o genocídio armênio, mas até agora nunca utilizou o termo.
O secretário da presidência americana Denis McDonough e o assessor de Obama para política externa Ben Rhodes se reuniram nesta semana com representantes da comunidade armênia dos Estados Unidos para discutir sobre o centésimo aniversário do massacre, mas não mencionaram a palavra genocídio.
Em abril de 2014, Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro turco, apresentou as condolências de seu país “aos netos dos armênios assassinados em 1915”.
Em janeiro de 2015, Erdogan, agora presidente, declarou que a Turquia estava “pronta para pagar o preço” se fosse reconhecida culpada por historiadores independentes.
Dias antes da recordação do centenário, o novo premiê Ahmet Davutoglu afirmou que seu país compartilha o sofrimento dos filhos e netos dos armênios mortos sob o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial e expressou a eles suas condolências.
Atualmente, 3,2 milhões de armênios vivem na Armênia, e a diáspora é calculada em mais de oito milhões de pessoas, que residem agora nos Estados Unidos, Oriente Médio, França, Canadá e América Latina.
G1